Estrutura temporal das taxas de juro

A estrutura temporal das taxas de juro consiste numa explicação para a forma como a variação das taxas de juro ao longo do tempo são incorporadas nos ativos.

Conceito de estrutura temporal das taxas de juro

A estrutura temporal das taxas de juro consiste numa explicação para a forma como a variação das taxas de juro ao longo do tempo são incorporadas nos valores mobiliários, como por exemplo, obrigações.

Apresenta-se sob a forma de uma curva composta pelas yields implícitas, ou seja, a taxa de rendibilidade esperada para o valor de obrigações transacionadas, como função das suas diferentes maturidades. Essa estrutura é usualmente inferida a partir de uma classe de obrigações similares, do ponto de vista do risco de incumprimento e de exposição fiscal. Para esse efeito é usual utilizar Obrigações do Tesouro (OT), uma vez que são consideradas isentas de risco de incumprimento.

O formato de curva advém da ligação do conjunto de pontos obtidos por uma expressão funcional, como se se tratasse de uma regressão. Essa forma depende de alguns parâmetros que, uma vez estimados, darão uma imagem do comportamento das taxas de desconto futuras, implícitas nos preços. Essa imagem pode ser crescente, sugerindo que as taxas de juro vão subir, decrescente, sugerindo o oposto, ou de comportamento misto, incluindo partes crescentes e partes decrescentes.

Esta curva é um instrumento de capital importância para os gestores de carteiras que contenham obrigações e outros títulos de dívida, uma vez que, conseguem otimizar a combinação risco/retorno da carteira se conseguirem colocar a carteira num ponto ótimo da curva. Por exemplo, se lidar com uma curva decrescente para os primeiros cinco anos que se estabiliza relativamente dessa maturidade em diante, deveria concentrar a sua carteira em obrigações com maturidades inferiores a cinco anos.

Na gestão de carteiras existem duas questões cruciais: (i) dever-se-à concentrar a carteira em obrigações de curto prazo, de modo a aproveitar melhor as yields mais elevadas, e (ii) até que ponto deve a carteira estar concentrada. Essas decisões não são lienares. Por exemplo, uma curva decrescente é normalmente consistente com expectativas de mercado de declínio nas taxas de juro no futuro. Se tal acontece significa que os preços dessas obrigações vão subir. Embora neste exemplo o valor das obrigações de longo prazo seja determinado hoje para dar um rendimento médio durante a sua vida, esse não será, necessariamente, o seu rendimento se revendidas no curto prazo. Para se estimar a curva num dado instante é necessário utilizar dados do mercado.

Teorias explicativas da estrutura temporal das taxas de juro

As teorias explicativas da estrutura temporal das taxas de juro situam-se em torno da relação entre aquela estrutura temporal e as taxas de desconto futuro que nelas estão embutidas.

Existem três fatores podem influenciar a forma da estrutura temporal das taxas de juro: (i) o que o mercado espera em relação aos futuros movimentos das taxas de juro; (ii) a possibilidade de prémios de liquidez; (iii) alguma relativa ineficiência dos mercados de rendimento fixo.

Assim, nascem quatro teorias explicativas da estrutura temporal das taxas de juro comumente aceites: (i) teoria das expetativas de mercado, (ii) teoria da preferência pela liquidez e (iii) teoria da segmentação de mercado, (iv) teoria do habitat preferido.

O papel das expectativas

Se estivermos na presença de mercados eficientes, pelo menos, na sua forma semi-forte, a estrutura temporal das taxas de juro refletirá a melhor estimativa do comportamento futuro das taxas de juro. Por isso, esta curva tem, fundamentalmente, três aplicações: (i) extrapolar as expectativas dos agentes respeitantes à evolução do ciclo económico real e da inflação, (ii) meio para avaliar o preço dos derivados sobre taxas de juro, (iii) arbitragem.

Em conclusão, a estrutura temporal das taxas de juro fornece informações fulcrais e indispensáveis aos agentes económicos sobre as tendências futuras das taxas de juro e, em consequência, que a sua estimação é de elevada importância, em especial para muitas organizações envolvidas na gestão de ativos.

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References:

Ferreira, Domingos (2008). Swaps e Derivados de Crédito. 1ª Ed. Lisboa: Edições Sílabo.

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