Orientado para o público feminino o género Shoujo manga (ou Shôjo manga) tem como público alvo as jovens adolescentes até aos 18 anos embora não seja limite de idade definido. O kanji japonês para shojo significa de forma literal “mulher jovem”. Para mulheres adultas existe o género Josei e para o publico adolescente masculino existe o Shounen.
A escolha de um público
A divisão entre o publico alvo das publicações começou no inicio do século XX quando surgiram publicações como a Shoujo Kai de 1903 e mais tarde com Shoujo Sekai (1906) e Shoujo no tomo (1908) totalmente dedicadas à edição de histórias criadas e pensadas para o público feminino.
Uma das primeiras autoras a influenciar as bases que constituem o género shoujo foi Nishitani Yoshiko que recorrentemente usava o romance como tema das suas obras. Embora se pense que no geral o género se concentre muito nas relações amorosas e tenha pouca aventura ou ação este não está limitado aos temas considerados mais femininos e na realidade existem muitos estilos de narrativa que se estendem desde o drama histórico até à ficção cientifica.
Tal como os outros estilos de manga o shoujo não é propriamente um género, mas antes a definição de um público alvo. Por volta dos anos de 1960 a maioria dos autores de manga japoneses eram homens e havia poucas oportunidades para as mulheres dentro da área artística da banda desenhada levando o género a ser influenciado pela perspetiva masculina de como deve ser construída uma protagonista ou história para meninas. Como consequência os Shojo manga da época tinham invariavelmente protagonistas adolescentes que desempenhavam feitos heroicos e o romance estava menos presente. Uma década depois durante os anos de 1970 as mulheres voltaram a ganhar destaque autoral e re-definiram o género abordando a temática do romance como parte integrante das suas narrativas.
O estilo Shoujo
A apresentação visual do estilo shoujo tem algumas características distintas. Por vezes os painéis e cenários usam formas abstratas para destacar as emoções presentes em cena, como por exemplo “flores” para demonstrar uma atmosfera leve ou “brilhos” que realçam detalhes românticos. Um diferenciador comum do género é a presença de personagens bishounen, que significa “rapaz bonito”, são rapazes com uma aparência efeminizada que deixa o publico em duvida sobre o seu género e muitas vezes sendo confundidos como personagens femininas. As emoções e relações interpessoais são aspetos relevantes dentro do género embora a ligação entre o leitor e a história esteja dependente da habilidade deste em se rever nas ações e personalidade dos personagens.
A única forma de saber concretamente se um manga pertence ao estilo shoujo é se for publicado numa revista dedicada aos manga shoujo. O publico ocidental classifica algumas obras como shoujo embora no Japão não sejam vistas como tal. Nos últimos anos muitas obras foram traduzidas para o ocidente e publicadas em revistas em inglês como a The Ribon Magazine ou a Shoujo Beat.
Acontece que manga com protagonistas femininos ou elementos românticos tendem a ser classificados como shoujo no ocidente embora no Japão se insiram em outros géneros como é caso do manga shonen Azumanga Daioh ou do seinen Oh My Goddess. O desejo de dissociar a palavra shoujo do seu significado é precisamente para não afastar o publico masculino e potencias novos leitores.
