Nascimento | 18 de Janeiro de 1836, Vilnius, Lituânia (na altura, parte do Império Russo) |
Morte | 26 de Março de 1918, São Petersburgo, Rússia |
Família | Mulher: Mal’vina Rafailovna Bamberg; Filhos: Lidiya e Aleksandr Cui |
Ocupação | Compositor e crítico musical |
Principais obras | «O Filho do Mandarim»; «Prisioneiro do Cáucaso»; «William Ratcliff»; «Mademoiselle Fifi»; «Scherzo, op.1»; «Orientale, op.50»; «Tarantella»; muitas canções e obras para piano |
Primeiros anos
César Cui nasceu no dia 18 de Janeiro de 1835, em Vilnius (na altura, parte do Império Russo). O pai do músico, Antoine, fez parte do exército de Napoleão que invadiu a Rússia, em 1812. Após a derrota, permaneceu em Vilnius e casou com uma rapariga local, Julia Gucewicz. O casal teve cinco filhos, sendo Cui o mais novo. O contexto multi-étnico em que cresceu deu-lhe a oportunidade de aprender francês, russo, polaco e lituano.
Cui recebeu aulas de música quando era novo e começou a compor pequenas peças com 14 anos de idade, imitando o estilo de Chopin. No entanto, em 1851 foi para São Petersburgo estudar engenharia e, em 1855, prosseguiu estudos na Escola Militar de Engenharia, onde iniciou serviço militar como professor em 1857. Viria a tornar-se tenente-general de engenheiros e autoridade em fortificações (conhecimento que o ajudou a prosperar durante a guerra entre a Rússia e o Império Otomano de 1877-1878).
Carreira na música
Em 1856, conheceu Mily Balakirev e passou a dedicar-se com mais seriedade à música. Embora não tivesse ancestrais verdadeiramente russos na família, passou a partilhar os ideias musicais nacionalistas de Balakirev e juntou-se ao Grupo dos Cinco. Cui tornou-se um compositor prolífero mas a sua maior contribuição para a causa nacionalista adveio da escrita: entre 1864 e 1877 foi crítico musical no St. Peterburgskive vedomosti (Notícias de São Petersburgo) e, mais tarde, tornou-se propagandista da música russa na Bélgica e na França, especialmente através do livro «La Musique en Russie» (1881).
A estreia de Cui enquanto compositor aconteceu em 1859 com a apresentação do seu «Scherzo, op.1» para orquestra, dirigido por Anton Rubinstein. A obra foi dedicada à sua esposa, Mal’vina Rafailovna Bamberg, com quem casou em 1858. O casal teve dois filhos: Lidiya e Aleksandr.
César Cui
Em 1869, foi apresentada pela primeira vez uma ópera do compositor, «William Ratcliff», que não teve muito sucesso (maioritariamente, devido às críticas duras que escrevia no jornal). A obra, que nunca se tornou parte do repertório standard (tanto na Rússia como no estrangeiro), ocupa um lugar especial na história da música russa por ser a primeira ópera de um dos membros dos Cinco a ser levada a palco, bem como uma obra que espelha a relação próxima entre estes durante os períodos de composição.
Entre as 15 óperas escritas por Cui, destacam-se como as mais bem sucedidas «O Filho do Mandarim», composta em 1858 mas só estreada em 1878 (também dedicada à sua esposa), «Prisioneiro do Cáucaso», com base num poema de Pushkin (começada entre 1857 e 1858 mas só estreada em 1883) e «Mademoiselle Fifi», baseada num conto de Guy de Maupassant (1903).
Cui foi parte, ainda, do comité de selecção de óperas no Teatro Mariinsky, até 1883, quando, juntamente com Rimsky-Korsakov, o abandonou em protesto contra a rejeição da ópera «Khovanshchina» de Mussorgsky. Entre 1896 e 1904 foi director do ramo da Sociedade Musical Russa em São Petersburgo.
Últimos anos
César Cui foi gradualmente aceite pela sociedade musical, até no estrangeiro. Depois da apresentação da ópera «Le Flibustier», em 1894, tornou-se membro da Academia Francesa e foi agraciado com a Legião de Honra. Em 1896, foi membro da Academia Real Belga.
Em 1916, o compositor cegou completamente, embora ainda conseguisse compor pequenas peças ditando. Morreu no dia 26 de Março de 1918, depois de sofrer uma apoplexia cerebral. Foi enterrado ao lado de Mal’vina (que falecera em 1899) no cemitério Smolensk, em São Petersburgo, mas em 1939 foi transladado para Tikhvin, para ficar no mesmo local que os restantes membros do Grupo dos Cinco.
Legado Musical
Comparativamente aos restantes membros dos Cinco, as composições de Cui não são tão nacionalistas. Das suas 15 óperas, só três têm como base temáticas russas, provenientes de Aleksandr Pushkin: «O Prisioneiro do Cáucaso», «A Filha do Capitão» e «Festa em Tempos de Praga». O compositor voltou-se com maior frequência para fontes francesas como Victor Hugo, Jean Richepin, Alexandre Dumas père, Guy de Maupassant, Prosper Mérimée e «William Ratcliff» tem como base a obra de Heinrich Heine. No entanto, as suas canções são maioritariamente inspiradas em textos russos, além de várias passagens nas suas obras com pequenos detalhes técnicos associados à música russa do século XIX. É de salientar, ainda (e novamente), que a grande contribuição de Cui para a causa nacionalista adveio da sua escrita, especialmente no que dizia respeito à divulgação da obra dos restantes membros dos Cinco.
Das composições de Cui, poucas são realmente populares na actualidade, salvo algumas obras de câmara (por exemplo, «Orientale, op.50» para violino e piano) e canções. Tem sido opinião consensual que a aptidão do compositor para os grandes géneros não era muita e que o seu ponto forte eram obras mais pequenas, conclusão ilustrada pelas suas canções e obras para piano. No entanto, gravações recentes sugerem que o dramatismo da sua música pode ser um lado da sua obra ainda pouco explorado.