Silepse

Conceito de Silepse

Silepse é um termo que provem da língua grega e que significa ato de compreender ou compreensão.

Adquirindo as palavras vários significados e funções nas orações, dependendo da posição que ocupam, podem ser utilizadas para destacar algo.

Trata-se de uma figura de sintaxe ou construção, que se caracteriza por concordar com uma determinada ideia, que se pretende transmitir.

Consiste, assim, em estabelecer uma concordância ideológica ou concordância irregular com palavras na frase, mas não com palavras explícitas, mas sim com o que está subentendido.

Trata-se, pois de um recurso estilístico que aparece, de forma recorrente, nas obras literárias, bem como na oralidade.

 

Tipos de Silepse

Existem três tipos de Silepse: Silepse de pessoa, Silepse de número e Silepse de género.

Silepse de pessoa

A Silepse de pessoa tem lugar quando o verbo está em concordância com o sujeito, que está oculto na frase.

Exemplos de Silepse de pessoa:

  1. “Nos anos 40, os portugueses tínhamos receio de investir no mercado”.

Na frase apresentada, o “tínhamos” está na primeira pessoa do plural, como se estivesse um “nós” oculto. Para que a frase estivesse na forma padrão, deveria ter a forma verbal “tinham”, na terceira pessoa do plural.

  1. “Eles solicitaram aos professores para que nos unamos em prol da qualidade do ensino”.
       ( 3ª pessoa do plural)       ( 1ª pessoa do plural)
  2. “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.” (Machado de Assis). Neste caso, Assis, optou por utilizar a primeira pessoa do singular, pois ele é também carioca, deixando, desta forma, de ser utilizado um verbo na terceira pessoa do plural (“os cariocas são”).

Refira-se que na linguagem corrente, ou seja, naquela que assume um tom mais coloquial, costumamos utilizar a expressão “a gente” em vez de “nós” e apesar da concordância de “a gente” requerer a primeira pessoa do plural, não se trata, no entanto, de uma Silepse. Acontece sim, uma construção gramatical, utilizada na linguagem oral, caindo-se, por vezes, em erros crassos. É pois exemplo, dessa má utilização:

  1. “A gente deixou nosso carro na esquina”.
  2. “A gente somos portugueses”.

 

Silepse de número

A Silepse de número ocorre sempre que o verbo concorda com o sujeito oculto, sendo este diferente do sujeito que integra a frase.

Exemplos de Silepse de número:

  1. “A fome chegou ao grupo e atacaram logo o almoço”.

A palavra “grupo” está no singular e a concordância seria “o grupo atacou”, mas como se trata de um conjunto, seria possível recorrer a “todos”, que solicita a utilização do termo “atacamos”.

  1. Voem, voem para o alto do céu, bando!
    Verbo                         nome coletivo
    (plural)                                    (singular)

Aqui, o nome coletivo “bando” encontra-se no singular, mas recupera um sentido coletivo, referindo-se, às aves.

Nota para que, este tipo de Silepse, é mais usual em textos de cariz literário, do que em conversas, mais informais.

  1. “Corria gente de todos os lados, e gritavam” (Mário Barreto). Na frase, seria esperado que o verbo estivesse no singular, mas o autor optou por deixar o verbo no plural.

Silepse de género:

A Silepse de género acontece quando há diferença entre a utilização do feminino e do masculino, no que concerne aos adjetivos relacionados ao sujeito.

Exemplos de Silepse de género:

  1. “Ele contava os dias para chegar à sua amada Belo-Horizonte“.

“Sua amada” está no feminino e concorda com “a cidade de Belo Horizonte”, enquanto poderia ser “seu amado Belo-Horizonte”, já que o termo “Belo Horizonte” seria masculino.

  1. “Sua Santidade ficou animado com a repercussão da notícia”.
    Pronome de           Adjetivo
    tratamento          (masculino)
    (feminino)
  2. “Sei de alguém que gostaria muito que você a
    Pronome indefinido                    Pronome pessoal
    (neutro)                                                        (feminino)
  3. “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito” (Guimarães Rosa). Seria esperado que “novo” se encontrasse no feminino, concordando assim com “gente”. No entanto, sendo Guimarães, um homem, este mantém-se  no género masculino.
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References:

SAVIOLE, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 15 ed. São Paulo, Ática, p. 406.

https://www.figurasdelinguagem.com/silepse/

Figuras de linguagem – Elipse, zeugma e silepse

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