Conceito de estrutura de capital
Entende-se por estrutura de capital a forma como uma empresa se financia e a forma como aplica os capitais, isto é, se se financia através de capitais próprios ou capitais alheios. e se aplica mais em bens de investimento de maturidades elevadas ou em bens circulantes de maior liquidez.
A procura de uma estrutura ótima de capital é um dos grandes desafios da gestão financeira, em que o objetivo é minimizar o custo total de financiamento e, simultaneamente, maximizar o valor do investimento para os acionistas/sócios. As grandes questões que se colocam são: Qual será a relação entre a estrutura de capital e a rendibilidade das empresas? Serão mais rentáveis as empresas que recorrem a capitais próprios ou as que recorrem a capitais alheios?
Ao longo do ciclo de vida de uma empresa, esta precisa de financiamento para o exercício da sua atividade e para a realização de investimentos. Para dar resposta a estas necessidades de financiamentos, a empresa pode recorrer a uma combinação de capitais próprios, capitais alheios e instrumentos híbridos. Será a proporção utilizada de capital próprio e de capital alheio que determinará a estrutura de capital da empresa. A questão está em determinar qual a proporção ótima, isto é, qual a proporção entre capitais próprios e capitais alheios (tendo em contas as aplicações ou investimentos) mais favorável que permite maximizar o valor da empresa, tendo em conta uma determinada rendibilidade e um determinado risco.
Modelos teóricos sobre a estrutura de capital
A importância da estrutura de capital é de tal ordem que ao longo do tempo têm surgido inúmero estudos e teorias explicativas que procuram identificar para cada caso concreto a estrutura ótima de capital. Os primeiros grandes impulsionadores das teorias da estrutura ótima de capital foram os economistas Franco Modigliani e Merton Miller, quando em 1958 publicaram o artigo «The Cost of Capital Corporate Finance and Theory of Investiment». Baseando-se na teoria económica das finanças empresariais, Modigliano e Miller recorreram ao conceito de equilíbrio de mercado de arbitragem, em que o valor de mercado de uma empresa seria independente da sua estrutura de capitais, tendo demonstrado que empresas idênticas tinham o mesmo valor independentemente do seu financiamento se efetuar através de capitais próprios ou pelo recurso à dívida.
Estas conclusões foram alvo de várias críticas e com elas surgiram outras teorias explicativas da estrutura de capital. Em 1977, o próprio Merton Miller desenvolveu a Teoria Trade Off que assentava na existência de uma estrutura ótima de capital através de um modelo que introduzia o impacto da fiscalidade associada ao financiamento para empresas e investidores. O ponto de equilíbrio da estrutura ótima de capital seria quando a taxa de imposto suportada pelas empresas fosse igual à taxa de imposto suportada pelos investidores.
Posteriormente, em 1984, Stewart Myers desenvolveu a Teoria Pecking Order e defendeu que a estrutura de capital das empresas deveria ser escolhida de acordo com o conceito de hierarquização das fontes de financiamento. As empresas com rendibilidades mais elevadas tinham mais baixos níveis de capital alheio, dado que os fluxos gerados internamente (o designado autofinanciamento) eram suficientes para financiar os seus investimentos. Em primeiro lugar as empresas recorreriam ao financiamento interno, utilizando os fundos gerados internamente e só depois do autofinanciamento é que recorreriam ao financiamento externo.
Surgiram depois diversas outras teorias que procuravam identicar a estrutura ótima de capital, entre as quais: (i) a teoria dos custos de falência, (ii) a teoria da agência, (iv) e a teoria da informação assimétrica.
References:
- Mota, António Gomes (2012). Finanças da Empresa – da teoria à prática. 5ª Ed. Lisboa: Edições Sílabo.