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Tipos de estruturas narrativas cinematográficas
As narrativas cinematográficas são um processo de criação que obedecem a determinadas opções. As narrativas são, de uma forma simples, o modo como a história é contada. Podem ser classificadas como simples ou complexas estruturalmente. Isto não descreve a história em si, mas a forma como a história é contada. Podem existir histórias elaboradas e de muita complexidade que são contadas numa estrutura simples e linear. Como o contrário também acontece, uma história muito simples e sem grande profundidade é contada numa estrutura fragmentada ou com saltos temporais que faz com que a história pareça complexa. Dentro das estruturas simples, temos a narrativa linear, a binária e a circular. Nas mais complexas, temos a narrativa de inserção, a fragmentada e a polifónica.
Linear: Narrativa caracterizada por ter um fio condutor que se desenvolve sequencialmente: com começo, meio e fim. Neste tipo de narrativa não ocorrem grandes desvios. Neste caso a forma de desenvolvimento dramático obedece às seguintes fases:
- Introdução do ambiente
- Apresentação das personagens
- Conflito
- Consequências do conflito
- Resolução
Neste tipo de narrativa também se inserem os anúncios publicitários, por exemplo.
Dupla ou binária: Narrativa com duas histórias individuais e paralelas que se podem cruzar em determinado momento ou podem também manter-se distintas. A resolução pode ser comum ou estar interligada. Estrutura muito usada em filmes de acção, thrillers, westerns, entre outros. O paralelismo das duas histórias contribui para o impacto dramático que é desenvolvido ao longo do tempo na narrativa.
Circular: Narrativa que termina no ponto de início, formando um círculo. Geralmente a conclusão reencontra o começo. Estrutura associada a filmes dramáticos e poéticos como metáfora de um conflito sem uma resolução “feliz”. Como exemplo, temos o filme Titanic com este tipo de narrativa.
Inserção: Narrativa com justaposição de planos com tempo e espaço diferentes. Frequentemente recorre a Flashbacks para criar um entrelaçar temporal. Dependendo da forma como os planos são apresentados, podem confundir o espectador de qual o tempo real e qual o tempo passado ou futuro. Este tipo de narrativa é muito usado em filmes que contêm duas dimensões: a psicológica e a geográfica, quando se coloca a consciência de uma personagem ou de um realizador omnipresente. Por exemplo, quando a personagem contempla partes da sua infância ou quando a personagem recria situações. Este tipo de narrativa é frequente em filmes de montagem, pois o tempo e espaço são introduzidos apenas na pós-produção e edição do filme. Neste tipo de filmes de montagem é muito importante que as cenas tenham sido todas filmadas com a mesma direcção fotográfica para não existirem falhas.
Fragmentada: Narrativa caracterizada por cenas aleatórias e desorganizadas. Em pintura seria o que chamariamos de colagem. Neste tipo de narrativa não existe um fio condutor reconhecivel. São usadas cenas de diferentes fontes com fragmentos de realidade e suportes distintos. Por exemplo, alguns fimes políticos usaram este tipo de estrutura utilizando documentos, entrevistas, trechos soltos, sem que haja um fio temporal ou necessidade de contar uma história linear mas sim mostrar realidades que condicionem as tomadas de decisão.
Polifónica: Forma de narrativa com várias histórias que se desenvolvem ao longo do tempo e não é essencial que se interliguem. Múltiplos acontecimentos e personagens que funcionam em prol de um clima social ou um estado de espírito. Podem culminar num final coerente a todos, podem ser apresentados vários tipos de finais adequados a cada história ou grupos de personagens ou ainda deixar o final em aberto para apelar à consciência e decisão de cada espectador, de acordo com a forma como cada pessoa percepcionou a história em si. Como exemplos de narrativas polifónicas temos o filme Pulp Fiction ou o Apocalypse Now, sendo que este último apresenta três finais legítimos e coincidentes com o contexto narrativo usado.