Conceito
O termo dixieland designa um estilo jazz nascido no século XX, em Nova Orleães, que rapidamente se espalhou até Chicago e Nova Iorque durante a década de 1910, através das New Orleans Bands. Este tipo de música, considerado frequentemente como o verdadeiro tipo de jazz, é o primeiro estilo a referir-se explicitamente ao termo “jazz”. Antes de 1917 o termo utilizado era “jass”. A origem e significado da palavra é, ainda hoje, motivo de discussão.
O estilo caracterizava-se por combinar tanto o ragtime como os blues, com a improvisação colectiva do grupo. As bandas de dixieland incluíam uma secção rítmica, o baixo, o trombone, o trompete e o clarinete. O som definitivo da dixieland, criado pela improvisação simultânea do trompete, do trombone e do clarinete, tem sido continuamente repetido desde o início do século XX até aos dias de hoje.
Desenvolvimento do estilo
No início da década de 1910, as bandas de jazz eram formadas pela corneta (ou trompete), trombone, clarinete, guitarra, baixo e bateria. À corneta cabia a função melódica e esta era complementada harmonicamente pelo som do trombone. O clarinete preenchia ritmicamente o espaço entre os dois instrumentos. Posteriormente, foram adoptados, também, o banjo e a tuba, com o início das gravações (a primeira banda jazz a realizar gravações foi a “Original Dixieland Jass Band”, responsável também pela difusão do nome “jazz”).
Por volta de de 1917, o boom industrial norte-americano (depois da Primeira Guerra Mundial) levou à migração de enormes massas populacionais, incluindo os jazzmen que ansiavam por melhores condições de emprego. Deste modo, o dixieland abandonou o seu espaço geográfico de origem e alastrou-se até Chicago e Nova Iorque.
Não obstante, todas as bandas tocavam, praticamente, o mesmo tipo de música em voga na época, constituído por marchas e cantigas locais, ainda que cada uma incorporasse o seu estilo próprio. Com o passar do tempo, as bandas evoluíram tecnicamente, acrescentando novos instrumentos musicais.
Deste período definiram-se, naturalmente, alguns parâmetros que determinariam a conjuntura deste tipo de agrupamentos. O trompete tornou-se o líder da banda, sendo seguido pelo clarinete, que efectuava ornamentos em contraponto; já o trombone intermediava o baixo. A secção rítmica era da responsabilidade da tuba, que indicava o tom e marcava o ritmo com o auxílio de toques firmes e fixos do bombo, caixas e pratos (depois substituídos pela bateria); o banjo acompanhava a tuba num registo mais agudo. O piano, quando acrescentado, actuava na marcação rítmica e fazia insinuações melódicas.
Controvérsia
Existem duas linhas de controvérsia relativamente ao dixieland: a actualidade do estilo e a origem etimológica do termo.
Por um lado, muitos fãs do bebop consideram que este estilo já não é uma parte vital do jazz, enquanto outros consideram que, quando tocado de modo criativo, tem o potencial para se tornar um pouco “mais moderno” que tantos outros estilos de jazz.
O termo, em si, é igualmente polémico. Alguns defendem que refere-se às bandas da costa oeste americana, outros atribuem-no especialmente aos músicos de Nova Orleães e à música das bandas afro-americanas dos anos 20. Há ainda quem afirme que deveriam ser utilizados as expressões “jazz clássico” ou “jazz tradicional” porque consideram o termo “dixieland” depreciativo, relacionando-o com música tocada sem paixão e compreensão musical. Os mais tradicionalistas dizem mesmo que o estilo deveria ser intitulado simplesmente de jazz, uma vez que este é o verdadeiro e todos os outros utilizam erradamente este mesmo termo.
References:
Aguiar, M.C. & Borges, C.C.M.V. (nd). As raízes do jazz e a Original Dixieland Jazz Band. 123 Spectrum.