Neo-impressionismo

Neo-impressionismo, ou neoimpressionismo, foi um movimento artístico francês desenvolvido no final do século XIX, e que representa á vez, uma evolução e uma reacção contra o Impressionismo.

O Neo-impressionismo é uma reacção ao empirismo e à improvisação característica das obras impressionistas, vai contra tudo o que é ocasional ou passageiro. Levando o pintor neo-impressionista a volta ao ateliê e trabalhando de um modo sistemático, científico e racional, estruturando a formalidade das suas pinturas.

Consistiu na tentativa de um grupo de artistas em fundar um novo movimento artístico baseado numa pintura que respeita as novas leis científicas da visão. O Neo-impressionismo caracterizou-se principalmente, pelo uso de pontos de cor pura, dispostas de modo a que, visto a partir de uma determinada distância, cause um efeito de luminosidade.

O termo foi utilizado pela primeira vez em 1886, pelo crítico de arte e activista político Félix Féneon (mesmo ano da última exposição do grupo impressionista), para descrever um estilo de pintura em voga em França entre 1886 e 1906, e cujo pioneiro foi Georges Seurat.

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Neo-Impressionismo – “A Sunday on La Grande Jatte”, Georges Seurat, 1884

O neo-impressionismo, também foi conhecido como divisionismo e representa uma evolução do Impressionismo no sentido do rigor da representação pictórica, utilizou a cor através de uma nova técnica de mistura óptica designada por pontilhismo, inspirada nas teorias científicas da cor e da visão de de Charles Henry, Michel Eugène Chevreul, Odgen Rood, e David Sutter.

Esta nova técnica consistiu na divisão dos tons, nos seus componentes fundamentais. As inúmeras manchas ou pontos de cores que cobrem as novas obras neo-impressionistas, são recompostas pelo olhar do observador e, com isso, recupera-se a unidade do tom, longe das misturas de cores frequentes nos empastes impressionistas.

A sensação de vibração e luminosidade decorre da “mistura ótica” obtida pelos pequenos pontos de cor de tamanho uniforme que nunca se fundem, mas que reagem uns aos outros em função da distância com que se observa. Seurat prefere o termo divisionismo para designar este novo método e técnica, que tem em Jean-Antoine Watteau e Eugène Delacroix dois dos seus grandes precursores, e que no interior do impressionismo foi testado por Auguste Renoir.

O pontilhismo, consiste na justaposição de pequenas manchas de cor pura (pontos) que se devem misturar, a uma certa distância, nos olhos do observador. As dimensões dessas manchas coloridas dependiam do tamanho do quadro e baseavam-se na lei das complementares, já conhecida pelos Impressionistas, mas só agora elevada ao máximo do rigor científico e artístico.

A representação do instante luminoso passou, gradualmente, a ser um elemento secundário do quadro, aumentando em contrapartida o jogo da harmonia das cores em si. Por isso, a obra deixou de ser uma impressão fugaz e passou a ser uma rigorosa construção de cores, de formas e de linhas, perseguindo as leis universais e eternas da harmonia: o ritmo, a simetria e o contraste.

A técnica é reflexiva, segura e não intuitiva, e a cor é pura. Os temas explorados pelo neo-impressionismo, são os da vida citadina, das paisagens marítimas e das diversões, tratados em grandes telas, executados no ateliê a partir de estudos ao ar livre.

O neo-impressionismo teve uma curta duração, mas exerceu uma grande influência sobre toda uma geração de artistas como: Van Gogh e Gauguin, Henri Matisse ou Henri de Toulouse-Lautrec, precursores do Pós-impressionismo.

A obra de Signac, especialmente, foi retomada pelo fauvismo. O termo divisionismo refere-se ainda a um movimento italiano da última década do século XIX e início do século XX, uma das fontes geradoras do futurismo. É possível pensar em ecos do pontilhismo nas pesquisas visuais contemporâneas, na Op Art e na Arte cinética.

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References:

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SERRANO, Laura Arias. Las fuentes de la historia del arte en la época contemporánea. Cultura Artística. Ediciones del Serbal, S.A., 2012

THOMSON, Belinda. Pós-impressionismo. Cosac & Naify. São Paulo, 2001

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