Milan Kundera é um escritor francês, de origem checa. Nascido 1929 em Brno, antiga Checoslováquia e atual República Checa, Kundera é oriundo de uma família de classe média, e o seu pai era pianista, pelo que desde cedo o autor foi introduzido ao mundo das artes, tendo aprendido a tocar com o seu pai e posteriormente, estudado música; esta ligação precoce à música manteve-se ao longo da vida de Kundera, e é uma temática bastantes vezes explorada nos seus romances, quer através da referência a reconhecidos autores, ou como entidade presente, que serve como ligação entre personagens.
Após a conclusão dos seus estudos secundários na cidade de Brno, Milan Kundera mudou-se para Praga, onde ingressou na Faculdade de Artes da Universidade Carolina, para se dedicar ao estudo de Literatura e Estética. Contudo, antes da conclusão do curso, Kundera transferiu-se para a Faculdade de Cinema da Academia de Artes Performativas, onde optou por estudar Realização e Escrita de Guiões. Em 1952, Kundera terminou os seus estudos na Faculdade de Cinema, onde foi convidado a permanecer enquanto docente de uma cadeira ligada à literatura do mundo.
Paralelamente à sua vida universitária, desde a adolescência que Kundera apresentava fortes convicções políticas, muito devido à influência da Segunda Guerra Mundial e respetiva ocupação alemã, tendo ainda na sua cidade natal de Brno se filiado ao Partido Comunista. Após a sua mudança para Praga, Kundera manteve-se um forte militante do partido, apesar dos diversos conflitos que daí nasceram. Ainda durante a sua época de estudante na Faculdade de Cinema, em 1950, foi expulso do partido, devido a supostas atividades contrárias ao partido; mais tarde, foi readmitido, para ser expulso novamente durante o ano de 1970, devido à sua envolvência na Primavera de Praga, um período de revolução e liberalização política na Checoslováquia, rapidamente travado pela invasão soviética. Milan Kundera ainda permaneceu mais alguns anos no seu país natal, lutando pela reforma do comunismo no país, mas no ano de 1975 acabou por ter de se mudar, tendo escolhido França como destino. Aí dedicou-se também ao ensino na Universidade de Rennes, e acabou por obter a nacionalidade francesa em 1981; Kundera assume-se como francês e pretende que a sua obra seja classificada como literatura francesa, apesar das fortes influências das suas vivências na Checoslováquia e da ideologia comunista.
Embora sempre tenha demonstrado o seu interesse pela Literatura, estando ligado a esta desde os seus estudos iniciais e, mais tarde, como professor, com a exceção de alguns poemas, Milan Kundera só se dedicou verdadeiramente à escrita aos 38 anos; o seu primeiro romance, intitulado “A Brincadeira”, publicado em 1967, é uma forte crítica ao totalitarismo do comunismo vivido na época na Checoslováquia. Após a ocupação soviética, foi proibida a publicação deste livro, bem como de qualquer obra de Kundera; alguns anos depois, já após a sua mudança para França, foi-lhe retirada a nacionalidade checa. Em França, Milan Kundera continuou a dedicar-se à escrita, embora tenha passado a escrever em francês. Em 1984 publica “A Insustentável Leveza do Ser”, obra que foi adaptada ao cinema em 1987, e que o tornou reconhecido a nível mundial. Outros dos seus romances mais conhecidos são “A Vida não é Aqui”, “A Valsa do Adeus”, “O Livro do Riso e do Esquecimento” ou “A Imortalidade”.
Além das já referidas comuns referências à música e ao comunismo, que desempenharam um importante papel na vida do autor, os romances de Kundera possuem um forte cunho filosófico, debruçando-se entre constantes dualidades e paralelismos, oscilando entre o trágico e o cómico, e com uma vertente onírica bastante evidente. A par da escrita de romances, Milan Kundera dedica-se ainda à escrita de ensaios que versam sobretudo sobre temáticas literárias, e pontualmente fez algumas incursões na escrita de contos, poemas e peças de teatro.