Neogótico, ou revivalismo gótico é um estilo de arquitetura revivalista originado na Inglaterra do século XVIII. A arquitetura Neogótica é identificada a partir da soma de elementos do Gótico, como o arco ogival, a abóbada de nervuras, os pináculos, rendilhados, as gárgulas, os vitrais etc, em uma construção moderna. Podendo, ainda, haver uma simplificação destes elementos e o convívio deles com outros revivalismos. Não se deve deixar de frisar, a abertura do Neogótico para o uso de novas tecnologias e novos materiais, como o ferro e o vidro.
O movimento de revivalismo gótico teve uma influência significativa na Europa e nas Américas, e talvez tenha sido construída mais arquitetura gótica revivalista nos séculos XIX e XX do que durante o movimento gótico original.
O Neogótico, teve o seu auge entre 1830 e 1880, com um apelo Romântico e uma nostalgia pelos tempos passados da Idade Média, influenciou profundamente a História a Arquitectura e do Design deixando marcas, entre outros, no movimento de Arts & Crafts inglês e no Modernismo Catalão.
O Neogótico contou com uma grande carga teórica de profissionais preocupados primordialmente em estudar o sistema estrutural das construções góticas
O neogótico recupera a irregularidade da linha e da construção, assim como a inclinação para os efeitos insólitos e surpreendentes. O êxito deste novo estilo em Inglaterra é explicado em função da vitalidade do repertório técnico e formal do gótico em sólo inglês pelas obras de arquitetos como Christopher Wren, John Vanbrugh e William Kent.
O neogótico tem inicio em Inglaterra, mas com o tempo difunde-se pelos demais países europeus, e depois para os Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Em França, nasceu como um aspecto menor da anglomania, começando por volta de 1780. Quando Alexandre de Laborde, erudito francês, disse que “a arquitetura gótica tem uma beleza própria”, a idéia era nova para a maioria dos franceses.
O primeiro edifício neogótico construído em França, com características significativas, foi a Basílica de Sainte-Clotilde, em Paris. Iniciada em 1846 pelo arquitecto de origem alemã François-Christian Gau, e consagrada em 1857. Já na Alemanha, ressurgiu o interesse pela Catedral de Colonia, iniciada em 1248 e que estava inacabada na época. Os trabalhos reiniciaram-se em 1824 e terminou em 1880, tornando a catedral no ápice da arquitectura neogótica Alemã e o edifício mais alto do mundo naquela época.
Na América do Norte, tornou-se comum, a utilização de elementos góticos na arquitectura de moradias e pequenas igrejas. A reconstrução do campus da Universidade de Yale e os primeiros prédios do Bostan College, contribuíram para o estabelecimento da tradição neogótica na arquitectura das Instituições de educação americana.
O Neogótico chegou a Portugal, que na época era aliada da Inglaterra, em meados de 1772, através do inglês Guilherme Elsden. O estilo gótico dominou a arquitectura Portuguesa, no período entre o século XIII e os inícios do século XVI. Como em outros países europeus, a partir do século XIX vários dos antigos edifícios góticos foram restaurados e muitas vezes parcialmente recriados, de maneira mais ou menos fantasiosa, em estilo neogótico ou, no caso específico de Portugal, em estilo neomanuelino.
Por outro lado, também houve edifícios construídos de raiz em estilo neogótico e/ou neomanuelino desde a primeira metade do século XIX, acompanhando o espírito romântico vigente na época.
Muitas destas primeiras experiências também incorporam toques orientalistas e exóticos, com citações da arquitectura islâmica. Exemplo o Palácio da Pena em Sintra, que representa uma mistura caprichosa entre o neogótico, o neomanuelino e o neo-islâmico.
O neomanuelino transformou-se em um dos estilos favoritos em Portugal, levando a que o neogótico estrito este representado em muitos menos edifícios. Um exemplo notável do Neogótico Português, é o Elevador de Santa Justa (1898-1902), em Lisboa, uma estrutura de ferro decorada com motivos góticos.
O neogótico não se limitou à arquitectura, chegando com o tempo ao design de mobiliário, ao design objectos de decoração, à música e à Literatura.
Exemplos de mobiliário neogótico são facilmente encontrados em Inglaterra a partir de 1740, muitas vezes, produzidos para mobilar os próprios edifícios Neogóticos da época, exemplo disso é o mobiliário da mansão de Lady Promfet em Arlingtons Street, Londres. A Decorações neogótica ficou caracterizada principalmente no papel de parede e nas cerâmicas. O catálogo da Grande Exposição de 1851 está repleto de detalhes neogóticos, desde rendados e tapetes até maquinaria pesada.
Na literatura inglesa, o revivalismo gótico e o romantismo da época, deram origem à novela gótica, um género inaugurado por “O Castelo de Otranto” de Horace Walpole, e inspirado no género de poesia medieval. Poemas como Os Idílios do Rei, de Alfred Tennyson, projectam temas modernos em cenários medievais dos romances Arturianos. Na literatura germânica o revivalismo gótico também teve raízes em tendências literárias.
References:
ARGAN, Giulio Carlo. “O Revival”. In: Id. A arte moderna na Europa. De Hogarth a Picasso. São Paulo: Companhia das Letras, 2010
AUSSEL, A. Arte neogótica. In: ABC dos estilos da Arquitetura. 2ª ed. Lisboa: Ed. Presença, 1970
BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2009
CARVALHO, Maria Cristina Wolff. A arquitetura e o século XIX. In: Ramos de Azevedo. São Paulo: Edusp, 2000
CHICÓ, Mário Tavares. Arquitectura gótica em Portugal. 2ª ed. Portugal, Brasil: Livros Horizonte, 1968
CHILVERS, Ian (org.). Dicionário Oxford de arte. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 584 p.
DICIONÁRIO DA PINTURA MODERNA. Tradução Jacy Monteiro. São Paulo: Hemus-Livraria Editora, 198. 380p. il. p&b.
GOMBRICH, E.H. A história da arte. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1993, 15a edição, 543 pp.
LA NUOVA ENCICLOPEDIA DELL’ARTE GARZANTI. Milão: Garzanti Editore, 1986. 1112p. il. p&b, color. LEWIS, Michael J. The Gothic Revival. London: Thames and Hudson, 2002