Introdução
O Tubarão (1975), E.U.A, realizado por Steven Spielberg, adaptado por Peter Benchley e Carl Gottlieb; Universal Pictures.
O Livro
Em Junho de 1971, Peter Benchley submeteu um esboço do seu primeiro livro, intitulado A Stillness in the Water, à editora Doubleday. Pela altura em que a versão final foi entregue, em Janeiro de 1973, os produtores da Universal Pictures já tinham garantido os direitos de adaptação do livro para filme, estando Benchley a desenvolver um guião baseado no seu livro, agora nomeado O Tubarão (Jaws).
Na sinopse, Benchley revelou que o seu propósito era explorar a reação de uma comunidade quando sujeita ao desastre natural imprevisto. Um conto contemporâneo do homem contra o monstro mítico, O Tubarão revisita o território já tornado familiar pela tradição literária que dista entre Beowulf e Moby Dick.
Quando um grande tubarão branco acaba com a vida de uma jovem mulher nas costas de Amity, Long Island, os habitantes da pequena comunidade vêm-se vitimizados pelas ameaças inesperadas que sujeitam tanto o bem-estar físico como económico. O chefe policial Martin Brody, respeitando o seu dever de servir e proteger, tenta encerrar as praias até a besta partir. Destituído da autoridade para atuar a solo, Brody é suposto ceder à pressão aplicada pelo Maior corrupto de Amity, Larry Vaughan, e manter as praias abertas. Mas nem mesmo Matt Hooper, um jovem e rico ictiologista, antecipa a natureza trágica do perigo marítimo que se avizinhava.
Com a chegada de Hooper, testemunha-se um pequeno caso entre Ellen Brody, a mulher do chefe policial, e Hooper, que a relembra sobre a vida privilegiada de que abdicou para se tornar na mulher do chefe da pequena cidade. Apesar das suspeitas de Brody nunca serem confirmadas por este, os seus ciúmes de Hooper acabam por complicar o esforço mútuo de ambos no confronto com o tubarão.
Como os ataques continuam, Brody contrata um caçador de tubarões veterano, o Capitão Quint, e embarca com Hooper e Quint no Orca para assim eliminarem o monstro. Antes do tubarão ser enfraquecido, consegue matar mais duas vítimas: Hooper e Quint; Brody permanece na embarcação destroçada enquanto observa o peixe desaparecer numa pequena espiral mortal no fundo do mar.
O Filme
O filme foi lançado pela Universal Studios no verão de 1975, atraindo das praias para o cinema uma grande massa de indivíduos. Decidindo que a estrela do filme seria o tubarão mecânico alcunhado como Bruce (e que custou uma autêntica fortuna), a Universal optou por ter um conjunto de atores desconhecidos no filme: Roy Scheider, Richard Dreyfuss, e Robert Shaw. Apesar de não sido premiado com os grandes prémios da Academia, o filme assegurou a John William um Óscar merecido pela composição da trilha sonora.
Cartaz do filme O Tubarão
A corrupção e o adultério foram eliminados do enredo, e às personagens foi dada uma nova vida: Hooper sobrevive ao encontro com o tubarão. Liberto destas complicadas considerações pela narrativa do livro, o filme conseguiu assim capitalizar no essencial: os elementos de suspense e horror da história.
Apesar de raramente estar associado aos tópicos mais controversos da década de 70, a leitura do filme realizada por Robert Torry sugere que O Tubarão foi uma reação conservativa ao falhanço do exército americano na Guerra do Vietname. Para Torry, Brody, Hooper e Quint, retratam profissionais treinados, asfixiados pela opinião pública, e incapazes de engajar com a ameaça de acordo com os instintos profissionais que lhes são inerentes. O final do filme revela uma vingança fantasiosa onde os três conseguem finalmente agir sem amarras e destruir o inimigo.
References:
Torry, Robert, “Therapeutic Narrative: The Wild Bunch, Jaws, and Vietnam,” The Velvet Light Trap 31 (1993): 27–38.
