Por História da Pintura entende-se a evolução ao longo dos tempos desta manifestação artística. Assim como a História da Arte no geral, a História da Pintura pode ser dividida em períodos e fases. Por essa mesma razão, com todos os períodos e respetivas subdivisões dentro de cada um, bem como a diversidade de temas e correntes, é difícil fazer uma delimitação concreta por época. Ainda assim, há períodos que se destacam pelas grandes mudanças trazidas para este campo artístico, e que devem por isso ser referenciados como dos mais importantes.
Pintura na Pré-História
As primeiras manifestações artísticas a que se pode dar o nome de pintura datam do período Paleolítico, sendo comummente apelidadas de arte rupestre. Os mais conhecidos conjuntos de pinturas em cavernas estão em Altamira, em Espanha, e datam de 30000 a.C. a 12000 a.C. e em Lascaux, em França, datando estas de 15000 a.C. a 10000 a.C. Os temas representados nesta altura diziam respeito às atividades do quotidiano, como rituais, danças, caçadas, bem como animais. Apesar de atualmente consideradas extremamente simples e rudimentares, são impressionantes pela ausência de recursos e de técnica, tal como pelo grau de conservação que mantêm apesar dos milhares de anos há que foram pintadas.
Mais tarde, com a entrada no período Neolítico e Idade dos Metais, a pintura passou a ter tendências abstratas, com formas geométricas, lançando-se assim as bases para o que seria a pintura na Idade Antiga.
Pintura na Idade Antiga
Na Idade Antiga assistiu-se a um desenvolvimento e aperfeiçoamento das técnicas e temáticas iniciadas na Pré-História. Foram as grandes sociedades que se desenvolveram na Antiguidade as principais representantes da pintura desta época, destacando-se assim a pintura egípcia, grega e romana.
A pintura egípcia é considerada sobretudo figurativa, já que se centra na representação de figuras humanas e divinas, uma vez que a sociedade vigente era altamente teocêntrica. Uma das características mais marcantes neste período da História é o facto de as figuras serem representadas de perfil; além disso as cores usadas eram fortes, razão pela qual se mantêm nos dias de hoje praticamente inalteradas. Os egípcios foram também o povo responsável pela introdução dos frescos – pinturas murais pictóricas feitas sobre gesso.
Apesar dos anos passados e das múltiplas diferenças entre as sociedades, a pintura grega assemelha-se em muito à egípcia no que toca aos temas: o principal objetivo da pintura helénica era a representação de pessoas e deuses, embora no caso dos gregos já se denotasse uma certa preocupação com a estética e harmonia das formas. No entanto, a pintura da Grécia Antiga não é de todo tão vasta quanto a sua escultura e arquitetura, pelo que não se conhecem muitas obras.
A pintura Romana foi apenas uma variante da grega, pois apesar de ter conquistado militarmente a Grécia, Roma foi por ela culturalmente conquista. A sua única variante foi o carácter prático e finalidades decorativas como complemento da arquitetura introduzido pelos Romanos.
Pintura na Idade Média
A pintura, como qualquer outra forma de arte característica da época medieval, centrava-se sobretudo sobre o tema da religiosidade; por essa razão, grandes partes das obras artísticas deste período foram financiadas por instituições religiosas. Além disso, os suportes visuais eram de extrema importância para os sermões, uma vez que os camponeses eram iletrados e as missas eram dadas em latim.
A pintura na Idade Média era predominantemente bidimensional, e as personagens retratadas eram pintadas com maior ou menor tamanho consoante a sua importância; esta característica deve-se ao contexto cultural da época, que dava supremacia aos aspetos simbólicos da vida.
A preocupação dos artistas medievais não se centrava no realismo das imagens, mas sim na preocupação em passar uma mensagem religiosa, pelo que surgia a necessidade de se pintarem imagens claras e didáticas, em vez de figuras desenhadas com precisão fotográfica.
