Canto Gregoriano (Formas Tardias)

Este artigo tem como objectivo dar a conhecer as formas tardias do canto gregoriano: tropos, sequências e dramas litúrgicos.

Formas tardias do canto gregoriano

As formas tardias do canto gregoriano surgiram, curiosamente, na mesma época, ou seja, no século IX, numa altura em que o canto gregoriano foi imposto a toda a cristandade, não se podendo praticar outro repertório. Estas formas podem, então, ser vistas como uma alternativa de inovação, sem transgressão.

As formas tardias do canto gregoriano dividem-se entre tropos, sequências e dramas litúrgicos. Por um lado, partem de repertório anterior, mas apontam para novos horizontes no domínio histórico. Além da estrutura gregoriana de base, têm em comum uma ideia e finalidade.

Tropos

A palavra tropo parece derivar de tropo, tropare, que significa compor, trovar. O tropo é um complemento textual ou melódico a uma peça de canto gregoriano.

Historicamente, sabe-se que os tropos eram praticados no mosteiro de Jumièges (Bretanha). Por volta de 850, o mosteiro suíço de Saint Gall recebeu, casualmente, um antifonário com esses aditamentos

Sequências (prosas)

As sequências são, na verdade, uma espécie de tropos. Começaram por ser um simples tropo textual, sobre os melismas do Aleluia da Missa, e transformam-se, depois, num tropo melódico-textual, ou de complemento ao canto do Aleluia.

Na Idade Média, independentes do canto que lhe deu origem, tornam-se numa forma de canto popular que proliferou exageradamente. O Concílio de Trento (já no século XVI) reduziu drasticamente a vasta produção medieval, com mais de 5000 sequências, a quatro: «Victimae paschali laudes» (Páscoa), «Veni Sancte Spiritus» (Pentecostes); «Lauda Sion» (Corpo de Deus) e «Dies irae» (defuntos).

Dramas litúrgicos

Originalmente, não são mais do que simples tropos criados como aditamento melódico ao Intróito de certas missas. Como uma parte desses tropos apresentavam uma forma dialogal, a execução deixou de caber somente a um cantor.

Estas peças começaram a ser dramatizadas, no século X, dando lugar a encenações e abrindo precedentes para peças de teatro musical religioso. Os auto sacramentais e a própria ópera derivam destas peças.

Estas inovações surgiram em mosteiros como Saint Gall, S. Marcial de Limoges e Fleury, desenvolvendo-se em torno das festas das Páscoa e de Natal, com base no mesmo canto, «Quem quaeritis?». É o ponto de partida para a formação de ciclos e dramas litúrgicos onde, ao diálogo inicial, se acrescentaram novas formas, como os plancuts, que são verdadeiras árias e lamentações.

Eventualmente, as autoridades eclesiásticas decidiram regulamentar estas peças teatrais, que começavam a fugir à norma moral. No entanto, a ideia permaneceu e surgiram novas formas de encenação musical praticadas fora da Igreja, o caso dos Mistérios e dos Milagres.

Os género de dramas litúrgicos são, então, os seguintes:

  • Mistérios: dramas da Paixão.
  • Peças: representações sagradas ou profanas, sem carácter de gravidade.
  • Milagres: representações de lendas miraculosas.
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References:

Borges, M.J. & Cardoso, J.P. (2008). História da Música Vol I. Sebenta Editora.

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