Guerra Civil de Espanha

Durante três anos, Espanha esteve dividida num conflito bélico que hoje é visto pelos historiadores como um ensaio da Segunda Guerra Mundial. Entre 1936 e 1939, os espanhóis presenciaram uma Guerra Civil devastadora, onde todos os elementos militares e ideológicos, com mais destaque do século XX, estiveram presentes. Estima-se que morreram em combate, ou em consequência de bombardeamentos, cerca de 200 mil pessoas.

Causas do Conflito

Antes da Guerra Civil, Espanha era um país na Europa em sérias dificuldades económicas, causadas pela grave crise mundial de 1929. A somar a isto, proliferavam por todo o território disputas políticas. O povo estava descontente com o regime monárquico por não conseguir acabar com a fome. A solução passou por uma ditadura/monárquica do género fascista, instalada em 1923, liderada pelo general Primo de Rivera. Face as pressões sociais esta acabaria por ser derrubada em 1931, depois de um movimento revolucionário instalar a República no país.

A intenção era encontrar estabilidade, contudo a história revelou-se outra. Em 1936, a Frente Popular, ligada ao Partido Republicano e a grupos comunistas, socialistas e anarquistas, venceram as eleições. As forças de direita e de esquerda tornaram-se ainda mais rivais, sobretudo quando foram apresentadas as medidas do governo, entre as quais constava a reforma agrária, que assustou sectores fulcrais da sociedade espanhola – grandes proprietários, clero, elementos do exército e alta burguesia. Rapidamente os opositores se reuniram num só partido, claramente de extrema direita, denominado por Falange, no qual se destacavam os generais Franco e Sanjurjo.

A morte a 12 de julho de 1936 de José Castillo, membro da Guarda de Assalto (força de segurança urbana) por falangistas e na madrugada seguinte do deputado e monarquista José Calvo Sotelo pelos republicanos, em acto de vingança, foi suficiente para atiçar o que se avizinhava, a algum tempo, como inevitável.

Guerra

No dia 18 de julho de 1936 inicia-se a Guerra Civil de Espanha, depois do general Francisco Franco liderar o exército num golpe de estado. A estratégia acabaria por não ter o efeito esperado, deixando o país partido em dois: de um lado os Falangistas e apoiantes da direita (Nacionalistas) e do outro republicanos, democráticos e esquerdistas (Frente Popular). Num panorama negro de morte, destruição, perseguições e execuções comandadas por ambos os lados.

As regiões mais desenvolvidas a nível económico e industrial, isto é, Madrid, Valencia e Barcelona estavam sob a influência dos Republicanos, já Navarra, Castilha, Galícia e certas zonas de Andalucia e Aragon encontravam-se sob domínio dos Nacionalistas. Todavia, era nas Forças Armadas que os Nacionalistas ganhavam terreno, uma vez que mantinham do seu lado grande parte do Exército, inclusive, o Africano. Já, os Republicanos tinham a Marinha, a excepção dos oficiais.

A direita era movida pelo desejo de libertar Espanha das ideias comunistas e da franco-maçonaria e reabilitar o país com os valores tradicionais da Igreja Católica, sob um regime autoritário. Os esquerdistas receavam o avanço do fascismo, tal como já tinha acontecido em Itália (1922), Alemanha (1933) e Áustria (1934). Seria precisamente este confronto ideológico que tornou a Guerra Civil de Espanha num acontecimento internacional. A Alemanha Nazi e a Itália Fascista apoiavam a Direita, enquanto a União Soviética a Esquerda. Um apoio que se estendia ao fornecimento de armamento e equipamentos bélicos.

Dos Nazi, os Nacionalistas receberam parte da Força Aérea (Luftwaffe) e a Legião Condor, enquanto os italianos enviaram cerca de 50.000 homens. Apesar do apoio da União Soviética, o reforço maior as tropas republicanas era oriundo de voluntários que chegavam um pouco de todo o mundo, as chamadas Brigadas Internacionais. Aos olhos dos historiadores durante o conflito as potências nazifascistas conseguiram testar o seu poderio bélico, tendo sido o maior exemplo disso a destruição da cidade de Guernica, Pais Basco. É considerado um dos momentos mais sangrentos da Guerra Civil de Espanha, consta-se que tenham falecido perto de 125 civis. Pablo Picasso retrata o ataque aéreo dos italianos e alemães no seu quadro mais famoso -Guernica .

Outro ponto negro da Guerra Civil de Espanha foi a perseguição republicana a Igreja Católica. Já, iniciada antes, pois nos quatro meses que antecederam o conflito 160 igrejas tinham sido incendiadas. Durante a guerra segundo o historiador Hugh Thomas, foram mortos 6861 religiosos católicos, destes 12 eram bispos, 4.184 padres, 300 freiras e 2.363 monges. Ao nível do património monumental foram dizimadas cerca de 20.000 igrejas.

A 1 de abril de 1939 a guerra acabou com a vitória dos falangistas que conseguiram detonar o Governo Republicano do poder. Era o início de um regime fascista comandado pelo general Francisco Franco, que durou até a sua morte em 1975. Ironicamente, cinco meses depois teve início a Segunda Guerra Mundial. Para a História fica um conflito devastador, ainda hoje visível no povo espanhol. Acredita-se que morreram só em acções de repressão 100 mil pessoas pelo lado franquista e 55 mil pelo republicano.

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