O ombro corresponde a um complexo articular constituído por três articulações (a glenoumeral, a esternoclavicular e a acromioclavicular) e uma “pseudo” articulação (a escápulotorácica).
A articulação glenoumeral é a articulação entre a cabeça do úmero e a cavidade glenóide da escápula (ou omoplata). É a principal articulação do ombro, classificando-se como sendo do tipo esferoidal, ou enartrose, dado que permite movimentos em vários eixos e vários planos. Os movimentos possíveis de realizar com esta articulação são a flexão/extensão, a abdução/adução e a rotação interna/externa. Os valores das amplitudes articulares normais são os seguintes: flexão – 180°, extensão – 0°, hiperextensão – 45°, abdução – 180°, adução – 0°, abdução horizontal – 30°, adução horizontal 135°, rotação externa – 90° e rotação interna – 90°.
A estabilidade da articulação glenoumeral é concedida através da presença do labrum, um anel de fibrocartilagem que existe dentro da cavidade glenóide. Esta estrutura providencia estabilidade articular, porque aumenta as áreas de contacto da cabeça do úmero. Apesar do labrum conceder estabilidade articular, ainda existe um suporte adicional através de mecanismos estáticos e dinâmicos. Os mecanismos dinâmicos correspondem às ações musculares, sobretudo da coifa dos rotadores. Os mecanismos estáticos, por sua vez, dizem respeito à cápsula articular e ao suporte ligamentar, nomeadamente os ligamentos glenoumeral, coracoumeral e coracoacromial.
A articulação acromioclavicular classifica-se como sendo uma articulação plana, entre a parte medial do acrómio e a extremidade acromial da clavícula. É a articulação que suspende o membro superior em relação ao tronco, permitindo também um aumento da amplitude de movimento do úmero na cavidade glenóide. Esta articulação é estabilizada principalmente pelo ligamento acromioclavicular, com contribuição adicional dos ligamentos costoclavicular e coracoclavicular.
A articulação esternoclavicular corresponde à articulação entre a extremidade external da clavícula, manúbrio do esterno e cartilagem da primeira costela. Em conjunto com a articulação acromioclavicular, permite que o úmero se mova dentro da cavidade glenóide, possibilitando que atinja os 180° de amplitude máxima de abdução. Esta articulação também junta o esqueleto apendicular ao esqueleto axial. A sua congruência óssea determina que seja uma articulação fraca, sendo estabilizada pelos ligamentos esternoclaviculares, interclavicular e costoclavicular.
A “articulação” escápulotorácica, entre as costelas e a escápula, é muito importante na biomecânica fisiológica do ombro, uma vez que a estabilidade escapular permite que o complexo do ombro funcione corretamente. Em termos funcionais, é como se fosse uma articulação, mas não tem as características anatómicas para ser considerada enquanto tal. Esta articulação não tem suporte ligamentar, apenas é estabilizada pelos músculos que ligam a escápula ao tórax.
A principal função do complexo articular do ombro diz respeito ao posicionamento da mão no espaço. Como funções secundárias, o ombro promove uma fixação do membro superior ao tronco e serve como um fulcro de movimento do membro superior.
São vários os músculos que atuam no complexo do ombro, podendo enumerar-se os trapézios (superior, médio e inferior), o serrátil anterior, o elevador da escápula, os rombóides (maior e menor), o subescapular, os deltóides (anterior, médio e posterior), os peitorais (maior e menor), o grande dorsal, os redondos (maior e menor), o infraespinhoso, o supraespinhoso e, por fim, o bicípite braquial.
O suprimento arterial do complexo do ombro é feito através dos vários ramos da artéria axilar.
References:
Dutton, M. (2012), Dutton’s Orthopaedic Examination, Evaluation and Intervention (Third Edition), The McGraw-Hill Companies, Inc (Chap. 16, pp 469-491)
Magee, D. J. (2014), Orthopedic Physical Assessment (Sixth Edition), Saunders, Elsevier (Chap. 5, pp 252-257)