Simone, Nina

Biografia da cantora e pianista norte-americana Nina Simone (1933-2003), recordada pela voz distinta e pela síntese de música clássica, blues, jazz, folk, gospel na sua música. Simone foi, também, a voz dos movimentos pelos direitos civis nos anos 60.

Nascimento 21 de Fevereiro de 1993, Tryon, Carolina do Norte, Estados Unidos
Morte 21 de Abril de 2003, Carry-Le-Rouet, França.
Ocupação Cantora, Pianista e Activista
Canções principais «I Loves You, Porgy», «Little Girl Blue», «My Baby Just Cares for Me», «Don’t Let Me Be Misunderstood», «I Put a Spell on You», «Feeling Good», «Sinner Man», «Mississippi Goddam», «Four Women»; «Young, Gifted and Black», «Why (The King of Love is Dead)», «I Wish I Knew How It Would Feel to Be Free”

Primeiros anos

Nina Simone, cuja nome de nascimento é Eunice Kathleen Waymon, nasceu no dia 21 de Fevereiro de 1993 em Tryon, na Carolina do Norte. O talento musical de Simone tornou-se evidente desde cedo, dado que aos três anos de idade começou a tocar piano de ouvido.

Começou a estudar música clássica com uma mulher inglesa chamada Muriel Mazzanovich, que se tinha mudado para a pequena cidade sulista. Foi desta forma que desenvolveu um amor por Bach, Chopin, Brahms, Beethoven e Schubert, que haveria de durar a vida toda, bem como o sonho de ser reconhecida como a primeira grande pianista afro-americana.

Depois de concluir o secundário, a comunidade contribuiu para um fundo que permitiu à cantora estudar em Juilliard, em Nova Iorque, durante o Verão. A família mudou-se para Filadélfia onde Simone esperava ingressar no Curtis Institute of Music em Filadélfia. A escola negou a sua admissão, destruindo a sua aspiração de se tornar concertista clássica. Mais tarde, a cantora admitiu que tal aconteceu porque era negra.

Para se sustentar começou a ensinar música a estudantes locais. Em 1954, procurando mais uma fonte de rendimento, prestou uma audição para actuar no bar Midtown Bar & Grill, em Atlantic City, onde lhe foi pedido além de tocar, cantasse, porque os lucros seriam maiores. A fama de uma cantora e pianista que dominava Gershwin, Cole Porter, Richard Rogers, transformava melodias populares numa síntese única de jazz, blues e música clássica, e que possuía um timbre rico e único começou a espalhar-se.

Por esta altura adoptou o nome de palco Nina Simone. Nina significa “menina”, em espanhol, e o Simone  foi uma homenagem à actriz Simone Signoret, que tinha visto no filme «Casque d’Or».

A música de Nina Simone

A cantora começou a gravar a sua música no final dos anos 50 associada à Bethlehem Records. O seu primeiro álbum, lançado em 1957, incluiu «Plain Gold Ring», «Little Girl Blue» e «I Loves You, Porgy», do musical de George e Ira Gershwin, Porgy and Bess.

Com outras gravadoras lançou vários álbuns no final dos anos 50, anos 60 e no início dos anos 70, entre os quais, «The Amazing Nina Simone» (1959), «Nina Simone Sings Ellington!» (1962), «Wild is the Wind» (1966) e «Silk and Soul» (1967). Fez versões de músicas populares como «They Are A-Changin» do Bob Dylan e «Here Comes the Sun» dos Beatles. Mostrou uma faceta mais sensual em canções como «Take Care of Business», «I Put a Spell on You» e «I Want a Little Sugar in My Bowl».

A música de Nina Simone nunca encaixou em definições standard. Os resultados da aprendizagem de música clássica que recebera quando mais nova estavam presentes em todas as canções que tocava e inspirava-se tanto em gospel, como pop ou folk. Era chamada muitas vezes de High Priestess of Soul mas rejeitava essa denominação, da mesma forma que não gostava de ser considerada cantora de jazz. Na sua autobiografia terá dito “If I had to be called something, it should have been a folk singer because there was more folk than blues than jazz in my playing” (Se tivesse de ser chamada de alguma coisa, deveria ter sido cantora de folk, porque havia mais folk na minha música do que blues ou jazz).

