José António Barreto Travassos (também admite a grafia Travaços), foi um futebolista português nascido em Lisboa a 22 de Fevereiro de 1926. Também pode ser conhecido por Zé da Europa, por ter sido o primeiro atleta português a jogar na seleção da Europa, em 1955, contra a Grã-Bretanha e a
Irlanda do Norte.
José Travassos nasceu na Quinta do Lumiar, perto de dois campos de Futebol, e de uma carreira de tiro. Mais tarde, foi nessa zona que foi construído o Primeiro Estádio José de Alvalade. As circunstâncias do seu nascimento, curiosamente revelam também os seus maiores interesses na vida adulta. A caça e o futebol.
Aos 13 anos começou a trabalhar numa oficina de torneiro. No entanto, o seu sonho era jogar futebol, e por isso tentou a sua sorte no Sporting Clube de Portugal. O treinador de então, Joseph Szabo, em vista do seu aspeto franzino mandou José Travassos comer batatas com bacalhau.
Aos 16 anos de idade, José Travassos atravessa o rio e arranja um emprego na CUF, fábrica que dava também muita prioridade ao futebol. Começa a jogar na equipa do Barreiro, e a sua qualidade futebolistíca começa a chamar a atenção de outros clubes de maior nomeada. Na altura, para começar a jogar na equipa sénio da CUF, necessitou da autorização de um Ministro visto que tinha ainda idade de júnior. No anos em que jogava na CUF, praticou ainda atletismo.
Entre os clubes que se interessaram por José Travassos estão o Sporitng Clube de Portugal, o seu clube do coração e o Futebol Clube do Porto que oferecia melhores condições financeiras. Foi apenas por ter vontade de cumprir o seu sonho de infância que José Travassos escolheu o Sporting. Foi no ano de 1946, quando Travassos tinha ainda 20 anos, que um emissário do F.C. Porto contactou José Travassos, e chegou a um princípio de acordo com o atleta. Quando soube deste acordo, o Sporting C.P, escondeu o jogador em Torres Vedras, para que ele não assinasse contrato com o FC Porto, enquanto o Sporting CP tentava chegar a um acordo com o seu corrente Clube a CUF. Uma distração por parte do Sporting CP permitiu que o FC Porto chegasse ao jogador e o desviasse do clube, e o levassem para o norte do país.
Durante este preâmbulo Travassos cedeu aos apelos do seu coração e decidiu revelar aos dirigentes leoninos a sua localização. Poucos dias depois disto, recebeu um telegrama que o convocava para uma inspeção militar em Lisboa. Este telegrama tinha o objetivo de fazer José Travassos regressar até a capital, onde chegado assinou pelo Sporting CP.
Pelo prémio de assinatura Travassos recebeu cerca de 20 contos, e recebia um ordenado de 700 escudos. Além disso, visto que para ser liberto da CUF ele foi despedido da empresa, o Sporting arranjou-lhe outro emprego. Mais tarde, em 1950 foi o próprio Sporting que financiou a abertura de uma empresa de frigoríficos, que Travassos abriu junto com o seu companheiro de equipa e também um dos Violinos Vasques.
Na sua primeira época de Leão ao Peito Travassos tem um grande impacto na equipa, por exemplo, entrou para a história dos dérbies por marcar 3 golos ao Sport Lisboa e Benfica, num ano em que o Sporting goleou o Benfica por 6-3. Foi nessa época que Travassos teve a primeira internacionalização pela equipa Nacional de Portugal. Mais tarde viria a totalizar 35 presenças e a marcar 6 golos.
Realizou pelo Sporting cerca de 450 jogos, sendo 321 deles oficiais e marcou 128 golos oficiais. Conquistou oito Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal, e um Campeonato de Lisboa. Os seus números são impressionantes visto que não era propriamente um Ponta de Lança, mas sim o principal Municiador da linha avançada. Jogava normalmente como interior direito, e foi nesta posição que recebeu uma critíca da parte de um jornalista estrangeiro, em 1951: “Portugal não figura entre os seis primeiros países da Europa do futebol, mas possui um interior-direito, Travassos, que vale quatro mil contos. Travassos, com um penteado impecável, é tão brilhante com os pés como o seu inalterável penteado de brilhantina”.
Jogou pelo Sporting até o ano de 1958, fazendo o seu último jogo a 7 de Setembro de 1958 e capitaneou a equipa muitas vezes durante as 13 épocas ao
serviço do Clube.
Fazia Parte dos Cinco Violinos, famoso quinteto atacante que durante várias épocas, entre 1946 e 1949, espalhou o terror entre as defesas adversárias.
Após o término da sua carreira, ficou integrado na estrutura formativa do Sporting CP, e treinou durante algumas épocas os juniores, tarefa que abandonou no fim dos anos 60 para se dedicar a outra das suas paixões, a caça.
Zé Da Europa
Na época, era pouco comum os futebolistas portugueses atravessarem fronteiras, no entanto, José Travassos foi convocado para um jogo comemorativo dos 75 anos da Federação Irlandesa a 13 de Agosto de 1955 em Belfast. Jogariam contra a Selecção bretã um conjunto de jogadores espalhados pela Europa. Na altura em que recebeu a convocatória Travassos já estava de Férias, na Costa da Caparica, e retomou os treinos por conta própria. Foi um dos principais dinamizadores da equipa Européia, na vitória por 4-1, tendo influência direta em dois golos, fazendo com que a UEFA, agradecesse a FPF.
Faleceu em 2002, no dia 12 de Fevereiro com perto de 76 anos. A 27 de Março de 2015 foi inaugurada a Rua José Travassos em Lisboa. A Rua José Travassos liga a Rua Francisco Stromp e a Avenida Padre
Cruz, e é transversal à Rua Vitor Damas.
https://www.youtube.com/watch?v=LLHu6HC2_7Q&ab_channel=scpcpmemoria