Manuel Soeiro Vasques, nasceu no Barreiro, em 22 de Fevereiro de 1926, era um futebolista e um dos
Cinco Violinos.
Vasques, como a maioria das crianças da época começou a trabalhar muito cedo. Como era do Barreiro, o lugar onde iria começar a trabalhar era a CUF, onde era aprendiz de carpinteiro. Aos 17 anos já jogava na Equipa principal da Companhia Fabril. Como prémio pelos seus golos, passou a trabalhar no escritório. Também foi por esta altura que começou a despertar o interesse dos grandes clubes de Lisboa, o Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa e Benfica.
Foi convidado a treinar no Sport Lisboa e Benfica e agradou, mas não assinou porque tinha prometido ao tio, Soeiro, seu ídolo e grande goleador do Sporting da década de 30, não assinar por nenhum clube sem antes falar com ele. O seu tio, levou-o então ao Sporting, que chegou a acordo com a CUF para contratá-lo. Na altura, recebeu 18 contos, que depositou no banco. Por motivos sentimentais estes 18 contos nunca foram levantados por Vasques. No Sporting, recebia 600 escudos e ao chegar ao clube na época de 1946/1947 rapidamente se impõe como titular da equipa, sendo um dos cinco violinos, o mais novo. Também era conhecido como Malhoa ou Galgo de Raça. Foi o mesmo jornalista que cunhou a expressão Cinco Violinos que o chamou de Malhoa, visto que os seus movimentos graciosos faziam lembrar o pintor José Malhoa. O jornalista era Tavares da Silva. Era dos cinco violinos o mais virtuoso. Um jogador genial que podia desenhar jogadas fantásticas, e marcar golos de antologia, mas também podia passar totalmente ao lado do jogo. Visto que não era de grandes correrias, choques ou esforços desnecessários, causava alguma irritação nos adeptos. A fazer lembrar a arte de Pedro Barbosa, que também foi capitão dos leões décadas depois.
Jesus Correia, seu companheiro definiu-o assim: “Tinha bola dos pés à cabeça (…) dentro do campo era ele quem jogava ao meu lado e fazíamos umas combinações fantásticas”.
Jogava em qualquer posição do ataque, que o fez durante as durante as 13 épocas em que jogou com o leão ao peito. Durante esse período venceu oito Campeonatos Nacionais, duas taças de Portugal e um Campeonato de Lisboa. Pelo Sporting realizou quase 500 partidas, no entanto, o número de jogos oficiais foram 349 jogos, marcando 317 golos pelo Sporting, sendo até hoje um dos maiores goleadores do Sporting Clube de Portugal. Em 1950/1951 foi o melhor marcador do campeonato de Portugal com 29 golos, num total de 191 golos.
No ano de 1950, teve de optar entre o futebol e o emprego nos escritórios da CUF. Chegou a hesitar, entre o futebol e o seu emprego, no entanto, visto que por volta da mesma época recebeu uma proposta aliciante do Benfica. O presidente Ribeiro Ferreira, com medo de perder o jogador, duplicou-lhe o ordenado e financiou uma empresa de frigoríficos que abriu junto com o amigo e companheiro de Equipa Travassos. Assim conseguiu continuar a espalhar magia envergando a camisa do Sporting Clube de Portugal.
Pela Selecção Nacional de Portugal, fez 26 jogos e marcou sete golos, no entanto, devido ao seu estilo de jogo pachorrento e despreocupado, sempre foi criticado pelos adeptos, em especial os que torciam pelos rivais. Ele próprio reconhecia essa inconstância no seu futebol e a sua genialidade. Alguns anós após o término da sua carreira, em entrevista ao jornal Norte Desportivo, em 1963 ele declarava: “Como futebolista, senti que cumpri um destino ao qual não podia fugir, uma espécie de fado… não triste como é hábito ser cantado ou pintado, mas ao jeito corrido, alegre. Este foi o meu fado.”
A sua carreira encerrou-se aos 33 anos, em 1959, imitando o seu amigo José Travassos que chegou ao Sporting no mesmo dia que ele e que encerrou a carreira na mesma altura.
Posteriormente mantém a ligação ao clube por explorar a tabacaria do Estádio e trabalhar na Loja Verde. O seu nome é recordado para sempre como um dos seus mais míticos jogadores. A 10 de Julho de 2003 pouco antes do Estádio José de Alvalade século XXI ser inaugurado, Vasques morreu.