Astrónomo, cosmólogo, astrofísico, astrobiólogo, professor e autor, Carl Sagan (9 de Novembro, 1934 – 20 de Dezembro, 1996) é capaz de ser a figura mais popular no que respeita à ciência. Os seus ensinamentos chegaram a milhões de pessoas através dos seus inúmeros artigos publicados em jornais, revistas e das suas participações em programas televisivos.
Neste aspecto, Carl Sagan é mais conhecido pelo grande público pela sua colaboração com a estação televisiva PBS na criação da série televisiva “Cosmos” de 1980. A série acabaria mesmo por arrecadar uma série de prémios, entre eles um Emmy e um Peadbody, tornando-se a série televisiva mais vista em toda a história da televisão pública. Seria vista por mais de 500 milhões de pessoas em mais de 60 países. O livro que acompanha a série marcou presença na lista de bestsellers da New York por um período de 70 semanas, tornando-se o livro de ciências publicado em inglês que mais cópias vendeu.
Para além do seu contributo no ramo televisivo, Carl Sagan é conhecido no ramo científico pelas suas pesquisas a nível de vida extra-terrestre, e pelas suas diversas experiências no que se refere à produção de aminoácidos a partir de produtos químicos por radiação.
De entre os seus mais notáveis contributos para a comunidade científica, Carl Sagan fez parte do restrito grupo de cientistas que reuniram as primeiras mensagens físicas enviadas para o espaço. A Placa Pioneer e o Voyager Golden Record continham mensagens universais suscetíveis de serem entendidas por qualquer tipo de inteligência extra-terrestre que possa encontrá-las.
Percurso académico
Carl Edward Sagan nasceu a 9 de Novembro de 1934, em Brooklyn, Nova York. Licenciou-se em Física em 1955 através da Universidade de Chicago, especializando-se na mesma área mediante a conclusão do seu mestrado em 1956. Concluiria o respetivo doutoramento em astronomia e astrofísica em 1960 na mesma universidade. Foi professor na Universidade de Harvard nos inícios dos anos 60, e, no final da década, mudou-se para a Universidade de Cornell.
Um verdadeiro pioneiro no campo de exobiologia, regeu as disciplinas e departamentos de astronomia e de ciências espaciais, sempre promovendo o pensamento crítico e a aplicação do método científico junto dos seus alunos.
Colaboração com a NASA
Carl Sagan teve um papel de destaque em várias expedições espaciais dirigidas pela NASA, em particular as expedições Mariner, Viking, Voyager e Galileo. Na sequência do seu contributo, Carl Sagan viria a receber várias condecorações, mormente a medalha por Excecionais Feitos Científicos da NASA, duas medalhas por Serviço Público de Destaque e ainda o Prémio Projeto Apolo da NASA.
De entre as suas pesquisas, notabilizaram-se a análise feita ao efeito de estufa em Vénus, relativamente ao qual concluiu que as altas temperaturas da superfície do planeta podiam estar associadas à forte emissão de gases, causando um agravamento do efeito.
De igual forma formou a sua conclusão à volta de poeiras movidas por vento como uma explicação para as mudanças de estação em Marte. Determinou a descoberta de aerossóis orgânicos em Titã, a lua de Saturno. Analisou as possíveis consequências a longo-prazo em resultado de uma eventual guerra nuclear e em geral procedeu a extensivos estudos sobre a origem da vida na Terra.
Honras e distinções
No mês de Outubro de 1994, foi organizado um simpósio patrocinado pela Universidade de Cornell em honra do sexagésimo aniversário de Carl Sagan. O evento, que teve a duração de dois dias, contou com a presença de notáveis oradores das mais diversas áreas, abordando temas tão diversos como a exploração planetária, a vida no âmbito do cosmos, a educação científica, bem como a gestão de políticas públicas e regulamentação governamental quanto à ciência e ao ambiente. Todas estas áreas refletiam contributos e áreas de interesses que Carl Sagan havia trabalhado no decorrer da sua carreira.
Para além dos diversos reconhecimentos e honras prestados pela NASA, Carl Sagan foi recipiente de outras inúmeras honras e prémios. Recebeu 22 diplomas honorários de várias faculdades e universidades americanas com vista a premiar os seus importantes contributos para o ramo da ciência, literatura, educação e preservação do ambiente. Recebeu, igualmente, uma série de distinções pelo seu contributo e análise às possíveis consequências a longo-prazo de guerra nuclear e na divulgação da consciência envolta à necessidade de reverter e abrandar a corrida ao armamento nuclear.
De entre outras distinções e prémios recebidos por Carl Sagan, destacam-se o Prémio de Astronáutica John F.Kennedy da Sociedade Astronáutica Americana; a Medalha Konstantin Tsiolkovsky concedida pela Federação Cosmonáutica Soviética e o Prémio Masursky da Sociedade Astronómica Norte-Americana. Foi igual destinatário da mais elevada distinção concedida pela Academia Nacional de Ciências, a Medalha pelo Bem-Estar Público, condecorando as suas notáveis contribuições para o bem da humanidade.
Cargos e responsabilidades
Carl Sagan seria também eleito presidente do Departamento de Ciências Planetárias da Sociedade Astronómica Americana, presidente da Seção de Planetologia da União de Geofísica Americana e presidente da Seção de Astronomia da Associação Americana para o Progresso da Ciência.
No decurso de 12 anos, foi o editor de Icarus, a principal revista dedicada a investigação e pesquisa planetária.
Foi igualmente co-fundador da Sociedade Planetária, uma organização composta por mais de cem mil membros, e em pacificamente reconhecida como a maior organização em torno da investigação espacial. Esta sociedade foca o seu contributo no apoio a programas de investigação por via radiofónica por vida inteligente extra-terrestre, bem como assenta uma forte ação na investigação e pesquisa de asteroides em rota com a Terra. Juntamente com as agências espaciais francesa e russa, a sociedade visa igualmente o alcance do desenvolvimento da exploração robótica por meios móveis ou por intermédio de balão a Marte.
Carl Sagan foi igualmente laureado como Cientista Visitante Notável junto do Laboratório de Propulsão a Jato na Califórnia.
Trabalhou como editor e colaborador oficial para a revista Parade, onde publicaria uma série de artigos sobre ciência e sobre a doença que acabaria por assombrar os seus dois últimos anos de vida.
Falecimento
Em 20 de Dezembro de 1996, Carl Sagan faleceria aos 62 anos de idade, vítima de uma pneumonia, no Centro de Pesquisas Cancerígenas Fred Hutchinson, em Seattle, Washington. Foi enterrado no Cemitério Lakeview em Ithaca, no Condado de Tompkins, em Nova York.