Conceito
O madrigal é uma composição vocal de origem italiana, em língua vernácula, de temática profana (assuntos amorosos, satíricos ou alegóricos), embora existam também madrigais espirituais. Convém, no entanto, fazer a distinção entre o madrigal do século XIV e o madrigal do século XVI. No século XVII foi ultrapassado pela cantata.
Madrigal do século XIV
O madrigal deste século enquadrava-se no movimento da Ars Nova italiana. Contribuiu para a definição da linha melódica que definiria a música italiana, mas era uma composição estrófica a duas e três vozes sobre textos de grandes poetas, como Petrarca e Bocaccio, e com a música de Jacopo da Bologna, Giovanni de Firenze e Francesco Landini.
Madrigal do século XVI
No século XVI a única ligação ao passado acontece pela permanência das temáticas profanas. Nesta época, o contexto era o do movimento humanista, que procurava a adequação perfeita entre o texto e a música.
O madrigal renascentista caracteriza-se pela liberdade completa a vários níveis: métrica poética, estilo de composição contínua e técnica dos madrigalismos. Esta liberdade traduz a procura de uma expressão, puramente musical, de palavras e conceitos.
Esta forma de composição, era de carácter altamente social, pelo que a sua execução requeria músicos com experiência. Considerado música de câmara, cada voz deveria ser cantada por um só cantor, podendo existir acompanhamento instrumental ou os próprios instrumentos substituírem a voz.
É possível distinguir três fases na história do madrigal renascentista.
Fase inicial (1530-1550)
O madrigal é, ainda, bastante simples, normalmente a quatro vozes. A sua escrita alterna entre secções a uma voz e a várias vozes. O primeiro livro impresso de madrigais, «Madrigali de diversi musici libro primo de la Serena» surgiu em Roma, em 1530, com poemas de Petrarca, Sannazaro, Bembro e Ariosto. Os compositores que contribuíram para este livro foram: Verdelot, Arcadelt, Willaert, Sebastiano, Constanzo Festa e Francesco Corteccia.
Fase evoluída (1550-1580)
Aqui os madrigais passaram a utilizar cinco e seis vozes e as figuras melódicas tendiam a pintar as palavras, numa aproximação musicalmente expressiva e descritiva de realidades objectivas. Os compositores mais representativos da fase evoluída do madrigal foram Cipriano de Rore, Andrea Gabrieli, Nicola Vincentino, Roland de Lassus e Palestrina.
Fase superior (1580-1620)
O madrigal atingiu, nestes anos, o limite máximo de expressividade e virtuosismo. É a fase de transição para a música dramática, onde cada palavra é soberana, que coincide com o início do Barroco musical. Os principais representantes desta fase foram Claudio Monteverdi, Glaches de Wert, Luzzasco Luzzaschi, Orazio Vecchi, Luca Marenzio e Carlo Gesualdo.
Fora de Itália
O madrigal teve uma breve aparição na Península Ibérica, através do espanhol Juan Vázquez e dos portugueses Manuel Machado e Marcos Lésbio.
Na Inglaterra teve uma expressão interessante. Nicholas Yonge formou um coro de madrigal e publicou, em 1558, «Musica Transalpina», uma colecção de madrigais italianos com textos ingleses. Compositores como William Byrd, Thomas Morley e, posteriormente, Thomas Weelkes e John Wilbye, escreveram madrigais embora nem sempre os chamassem por esse nome.
References:
Borges, M.J. & Cardoso, J.P. (2008). História da Música Vol I. Sebenta Editora.
Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.