Nina Simone

Direitos Civis

Durante os anos 60, Simone tornou-se na voz dos movimentos pelos direitos civis. Não foi, no entanto, uma decisão que não tivesse ponderado. Na verdade, a cantora sempre achara que havia alguma coisa na forma como ganhava a vida que não era apelativa e misturar política parecia-lhe ser sem sentido “Nightclubs were dirty, making records was dirty, popular music was dirty and to mix all that with politics seemed senseless and demeaning” (Os bares eram sujos, gravar discos era sujo, a música popular era suja e misturar tudo isso com política parecia desnecessário e degradante). Além disto, tinha problemas em compor porque não compreendia como poderia homenagear com dignidade pessoas importantes em pequenas canções: “How can you take the memory of a man like Medgar Evers and reduce all that he was to three and a half minutes and a simple tune? That was the musical side of it I shield away from; I didn’t like ‘protest music’ because a lot of it was trying to celebrate” (Como é que é possível agarrar na memória de um homem como Medgar Evers e reduzir tudo o que ele foi a três minutos e meios e a uma simples melodia? Era deste lado musical que eu fugia. Eu não gostava de música de protesto porque consistia muito em celebrar).

No entanto, o assassinato de Medgar Evers e o ataque terrorista pelas mãos de quatro membros do Ku Klux Klan a uma igreja no Alabama, ambos ano de 1963, colocaram um ponto final nas suas inseguranças. Surgiu, então, «Mississippi Goddam». Outras canções de carácter social foram, por exemplo, «Four Women», que retrata a história de quatro mulheres afro-americanas, «Young, Gifted and Black», cujo título foi emprestado de uma peça de Hansberry, «Why (The King of Love is Dead)», escrita pelo seu baixo Greg Taylor imediatamente após a morte de Martin Luther King em 1968 ou a sua versão de «I Wish I Knew How It Would Feel to Be Free”, cujo original é de Billy Taylor.

Dificuldades e Ressurgimento

No final dos anos 60, Nina Simone cansada da cena musical norte-americana e das políticas raciais complicadas do país, escolheu viver noutros países: Libéria, Suíça, Inglaterra e Barbados. Depois, instalou-se definitivamente no sul de França. Adicionalmente, lidou com problemas de saúde mental (bipolaridade) e de finanças.

A meio dos anos 70 decidiu deixar de gravar mas regressou logo em 1978 com o álbum «Baltimore» que, apesar de bem recebido pela crítica, não foi um sucesso comercial.

Em 1985 a canção «My Baby Just Cares For Me» foi utilizada numa publicidade ao perfume Channel No.5 na Inglaterra, causando o seu ressurgimento. A canção manteve-se no top 10 nesse ano. Nesse ano escreveu a sua autobiografia «I Put a Spell on You» que viria a ser publicada em 1991. Em 1993 lançou o álbum «A Single Woman». No decorrer dos anos 90 continuou a fazer digressões periodicamente.

Morte

Nos seus últimos anos de vida, beneficiou de um sucesso e reconhecimento sem precedentes, depois da revolução dos CD’s, da descoberta da internet e da exposição através de filmes e televisão.

Batalhou um cancro da mama durante alguns anos. Faleceu no dia 21 de Abril de 2003, com 70 anos de idade, na sua casa em Carry-Le-Rouet, na França.

Nina Simone deixou uma impressão duraradoura tanto no mundo da música como em termos de activismo. As suas interpretações influenciaram muitos outros artistas, entre os quais, Aretha Franklin, Laura Nyro, Joni Mitchell, Lauryn Hill, Meshell Ndegeocello e Jeff Buckley. A voz distinta de Simone é ainda muito popular para a escolha de bandas sonoras para televisão e cinema.

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References:

Biography.com Editors (nd). Nino Simone Biography. Em http://www.biography.com/people/nina-simone-9484532#legacy

Nina Simone. Em http://www.ninasimone.com/bio/

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