Nascimento: 9 de Abril de 1821
Morte: 31 de Agosto de 1867
Ocupação: Poeta
Obras Principais: “As Flores do Mal” (Les Fleurs du Mal)
O poeta, crítico e tradutor, Charles Pierre Baudelaire encontrou a beleza e o glamour nos lençóis ondulantes e nas abóbadas negras dos rituais funerários. Baudelaire auxiliou o desenvolvimento do gótico americano ao interiorizar Edgar Allan Poe como irmão literário. A partir do exame intenso do imaginário gótico em Poe, Baudelarie reconheceu a escrita de um génio torturado incompreendido por um público leigo.
No ensaio “Edgar Allan Poe, Vida e Obra” (Edgar Allan Poe, Sa Vie et Ses Ouvrages, 1852, Revue de Paris), Baudelaire insinuou que ambos partilhavam o mesmo temperamento, entre outros traços comuns como o historial familiar, as doenças e pobreza, o abuso do álcool e do ópio, o amor pelo exotismo, e padrões literários descomprometidos.
Em 1847, Charles Baudelaire descobriu e validou os trabalhos góticos de Poe ao publicar um comentário crítico positivo. Subsequentemente, traduziria os poemas e histórias de Poe para o francês, e entre 1848 e 1864, publicou esse corpo magnífico em cinco volumes, fruto do esforço de disponibilizar as obras de Poe a uma audiência vasta, e que contribuiu para o lugar de Poe entre os escritores clássicos.
Na introdução do livro “Novos Contos Extraordinários” (Nouvelles Histoires Extraordinaires, 1857), Baudelaire analisou os trabalhos de Poe a partir de uma perspetiva dita psicológica. Em “Histórias Grotescas” (Histoires Grotesques et Sérieuses, 1865), Baudelaire louvou as ilustrações dos sonhos e pesadelos em Poe, e também a compreensão do medo, neurastenia, obsessão, e insanidade. Daí o imaginário de Poe ser uma presença nos escritos de Baudelaire, como o poema Un Voyage à Cythère ou no Le Spleen de Paris (1869), uma antologia de trabalhos originais detalhando o idealismo literário e resultante melancolia de Baudelaire. Encorajado pelo estilo gótico ousado de Poe, entre temas e personagens excitantes, Baudelaire adotou a crença que a tarefa do escritor é exprimir a arte pela arte.
Charles Baudelaire revelou-se ser um poeta supremo entre os poetas franceses com a publicação da obra “As Flores do Mal” (Les Fleurs du Mal, 1857) um hino ao romantismo negro e ao ocultismo na forma de alexandrinos e octossilábicos. Nos 132 poemas antologizados, Baudelaire apreendeu a decadência da era em imagens outonais e recorrendo ao imaginário gótico sobre a beleza feminina e o sexo lésbico, as pilhas de ossos, o fantasmagórico e o amaldiçoamento, o bizarro urbano, o pesadelo, o sadismo, e o vampirismo.
Escusado será dizer que os seus trabalhos chocaram com a desaprovação pública e com um veto religioso por obscenidade e perversidade, que permaneceu efetivo até 1949. Enfraquecido pela sífilis, partiu para a Bélgica, onde o consumo pesado de álcool resultou num derrame cerebral que o deixou afásico. Os seus versos, ilustrados por uma obsessão ávida pela morte, influenciaram a viagem demoníaca de Arthur Rimbaud no livro “Uma Estação no Inferno” (Une Saison en Enfer, 1873), e também a obra gótica de Isak Dinesen intitulada “Sete Contos Góticos” (Seven Gothic Tales, 1934), concentrada no excesso decadente e no castigo.
References:
Babuts, Nicole. “Baudelaire: Les Fleurs du Mal,” Symposium 49, no. 4 (winter 1996): 307–309.
Porter, Laurence M. “Poetiques de Baudelaire dans ‘Les Fleurs du Mal’: Rythme, Parfum, Lueur,” Romantic Review 90, no. 2 (March 1999): 263.