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A anástrofe (do grego anastrophé, que, em português, significa “mudança de posição”, ou “inversão”) é um recurso expressivo que consiste na alteração, algumas vezes violenta, da ordem natural das palavras numa frase, a qual, na língua portuguesa, costuma apresentar, em primeiro lugar, o sujeito, seguido do predicado e, posteriormente, alguns dos complementos. Antepõe, a título de exemplo, complementos ao verbo, ou modificadores do nome ao nome.
Neste sentido, e atuando ao nível da sintaxe, a anástrofe permite realçar uma palavra, ou uma ideia num texto e é uma mais-valia ao serviço da poesia, pois permite que se cumpram as exigências do verso relativamente à métrica, ou ao esquema rimático. A poesia de Ricardo Reis, por exemplo, apresenta bastantes anástrofes, como se pode verificar no seguinte verso: “Se aqui, à beira-mar, o meu indício / Na areia o mar com ondas três o apaga,”.
Embora apresente um cunho de cultura clássica na literatura e na poesia, a anástrofe não deixa de ser, também, bastante utilizada na linguagem do quotidiano com o intuito de, como referido anteriormente, colocar ênfase numa determinada palavra, ou de “provocar um efeito de surpresa na construção frásica”. 1
A anástrofe pode ainda encontrar-se na sétima arte, nomeadamente nas peculiares construções frásicas da personagem emblemática da “Guerra das Estrelas”, o mestre Yoda.
Nota: Embora haja uma linha bastante ténue a separar as definições de anástrofe e de hipérbato, a primeira diz respeito apenas à inversão da ordem natural das palavras que são “vizinhas” na frase. Já o hipérbato contempla um sentido mais lato, na medida em que abrange a ordem habitual das frases.