Mary Shelley

Breve olhar sobre a vida e a obra de Mary Shelley, autora de «Frankenstein, ou o Prometeu Moderno»

Mary Shelley foi uma escritora britânica conhecida, pelo grande público, essencialmente por ter criado o enredo de «Frankenstein», o romance mítico do « Prometeu Moderno», prenunciador das manipulações genéticas em laboratório de hoje em dia.  Ao longo de uma vida relativamente breve e largamente marcada pelo luto, Shelley publicou ainda seis extraordinários romances e um relato de viagens.

Mary Wollstonecraft Shelley nasceu em Londres, no dia 30 de agosto de 1797, no seio de uma família de intelectuais. O seu pai, William Godwin (1756-1836), notável precursor do pensamento anarquista, destacou-se sobretudo pelas suas teses deterministas e a sua mãe, Mary Wollstonecraft (1759-1797), pioneira do feminismo, distinguiu-se por ter escrito um panfleto contra o sistema patriarcal. Falecera alguns dias depois de ter dado à luz a sua única filha, Mary.

Mary cresceu, assim, na companhia dos filhos da sua madrasta, Mary Jane Clairmont, numa casa regularmente frequentada pela intelligentsia progressista, o que contribuiu bastante para o seu desenvolvimento intelectual, revelando, desde muito cedo, uma certa maturidade e uma inteligência superior excecional. Foi, então, neste contexto, que travou conhecimento com Percy Bysshe Shelley (1792-1822), discípulo de seu pai e um dos mais notáveis poetas românticos ingleses. Apaixonados, Mary e Percy, decidiram fugir, já que William Godwin não aprovava a relação, e viajar pela Europa na companhia de Claire Clairmont, meia-irmã de Mary. Quando visitaram a Suíça, em 1816, ficaram hospedados no local onde estava o poeta inglês Lord Byron (1788-1824), com quem debateram e teorizaram inúmeros assuntos.

Apesar de algumas dificuldades financeiras, o casal fez sempre questão de manter um extremo rigor no que dizia respeito à aprofundação de conhecimentos e à pesquisa, dedicando inúmeras horas ao estudo de línguas clássicas, ou  à consolidação de várias teorias da literatura, não descurando outros campos artísticos, como a música ou a pintura.

Entretanto, Mary Shelley começara a redigir a sua obra-prima, «Frankenstein, ou o Prometeu Moderno», a qual foi publicada em 1818. O enredo da obra nasceu, mais precisamente, numa noite de verão agitada pela chuva e pelo vento, quando Mary, Percy Shelley, Lord Byron e John Polidori (1795-1821) decidiram, à luz das velas, partilhar histórias sobrenaturais na Villa Diodati, na Suíça, mansão que tinha sido alugada na altura por Lord Byron. Mais tarde, no entanto, Mary Shelley revelou que concebera primeiramente «Frankenstein» num sonho.

«Frankenstein», que combina uma tessitura filosófica com elementos góticos, tornou-se rapidamente num clássico da literatura inglesa e numa referência importante para o mundo da ficção científica, não só devido à sua temática pioneira (a reanimação de tecidos mortos e a criação de vida artificial), mas também devido à peculiar interação entre as duas personagens principais: o jovem cientista Victor Frankenstein e a sua criatura medonha.

Mary e Percy contraíram matrimónio em 1816 e Mary Shelley engravidou cinco vezes, mas só um filho, de seu nome Percy Florence Shelley, sobreviveu. Depois de uma relação de nove anos, que terminara com a morte trágica de Percy num naufrágio em 1822, Mary Shelley decidiu voltar para Inglaterra com o seu filho, dedicando-se sobretudo à publicação dos poemas do seu falecido marido e à composição de novos enredos como, por exemplo, «O Último Homem» (1826), livro de ficção que relata a história dos últimos momentos da humanidade, já que, no imaginário de Shelley, esta havia sido destruída por uma praga.

Mary Shelley faleceu no 1 dia fevereiro de 1851, em Londres, na sequência de um tumor cerebral, deixando um inegável legado para as gerações vindouras.

 

Obras de Mary Wollstonecraft Shelley (títulos no original):

  • Frankenstein or the Modern Prometheus (1818)
  • Mathilda (1819)
  • Valperga, or the Life and Adventures of Castruccio, Prince of Lucca (1823)
  • The Last Man (1826)
  • The Fortunes of Perkin Warbeck (1830)
  • Lodere (1835)
  • Falkner (1837)
  • Rambles in Germany and in Italy in 1840, 1842, and 1843 (1844)
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