Quem é Ondjaki
Para os mais íntimos Ndalu de Almeida, para os leitores Ondjaki, nome que significa ”guerreiro” em Umbundu. O poeta e escritor africano nasceu a 5 de julho de 1977 na cidade de Luanda, Angola. Cidade que tem marcado as suas obras e onde leu pela primeira vez autores como Graciliano Ramos, Sartre, Ionesco e mais tarde, Vargas Llosa e Gabriel Garcia Márquez.
A sua paixão pelas actividades culturais foi surgindo através de cursos de mímica e de teatro, tendo neste último integrado um grupo de teatro amador, onde participou na peça do dramaturgo Eugène Ionesco – “O futuro está nos ovos”. Simultaneamente, diante de uma sociedade dividida e corrupta, envolveu-se em várias iniciativas, destacando-se a revista cómico-satírica – “Nganza Times”.
Após o 10º ano mudou-se para Lisboa, Portugal, onde se licenciou em Sociologia. Durante o tempo que viveu na capital portuguesa, Ondjaki aproveitou para aprofundar os seus conhecimentos em teatro, optando por uma especialização profissional. Ainda em terras lusas, o angolano frequentou um curso de escrita criativa, que viria a ser fulcral na produção das suas obras.
2000 é marcado no campo profissional por três acontecimentos: obtém o doutoramento em Estudos Africanos em Itália, fica em segundo lugar no prémio António Jacinto, em Angola, e publica o seu primeiro livro – “Actu Sanguíneu”.
Focado nos estudos acaba por se mudar para Nova Iorque, onde durante seis meses estuda na Universidade de Columbia. Nesse período aproveita para explorar a sétima arte, co-realizando juntamente com Kiluanje Liberdade um documentário sobre a cidade de Luanda, intitulado de “Oxalá cresçam pitangas – histórias de Luanda” (2006).
As publicações de obras começam-se a suceder, assim como os prémios e as distinções. Em 2001 publica o romance “Bom Dia Camaradas” e os contos “Momentos de Aqui”. Um ano depois, 2002, dá a conhecer a novela “O Assobiador” e a poesia “Há Prendisajens com o Xão”. No ano de 2004 arrisca-se na literatura infantil com “Ynari: A Menina das Cinco Tranças” e lança mais um romance, desta vez, “Quantas Madrugadas Tem a Noite”- Em 2005 e 2007 volta aos contos, primeiro com “E se Amanhã o Medo”, seguindo-se “Os da minha rua”. Em 2008 publica a “Avó Dezanove e o segredo do soviético” (romance) e “O leão e o coelho saltitão” (infantil). 2009 é um ano cheio: “Materiais para a confecção de um espanador de tristezas” (poesia), “Os vivos, o morto e o peixe-frito” (teatro) e “O voo do Golfinho” (infantil). Outras obras: “Dentro de mim faz Sul” (poesia, 2010); “A bicicleta que tinha bigodes” (juvenil, 2011); “Os olhos grandes da princesa pequenina” (infantil, 2011); “O caso do cadáver esquisito” (2011); “Os Transparentes” (romance, 2012); “Uma escuridão bonita” (juvenil 2013); “Sonhos azuis pelas esquinas” (contos 2014); “O céu não sabe dançar sozinho” (contos, 2014); “O Carnaval da Kissonde” (infantil, 2015); “Os modos do mármore” (poesia, 2015); “Verbetes para um dicionário afetivo” (co-autoria; Portugal, 2015); “O convidador de pirilampos” (Portugal, 2017) e o mais recente: “Há gente em casa” (poesia, 2018).
Os prémios têm feito justiça as suas obras. Destacando-se o Prémio Grinzane for Africa Prize – Young Writer (o 2008), Prémio de Conto Camilo Castelo Branco (2007) em consequência pelo “Os da Minha Rua” e o Prémio José Saramago 2013 pela obra “Os Transparentes”. De referir que, foi o único escritor africano entre os 10 finalistas do Prémio Portugal Telecom de Literatura (2008).
Com mais de duas dezenas de obras publicadas nas mais diversas línguas, o escritor é ainda membro honorário da Associação de Poetas Húngaros, da União dos Escritores Angolanos e membro fundador (não permanente” da ” ‘Associação Protectora do Anonimato dos Gambozinos’.
Ondjaki não é somente escritor, poeta, cineasta, pintor é um artista.