A dispraxia diz respeito a uma perturbação neurológica que impede o indivíduo de articular os sons das palavras de forma correta.
De acordo com os estudos realizados em campo acerca do tema da dispraxia, Rechia, Souza e Mezzommo (2010) constataram, primeiramente, que se trata de uma perturbação do foro neurolinguístico, predominantemente verbal.
Alguns dos sinais mais marcantes, segundo, as autoras, manifestam-se da seguinte forma:
- Produção inconsistente;
- Dificuldades na motricidade orofacial;
- Incapacidade para imitar sons;
- Aumento da dificuldade de produção dos sons de acordo com o aumento do tamanho da palavra;
- Quociente de inteligência (qi) limitado;
- Omisssão de sons;
- Entre outros.
(Rechia, Souza, & Mezzommo, 2010).
Influência da dispraxia na relação entre a criança e os familiares
Em determinadas circunstancias, o indivíduo portador de dispraxia, pode ter a sua relação com a família, principalmente com a mãe, habitualmente a pessoa com quem passa a maior parte do tempo, comprometida, devido à sua dificuldade para comunicar (Rechia, & Souza, 2010). Isto acontece porque as limitações ao nível da fala, por parte da criança, levam a que a mãe possa ter dificuldade em interpretar aquilo que lhe é dito. Assim a criança não consegue transmitir corretamente o que pretende e, por esse motivo, a mãe nem sempre consiga responder às suas necessidades, comprometendo a sua função (Rechia, & Souza, 2010).
Para poder agir ao nível da relação entre ambos, é, portanto, importante compreender como foi construída a relação entre a mãe da criança e a sua mãe (avó da criança), como correu o processo de gravidez e em que medida é que a dispraxia da criança influencia o equilíbrio psicológico da mãe. Em muitas situações, mães de crianças com dispraxia, revelam maior tendência para se tornarem instáveis, angustiadas e inquietas (Recia, & Soouza, 2010).
A questão neurolinguística
Pelas evidências encontradas junto de pacientes acompanhados por vários fonoaudiólogos, verifica-se que existem algumas áreas que estão comprometidas e cuja associação entre as mesmas leva às consequências que provocam estas limitações (Rechia, Souza, & Mezzommo, 2010). Referimo-nos aqui à transição entre o código fonológico, a que chamamos input e o padrão articulatório, a que chamamos output, bem como o nível em que a sílaba acentua, ao proferir a palavra (Rechia, Souza, & Mezzommo, 2010). Nesse sentido, podemos dizer que a presença de uma dispraxia pode ser diagnosticada, principalmente numa situação em que a pessoa demonstra dificuldades na pronúncia da palavra, especificamente, na posição em que a sílaba mais acentua e a constante de vezes em que esta irá estar presente no léxico da língua em questão (Rechia, Souza, & Mezzommo, 2010).
De referir que a dispraxia se verifica maioritariamente na faixa etária mais baixa e que o seu diagnóstico é feito perante quadros clínicos, nos quais, a criança manifesta severas e significativas limitações no que diz respeito à capacidade da fala (Rechia, Souza, & Mezzommo, 2010).
Formas de diagnóstico
Os estudos indicam que a forma mais adequada de fazer um diagnóstico de dispraxia, será mediante avaliação multidimensional, ou seja, com a intervenção do foro neurológico, otorrinolaringológico e audiológico (Rechia, Souza, &Mezzzommo, 2010). Esta avaliaçao multidisciplinar visa descartar qualquer possibilidade de a criança ser portadora de deficiência (Rechia, Souza, & Mezzommo, 2010).
Para Recchia, Souza e Mezzommo (2010) quando sujeitos a avaliação, alguns dos sinais que os pacientes demonstram são alterações de vogais ou acentuação, procura de orientação articulatória, ou seja, a criança tende a fixar o olhar no interlocutor no sentido de procurar imitar fonemas, comportamento observado quando a mesma movimenta os lábios e a língua de forma silenciosa, imitação de sons limitada ou inexistente, aumento da dificuldade em articular sons, conforme o aumento da complexidade dos mesmos, entre outros.
Conclusão
A dispraxia apresenta-se como uma limitação neurológica, maioritariamente observada na verbalização das palavras, notando-se limitação no que concerne, principalmente, ao articular os sons das sílabas das mesmas. Na maioria dos casos é observada na infância e pode ter uma forte implicação na relação entre a criança e os familiares mais próximos. É importante, para que se faça uma correta avaliação da mesma, preferencialmente de forma multidisciplinar, para que se possam descartar outros tipos de limitações.
References:
- Rechia, I.C., & Souza, A.P.R. (2010). DIALOGIA E FUNÇÃO MATERNA EM CASOS DE LIMITAÇÕES PRÁXICAS VERBAIS. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, nº 2, p.315-323, abr/jun. 2010
- Rechia, I.C., Souza, A.P.R., &Mezzommo, C. L. (2010). PROCESSOS DE APAGAMENTO NA FALA DE SUJEITOS COM DISPRAXIA VERBAL. CEFAC, São Paulo. Disponível em www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n3/40-09.pdf;