O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e deu início, às grandes tendências da arte do século XX, constituindo o momento inaugural do que seria o início da Arte Moderna.
O Impressionismo, teve o seu apogeu entre 1860 e 1870, no seio de um grupo de jovens artistas que se reunia no Café Guerbois, para discutir, de modo veemente e inflamado, as suas atitudes e incertezas comuns acerca da pintura e da arte.
Apelidado de impressionistas, pelo crítico Leroy, aquando da primeira exposição deste grupo no ateliê do fotógrafo Nadar, em 1874, e perante a obra de Claude Monet – Impressão Sol Nascente – este núcleo de autores e amigos não constitui um movimento na verdadeira acepção do termo, ou um grupo firmado por princípios estéticos rígidos. As suas pinturas são o reflexo da personalidade de cada um e, por isso, heterogéneas.
Embora não se possa falar em uma escola homogénea ou num programa definido, é possível localizar certos princípios comuns na pintura destes artistas: preferência pelo registo da experiência contemporânea, observação da natureza com base em impressões pessoais e sensações visuais imediatas, com a suspensão dos contornos e dos claro-escuros em prol de pinceladas fragmentadas e justapostas. Aproveitamento máximo da luminosidade e uso de cores complementares, favorecidos e inspirados pela pintura ao ar livre.
Os impressionistas têm o princípio de não misturar as cores, mas si, de justapô-las através de rápidos toques e pinceladas que lembram a espontaneidade da sua arte. A escolha das cores dá riqueza ao quadro, e as cores vivas e claras que exprimem os efeitos de luz nas paisagens dão um aspecto jamais visto na pintura daquela época. Quanto mais visíveis os efeitos do movimento das paisagens, mais perturbadora é a visão da natureza.
Era uma das suas pinturas, está profundamente ligada às impressões sensoriais dos seus autores, fundadas num individualismo crescente, longe dos academismos. Buscavam escapar dos códigos restritos fixados pela Academia Real de Pintura e de Escultura da época. E este, será o motivo pelo qual, acabam trabalhando em ateliês privados para poder pintar à sua maneira e com toda a liberdade.
O espírito do Impressionismo é de alguma forma resumido em uma frase dita por Manet: Je peins ce que je vois, et non ce qu’il plaît aux autres de voir. (« Eu pinto aquilo que eu vejo, e não aquilo que para os outros é agradável ver »).
Praticaram um repertório constituído por paisagens, figura humana e lazeres citadinos e o mesmo interesse pela captação de uma dada realidade, parcial e sensível, que é a da luz e dos seus efeitos sobre a Natureza, as pessoas e os objectos.
O grupo impressionista era constituído por Camille Pissarro, Paul Cézanne, Armand Guillaumin, Claude Monet, Auguste Renoir, Frédéric Bazille, Alfred Sisley, Berthe Morisot, Mary Cassat e Edgar Degas, entre outros. Sofreu influências de vários pintores coloristas do século XVIII e principalmente pela paleta límpida e clara de Turner e Constable, considerados como os precursores na representação directa da Natureza e na análise da luz; de Jongkind e Boudin, pela representação atmosférica de marinhas; de Delacroix, pelas sombras coloridas e pela utilização de cores opostas.
O Impressionismo é um movimento que consiste em uma nova representação da realidade e que inicia uma reviravolta na arte da época. Na década de 1850, Monet e Manet inspiram-se também nas estampas japonesas, especialmente as de Hokusaï e Hiroshige. Os dois pintores são influenciados por esta arte vinda do Extremo-Oriente e isso reflecte-se nas suas obras.
A pintura impressionista procurou a captação do instante luminoso, fugaz e fugidio, em constante mutação, é fluida e aérea. Utilizou um método experimental de execução que se pretendia racional e objectivo, mas, ao mesmo tempo, pessoal, intuitivo e espontâneo, culminando na descoberta de um mundo de emoções e sensações plásticas.
O quadro impressionista tem um aspecto “em bruto”, rude e inacabado, pouco trabalhado, mais fluído e aéreo se o comparamos com os conceitos, mais ou menos académicos e clássicos, dos estilos anteriores. Foi por esse motivo que os autores impressionistas não foram reconhecidos, nem pelo público nem oficialmente, e se viram obrigados a expor as suas obras nos chamados “Salões dos Recusados”, por eles próprios instituídos e apelidados.
O Impressionismo foi um fenómeno tipicamente parisiense, cuja pintura teve reflexos noutros pintores estrangeiros, italianos, portugueses, americanos…, influenciando, igualmente, alguns músicos como Debussy, Mussorgsky e até, tardiamente, algumas obras de Ravel.
References:
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