Teoria da segmentação de mercados

A teoria da segmentação de mercados defende que os investidores vão adquirir títulos com maturidade muito próxima ao prazo dos seus recursos.

Em que consiste a teoria da segmentação de mercados?

Segundo esta teoria os investidores têm as suas preferências relativamente ao prazo dos títulos bem definida, estes vão adquirir títulos com maturidade muito próxima ao prazo dos seus recursos. Este comportamento dos investidores deve-se à sua necessidade de cobertura do risco, esta surge devido à impossibilidade da previsão das taxas de juro futuras. É este comportamento dos agentes económicos que determina a “segmentação dos mercados”. Posto isto, dificilmente um agente económico sairá do seu segmento para outro, fazendo com que os títulos de maturidades diferentes sejam negociados, separadamente, em mercados distintos. Logo, a taxa de juro será definida, independentemente, em cada um dos segmentos, podendo assim haver alguns desequilíbrios entre as taxas.

Relação com a estrutura temporal das taxas de juro

De acordo com a teoria da segmentação de mercados, a estrutura de prazo das taxas de juro é determinada pela oferta e procura de títulos de cada um dos segmentos, sendo que considera o papel das expectativas irrelevante. Uma vez que a oferta e a procura de títulos de uma determinada maturidade são pouco ou nada afetados pelo preço dos títulos das maturidades vizinhas, não há razão para os prémios de risco crescerem com a maturidade dos títulos.

Limitações da teoria

As grandes limitações da teoria da segmentação dos mercados são que esta não tem em conta o papel das expectativas na determinação da estrutura de prazo das taxas de juro e que não admite a possibilidade de as taxas de juro subirem tanto num determinado setor que se torne vantajoso, assumir o risco da operação, e o investidor trocar o seu segmento preferido por outro com maior taxa de retorno. Esta teoria vê o mercado segmentado entre investidores de diferentes horizontes. Imaginemos uma economia onde os investidores essencialmente querem imunizar as suas carteiras. Neste caso, ativos e passivos devem ter a mesma duração, e os investidores vão procurar obrigações que lhes permitam isso. Isto significa que um banco comercial, por exemplo, sempre investirá em obrigações de curto prazo, pois querem equilibrar a duração dos seus depósitos, tipicamente de curto prazo. Por razões similares, um fundo de pensões investirá em obrigações de longo prazo. No cruzamento da procura e da oferta de obrigações com diferentes maturidades é que se vai desenhar a forma da estrutura temporal das taxas de juro. Se os investimentos vierem de fundos para bancos comerciais, haverá uma pressão para subida nas taxas de longo prazo e um pressão para descida nas taxas de curto prazo.

Nesta perspectiva a estrutura temporal das taxas de juro é moldada, não pelas expectativa dos mercados sobre o movimento futuro das taxas de juro, nem pela estrutura dos prémios de liquidez, mas pelos movimentos dos fluxos de investimentos entre instituições financeiras e pela intensidade e natureza dos investimentos económicos.

Esta teoria reflete e está intimamente relacionada com a eficiência dos mercados. Se a estrutura temporal das taxas de juro é determinada não de maneira a optimizar a riqueza dos investidores, qualquer especulador poderá tirar proveito disso. Imaginemos que temos todas as informações no mercado consistente com uma queda das taxas de juro.

No entanto, a estrutura é crescente, pois é determinada por procura e oferta baseada em imunização. Neste caso, as rendibilidades esperadas das obrigações de longo prazo serão maiores do que as das obrigações de curto prazo. Os especuladores deveriam nesse caso aumentar a procura de obrigações de longo prazo para se aproveitarem dessas rendibilidades em excesso, pressionando o seu preço para cima, reduzindo a sua rendibilidade esperada até aos níveis esperados pelo mercado.

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References:

Mota, António Gomes (2012). Finanças da Empresa – da teoria à prática. 5ª Ed. Lisboa: Edições Sílabo.

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