Os 300 espartanos retrata uma guerra histórica entre o exército grego e o Império Aqueménida, adaptado posteriormente a banda-desenhada e a um filme.
Banda-desenhada e filme “300”
O enredo gira em torno de Leónidas, rei dos espartanos, que sabendo da aproximação do Império Aqueménida, liderado por Xerxes I, procura confrontá-lo, em vez de aceitar as propostas do emissário persa (também se pode apelidar desta forma), que o monarca acaba por matar. Este acontecimento passou-se na realidade e na ficção em cerca de 480 a.c.
Apesar de avisar os perigos da subjugação aos persas, tanto o oráculo como o senado espartano decide não entrar em confronto direto, o que leva a que Leónidas decida “ir dar uma volta” com 300 soldados, os 300 espartanos, em direção ao desfiladeiro de Termópilas, que originará a batalha de Termópilas, e confrontar os persas.
Apesar de serem meramente 300 contra cerca de uma dezena de milhares de soldados, entre os quais os Imortais, os mais famosos e implacáveis guerreiros do Oriente, o pequeno exército espartano aguenta-se durante dias, destruindo grande parte do exército adversário. Apenas os Imortais conseguem causar algumas fatalidades nos espartanos, mas mesmo eles acabam por ser derrotados. O local em si escolhido, mesmo em frente ao desfiladeiro, permite uma grande vantagem estratégica e que não seja rodeados pela totalidade do exército Aqueménida que, por sua vez, é obrigado a enviar grupos de soldados em pequeno grupo.
No entanto, os persas acabam por ser traídos Efialtes, um corcunda, descendente de um antigo soldado que é descartado como guerreiro pelo rei de Esparta e que conta a Xerxes I como contornar o desfiladeiro e cercar os 300 espartanos.
Apesar da derrota, Leónidas consegue o seu objetivo inicial, provar a todos que Xerxes I é mortal e não um deus, atirando, de longe, uma lança que feriu o líder e imperador persa, fazendo-o sangrar. Por outro lado, Xerxes I também cumpre com a sua palavra quando diz que taparia o sol de setas, se necessário, para derrotar os 300 espartanos liderados por Leónidas.
A história é relata por Dilio, o único de os 300 espartanos que sobreviveu, cego de um olho durante a batalha e que a mando de Leónidas foi ordenado a retirar-se e a espalha a história por toda a Grécia com o intuito de a unir.
O livro de banda-desenhada foi escrito por Frank Miller em 1998 e publicado pela Dark Horse Comics, utilizando uma fotografia bastante impressionante, sendo que o mesmo que foi produtor do filme homólogo de 2007, onde o realizador Zack Snyder utilizou o mesmo estilo de imagem, procurando adaptar o live action (ação real) à imagem dos quadradinhos que criara. Já antes, Frank Miller decidiu adaptar outra das suas bandas desenhadas, Sin City (A Cidade do Pecado), de 2005, aos cinemas, pelo que a sua participação como produtor não foi a sua primeira experiência na sétima arte e teve algum peso nas escolha de Zack Snyder.
No ano de 2007 recebeu o prémio de “Melhor filme de Hollywood” no Hollywood Film Festival. Além disso, no MTV Movie Awards do mesmo ano, foi indicado a cinco categorias: “Melhor filme”, “Melhor desempenho de um ator” (Gerard Butler)”, “Melhor revelação (Lena Headey)”, “Melhor vilão (Rodrigo Santoro)” e “Melhor luta (Gerard Butler contra o gigante)”, tendo ganho esta última.
Versão histórica de os 300 espartanos
A realidade é que a história de os 300 espartanos não é tão mítica ou lendária quanto os escritos de Lorde Byron, de 1824, aqueles que criaram a lenda e a história, fazem crer.
Segundo José Varandas, docente da Faculdade de Letras ligado à história militar, lembrou, à época de Lorde Byron, Inglaterra necessitava de enfraquecer o rival otomano e, portanto, poderá ter querido endeusar o mito dos 300 de forma a desvalorizar o império rival.
Para além disso, Leónidas dificilmente quereria apelar à união de toda a Grécia, uma vez que era um rei tribal, que dificilmente teria a ideia de uma Grécia unificada. O número também terá sido exagerado e, em vez de 300, terão sido poucos milhares de espartanos, embora se reconheça a paixão e capacidades militares destes que, usando o desfiladeiro como jogada estratégica para não serem arrasados pela superioridade em termos de números de soldados do exército rival.
Finalmente, não terá havido uma traição, mas sim um enfraquecimento dos espartanos que, mesmo conseguindo uma proeza de sustentar vários milhares de soldados adversários durante muito tempo, não resistiram às lanças e setas arremessadas de longe.
References:
300, IMDB. Disponível em: https://www.imdb.com/title/tt0416449/?ref_=nm_flmg_prd_4. Consultado a 16/06/2018
Leónidas e os 300 espartanos que afinal eram mais, Expresso. Disponível em: http://expresso.sapo.pt/sociedade/2017-10-08-Leonidas-e-os-300-espartanos-que-afinal-eram-mais#gs.mvSZ884 Consultado a 16/06/2018