La Scala, Milão

O Teatro alla Scala, informalmente conhecido como La Scala, em Milão, na Itália, é uma das mais prestigiadas casas de ópera do mundo. Recebe desde a sua inauguração, em 1778, os melhores artistas de ópera e da música clássica, em geral.

Estreia

A construção do La Scala foi determinada pela imperatriz Maria Teresa da Áustria, com o objectivo de substituir o Teatro Real Ducal, destruído no incêndio de 26 de Fevereiro de 1776, que até então tinha sido casa da ópera em Milão. A nova casa de ópera recebeu o nome de Regina della Scala, mulher do duque de Milão, que fundara uma igreja naquele local ainda no século XV e que, para o efeito, teve de ser demolida. A nova casa de ópera foi então desenhada pelo arquitecto neoclássico Giuseppe Piermarini e abriu as portas no dia 3 de Agosto de 1778 com a ópera «L’Europa riconosciuta» de Antonio Salieri, com libreto de Mattia Verazi.

O advento de Rossini

O compositor Gioachino Rossini foi o responsável pela reputação que o La Scala adquiriu no século XVII, e que manteve até aos dias de hoje: a casa/tradição da ópera seria. Depois do sucesso de «La pietra del paragone», foram produzidas até 1825 as seguintes obras do músico: «Il turco in Italia», «La Cenerentola», «Il barbiere di Siviglia», «La donna del lago», «Otello», «Tancredi», «Semiramide» e «Mosé». Deste período salientam-se ainda as coreografias de Salvatore Viganò e Carlo Blasis que, por incluírem ballet, engradeceram a qualidade artística do La Scala.

Donizetti e Bellini

Entre 1822 e 1825, foi inaugurada uma outra temporada de ópera notável, com as obras «Chiara e Serafina», de Gaetano Donizetti, e «Il pirata», de Vincenzo Bellini. Até 1850 foram produzidas no La Scala as óperas «Anna Bolena», «Lucrezia Borgia», «Torquato Tasso», «La fille du régiment», «La favorita», «Linda di Chamonix», «Don Pasquale» e «Poliuto» de Donizetti. Já de Bellini, até 1836, foram estreadas «I Capuleti e i Montecchi», «Norma», «La sonnambula», «Beatrice di Tenda» e «I puritani».

Giuseppe Verdi

Em 1839, «Oberto, Conte di San Bonifacio» inaugurou o ciclo de óperas de Giuseppe Verdi no La Scala. Seguiu-se em 1940 «Um giorno di regno», um autêntico fracasso, mas logo depois, em 1942, «Nabucco», o primeiro triunfo da carreira do compositor. Não haverá, provavelmente, compositor tão relacionado ao La Scala como Verdi. Um mês depois da sua morte, uma procissão solene acompanhou os seus restos ao som de «Va pensiero», o coro dos escravos hebreus de «Nabucco», que expressava os sentimento dos italianos face ao seu herói desaparecido. Esta demonstração evidenciou até que ponto a música de Verdi tinha sido assimilada pela consciência nacional e a sua ligação ao La Scala consolidou em definitivo a imagem do teatro.

Arturo Toscanini

Em 1898, Arturo Toscanini assumiu a direcção artística do La Scala, introduzindo reformas radicais tanto do ponto de vista organizativo como na relação com o público. Sendo o próprio um grande maestro, deu continuação ao trabalho interpretativo de Verdi, voltou a reconhecer a obra de Wagner, trazendo-a de novo a público, e incluiu música sinfónica no repertório da orquestra do La Scala. Em 1926, estreou a ópera definitiva de Puccini, «Turandot». Foi substituído em 1930 por Victor de Sabata.

Pós II Guerra Mundial

Em Agosto de 1943, o teatro sofreu graves danos devido aos bombardeamentos mas em 1946 já tinha sido reconstruído. Depois do concerto de abertura a 11 de Maio, dirigido por Toscanini, o teatro retomou o seu trabalho de elevada qualidade com numerosas produções de ópera (por exemplo, o ciclo de Wagner em 1950, dirigido por Furtwängler, o repertório de Verdi, etc.), muitos concertos (Hebert von Karajan, Dimitri Mitropoulos, Bruno Walter, etc), cantores conceituados (Maria Callas, Renata Tebaldi, Giuseppe di Stefano, Mario del Monaco) e variadas performances de ballet (Margot Fonteyn, Serge Lifar, Maya Plissetskava, Rudolf Nureyev).

Maestros célebres

Claudio Abbado estreou-se na regência do La Scala em 1965 e, em 1972, foi nomeado maestro da Orquestra. Até 1986 dirigiu, entre outras óperas, «Il barbiere di Siviglia», «Cenerentola» e «L’Italiana in Algeri» de Rossini; «Simon Boccanegra», «Macbeth» e «Dom Carlo» de Verdi; «Al gran sole carico d’amore» de Luigi Nono e «Pelléas et Mélisande» de Claude Debussy. Seguindo a tradição de Toscanini, muitos compositores contemporâneos viram as suas obras estreadas no La Scala, entre os quais Luciano Berio, Franco Donatoni e Karlheinz Stockhausen. Em 1981, Riccardo Mutti substituiu Abbado como maestro e em 1986 também como director musical. Entre 1989 e 1998, reintroduziu obras notórias e acarinhadas como «Rigoletto», «La Traviata», «Macbeth», «La forza del destino», «Falstaff» e «Don Carlo». A temporada de 2007/2008 abriu com «Tristan und Isolde» dirigida pelo maestro israelo-argentino Daniel Barenboim, inaugurando-se assim uma colaboração próxima entre este e o La Scala, do qual se tornou director musical em 2011.

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References:

  • Kennedy, M. (1994). Dicionário Oxford de Música. Publicações Dom Quixote.
  • La Scala. History. Em http://www.teatroallascala.org/en/la-scala/theatre/history.html
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