Pintura no Renascimento
O Renascimento foi um período que ficou marcado pelas grandes mudanças na mentalidade do Homem, nomeadamente uma transição da perspetiva teocêntrica do quotidiano do Homem medieval para a perspetiva antropocentrista do Homem renascentista, bem como diversos e revolucionários progressos científicos. Estas mudanças influenciaram sobretudo as temáticas da pintura renascentista, a qual tem a sua origem em Itália, e consistindo sobretudo num renascer dos ideais estéticos da Antiguidade Clássica, aliados a ideias inovadoras e novas forças criadoras.
A pintura a óleo foi a principal inovação deste período; as representações da Natureza tornaram-se mais fiéis à realidade, havendo uma crescente preocupação com a harmonia e o equilíbrio das formas retratadas assim como uma perspetiva mais rigorosa e científica.
Pintura no Barroco
A pintura barroca surgiu num período de tentativa de ascensão da Igreja, face ao declínio verificado nos anos anteriores por influência das ideias renascentistas.
Esta destaca a cor e não o formato do desenho. As técnicas utilizadas dão um sentido de movimento à obra. Os efeitos de luz e sombra são utilizados constantemente como um recurso para dar vida e realidade às imagens, bem como os contrastes claro-escuro, que visavam intensificar a sensação de profundidade. Os temas mais abordados são paisagens, a naturezas-mortas e cenas da vida quotidiana.
Pintura no Neoclassicismo
A pintura neoclassicista surge como reação aos excessos do barroco, no contexto cultural do Iluminismo e da influência da Antiguidade Clássica.
As alterações políticas da época, nomeadamente o fim do absolutismo e a chegada da Revolução Francesa, levam a uma necessidade geral de rutura com o passado próximo e com a sua estética associada. Também a nova prioridade dada ao racionalismo e ao novo modo de perceção do mundo, que emerge com o Iluminismo, abala a fé religiosa e relega para segundo plano as temáticas artísticas relacionadas com o espiritual. Desaparecem quase por completo as cenas religiosas para dar lugar ao gosto pelo historicismo (principalmente da Roma Antiga), temas do quotidiano e ainda mitológicas.
Pintura no Romantismo
No Romantismo assiste-se a uma regressão na objetividade e intervenção social da pintura. Esta passa a valorizar sobretudo os sentimentos e sensações individuais, sendo marcadamente subjetiva e introspetiva, uma vez que o artista tem uma preocupação constante em inserir as suas emoções e a sua perspetiva do mundo na temática artística, sendo que a Natureza e a História têm um papel de destaque.
Pintura no Realismo
Como se verifica em qualquer corrente artística ao longo da História, o Realismo surge em oposição à corrente que lhe antecede. Assim, os artistas passaram a reproduzir elementos da realidade tal como ela se apresentava aos seus olhos, pondo de parte as suas emoções, o que se traduz numa profunda objetividade característica deste período.
As pinturas realistas têm um cariz de forte intervenção social, chocando os sectores conservadores da sociedade ao introduzirem elementos de erotismo e crítica.
No que diz respeito à sua composição técnica, optou-se pela utilização de cores mortas e perfeição e exatidão do traçado.
Pintura na Idade Contemporânea
O século XX marcou um período de viragem no que diz respeito às artes na sua generalidade, mas muito especialmente na pintura em específico.
A utilização da cor como meio expressivo, os quadros como forma de crítica social, lado a lado com a introspeção e um desprendimento da pintura como representação do real foram das principais evoluções desta arte na idade moderna.
Os principais movimentos de vanguarda desta época foram o Impressionismo, o Expressionismo, o Cubismo, o Surrealismo, o Abstracionismo, o Cubismo e o Dadaísmo, que inovaram na forma como a pintura era encarada e trouxeram para o panorama principal muitos pintores que ainda hoje são considerados os melhores de sempre. De facto, esta era marcou uma profunda mudança e aparecimento de uma grande diversidade de ideais e correntes, que apesar de serem tantas e tão distintas se completam definindo assim uma época áurea para a pintura.
Com a entrada no século XXI assistiu-se a uma continuação da quebra de barreiras na pintura, com o repescar de muitas características de eras antigas, mas modernizando-as; a par das temáticas e figuração, também novas técnicas são cada vez mais abraçadas por novos artistas, sendo o graffiti um bom exemplo de forma de pintura atual e cada vez mais aceite no meio artístico.