Costa, Ercília

Biografia da fadista Ercília Costa (1902-1985), uma das principais cantadeiras de fado do início do século XX e a primeira fadista a receber projecção internacional.

Nascimento 3 de Agosto de 1902, Costa da Caparica, Portugal
Morte 16 de Novembro de 1985, Portugal
Ocupação Fadista e actriz
Principais Fados «Amor de Mãe»; «O Meu Filho»; «Fado Tango»; «Fado Aida»; «Fado Ercília»; «Juro»; «Fado da Amargura»; «Fado da Mocidade»; «O Filho do Ceguinho», vulgarizado como «Menor da Ercília»

Primeiros anos

Ercília Costa nasceu na Costa da Caparica, no dia 3 de Agosto de 1902, no seio de uma família de pescadores. Quando tinha 3 anos, a família mudou-se para o bairro de Alcântara, pelo qual a fadista manteria um grande carinho durante toda a sua vida.

Sem experiência musical, mas motivada pelo gosto de cantar, apresentou-se no Conservatório de Lisboa em resposta a um anúncio que procurava cantores para uma récita a acontecer no Teatro de São Carlos. Ercília foi escolhida para o elenco mas a representação acabou por não acontecer. Apesar disto, a situação proporcionou o encontro com o actor Eugénio Salvador que, impressionado com a sua voz, a convidou a juntar-se ao teatro, pouco tempo depois. Ercília Costa aceitou o convite, passando a fazer parte da companhia do Teatro Maria Vitória.

Início da carreira de fadista

Ercília Costa, enquanto actriz de revista, actuou ao lado de actrizes de renome como Luísa Satanela ou Beatriz Costa, mas foi como fadista que se destacou verdadeiramente. A sua estreia aconteceu em 1927, no Teatro da Trindade, onde fez um dueto com Alberto Reis.

Em 1930, Ercília venceu o 1.º prémio de cantadeira no concurso de fados do “Sul América”, uma organização do jornal “Guitarra de Portugal”. Pouco depois, passou a integrar a “Troupe Guitarra de Portugal” constituída por um conjunto de fadistas e instrumentistas que faziam digressões pelo país. Deste grupo faziam também parte os cantores Alfredo Marceneiro, Rosa Costa, Alberto Costa e os instrumentistas João Fernandes e Santos Moreira.

A par da carreira como fadista, ao longo da década de 1930, Ercília Costa foi uma das fadistas convidadas a apresentar-se regularmente na interpretação do fado em Teatro de Revista, contribuindo para a criação de um espaço próprio de apresentação dos profissionais do fado neste meio. Entre as peças onde participou destacam-se: «Feira da Luz» (1930), «O Canto da Cigarra» (1931), «Fogo de Vistas» (1933), «Fim do Mundo» (1934) e «A Boca do Inferno» (1937).

Ercília Costa fez, também, algumas aparições em cinema nos filmes «Amor de Mãe» (1932), «Amargura», «Lisboa 1938» e Madragoa» (1952), onde interpretava o papel de mãe do protagonista.

Projecção internacional

Ercília Costa cantava nas emissões radiofónicas da primeira estação portuguesa, Chiado CT1AA, e em retiros e casas típicas, mas depressa surgiu a oportunidade de actuar no estrangeiro. Em 1936, como parte da Companhia de Vasco Santana e Mirita Casimiro, deslocou-se ao Brasil, onde o sucesso foi tal que acabou por permanecer uma longa temporada nesse país, regressando somente em 1937.

Ainda nesse ano, a fadista foi a Paris, onde actuou na sala Comédie Française nos Campos Elísios de Paris. Em 1939, a convite do Secretariado de Propaganda de Portugal, deslocou-se aos Estados Unidos, para fazer um espectáculo no Pavilhão Português da Feira Internacional de Nova Iorque. Seguiram-se, depois, dez meses de actuações por várias cidades norte-americanas. Em 1945, voltou ao Brasil, numa digressão que durou quinze meses e, em 1947, regressou aos EUA.

Morte e legado

Ercília Costa retirou-se da vida artística em 1954, sem se despedir, para se dedicar inteiramente ao casamento. Não voltou a actuar em público até à sua morte, em 16 de Novembro de 1985.

Ercília foi uma das maiores cantadeiras de fado da primeira metade do século XX e a primeira fadista portuguesa a actuar no estrangeiro. Apelidada de “Santa do Fado” (por colocar as mãos em posição de oração) ou de “Toutinegra do Fado” é, hoje em dia, pouco recordada, dado que muitas das suas gravações são anteriores aos anos 50, altura em que se começou a popularizar o disco gravado em Portugal. Neste formato encontra-se apenas disponível uma recolha das suas gravações com Armandinho, de 1955, na colecção “Arquivos do Fado” da Tradisom.

Ercília Costa popularizou inúmeros temas como «Amor de Mãe», «O Meu Filho», «Fado Tango», «Fado Aida», «Fado Ercília», «Juro» ou «Fado da Amargura». Compôs, também, alguns dos seus maiores êxitos: «Fado da Mocidade» e «O Filho do Ceguinho», vulgarizado no meio fadista como «Menor da Ercília».

 

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