Antigo Egipto

O Antigo Egipto refere-se a uma civilização do Nordeste de África que se desenvolveu em torno do rio Nilo, entre 3.200 a.C (unificação do Norte e Sul) a 32 a.C (domínio romano). Ao nível das fronteiras delimitava a Norte o Mar Mediterrâneo, a Oeste o Deserto da Líbia, a Leste o Deserto Oriental Africano e a Sul a primeira Catarata do Nilo (Assuão). O Antigo Egipto é considerado até hoje uma das grandes civilizações da Antiguidade com enormes contributos na política, arte, literatura, religião, arquitetura, ciência e agricultura.

A sua história está dividida em várias fases. Numa primeira fase eram dois governos em separado o Alto Egipto e o Baixo Egipto. Numa fase posterior uniram-se num só governo. Mais tarde, passou a ser administrado por várias dinastias. Na recta final do seu domínio foi invadido por diversos povos. O império cairia oficialmente com os romanos, após a derrota da rainha Cléopatra VII na Batalha de Áccio. O ponto alto do Antigo Egipto decorreu durante o Império Novo devido às campanhas militares do faraó Tutmés III.

O rio Nilo e agricultura

O diamante dos egípcios era o rio Nilo. A extraordinária resiliência deste povo para se adaptar a uma região formada por um deserto (Saara) é até hoje alvo de estudos. O rio era uma importante via de transporte (por barco) tanto de mercadorias como de pessoas. Era nestas águas que a população pescava, bebia e fertilizava a terra em épocas de cheias, aliás foi esta irrigação controlada do vale que favoreceu o desenvolvimento do Antigo Egipto durante tanto tempo.

Tratava-se de uma agricultura dependente dos ciclos de cheias do rio. Para este povo existiam três estações: Akhet (inundação), Peret (plantio) e Shemu (colheita). A estação das cheias (de julho a outubro) deixava as margens repletas de lodo rico em minerais. Assim que o caudal do Nilo baixava (entre novembro e fevereiro) os agricultores aravam a terra para esta receber as sementes. A irrigação era feita a partir de um sistema complexo de diques e canais. Entre março e junho colhiam o fruto do seu trabalho.

Na época a cerveja era uma realidade, bem como a produção de bolos, pão e bolachas. O linho e o algodão eram cruciais para o vestuário. Enquanto o papiro era usado como suporte de escrita. Nas hortas egípcias existia ainda cebola, pepino, fava, grão-de-bico, feijão, alface, alho, alecrim, maçã, romã, banana, limão, entre outros. Existem ainda fortes evidências da produção de vinho.

Dada a alta dependência das inundações, quando estas não aconteciam ou eram insuficientes a fome era uma realidade, apesar das reservas do Estado. Foram encontrados inúmeros documentos a relatar essas épocas com a morte de milhares de pessoas, tendo havido, inclusive, casos de canibalismo.

Organização social

A autoridade máxima era o faraó, um deus na Terra para os cidadãos egípcios. Exercia o controlo total do reino e dos seus recursos, era o comandante militar supremo e chefe do governo. Abaixo surgia o encarregado da administração, o vizir (tjati). Era o conselheiro do faraó e seu representante. Tinha ainda como responsabilidades coordenar projetos de construção, a tesouraria, o depósito de documentos, entre outros.

Os sacerdotes, militares e escribas eram outras figuras de destaque na sociedade. Estes eram sustentados com o trabalho e impostos pagos pelos camponeses, pequenos comerciantes e artesãos. Em último lugar estavam os escravos.

Curiosamente, as mulheres tinham uma posição de prestígio. Eram livres para exercer uma profissão no campo político, social ou económico, com a mesma igualdade que os homens.

Quotidiano

A maior fatia da população era constituída por agricultores. As habituações eram simples e organizadas. As casas eram feitas à base de tijolo de barro com o objetivo de se manterem frescas. Em cada habitação havia uma cozinha com teto aberto, moinho para moer a farinha e forno para cozer o pão. A mobília consistia em bancos de madeira, camas e mesas individuais. As paredes eram pintadas em branco e por vezes cobertas de tapetes de linho. O chão era tapado por esteiras de palha. A mulher cuidava da casa e dos filhos, e ao homem cabia o papel do sustento da família.

Para os egípcios a higiene era de extrema importância. Grande parte da população servia-se das águas do Nilo e de um sabão feito de gordura e giz para se lavar. As mulheres da época já se depilavam, maquilhavam e massajavam o corpo. Os homens não ficavam aquém, raspavam o corpo todo e usavam perfumes e óleos aromáticos. Entre a classe alta era comum pessoas de ambos os sexos usarem perucas e jóias como ornamentos. Todavia, entre classe baixa também havia quem usasse colares, pulseiras, anéis e cintos em ouro, cobre, prata ou cerâmica.

Educação

Na maioria dos casos o pai era responsável pela educação dos rapazes e a mãe das raparigas com o objetivo de ensinarem os seus ofícios. Entre a realeza existiam escolas onde se aprendia a ler, escrever, ciência, história, música, medicina etc. Consistia numa educação muito rígida em que os alunos eram muitas vezes espancados.

A civilização egípcia chegou a desenvolver um sistema de escrita e numeral. No que toca à escrita existiam duas formas: a hieroglífica (a mais conhecida e complexa, formada por símbolos e desenhos) e a demótica (mais simples e utilizada para os assuntos do dia-a-dia). As informações eram gravadas em papel denominado por papiro, em objetos vários e até nas paredes internas das pirâmides.

A vontade em resolver problemas como a construção de sistemas hidráulicos obrigou à criação de um sistema numérico. A matemática era uma disciplina muito importante. Os documentos descobertos comprovam que no Antigo Egipto já se realizavam operações matemáticas como a subtração, a adição, a multiplicação e a divisão. Entendiam também de conceitos básicos de geometria e álgebra.

Economia

Durante muito tempo os egípcios não utilizaram a moeda como sistema de troca. Sacos de grãos e o deben (peso de cerca de 91 gramas de prata ou cobre) eram as duas formas adotadas para efetuar pagamentos. Prevalecia um sistema económico muito bem organizado e controlado. Existia uma tabela de preços fixada para todo o país, desde o custo de um animal a uma simples peça de roupa. O dinheiro acabou por ser introduzido pelos estrangeiros, graças ao desenvolvimento das trocas comercias com os povos vizinhos, como foi o caso da Palestina.

Outra característica da economia era não existir propriedade privada. Tanto os camponeses como os artesãos tinham de entregar parte das suas colheitas e bens em troca de ocuparem as terras do faraó.

Astronomia

A partir da observação dos astros e das enchentes do Nilo o povo do Antigo Egipto desenvolveu um calendário, onde se determinavam as datas festivas. O calendário continha 365 dias, sendo o primeiro dia o das cheias, dividido em 12 meses de 30 dias. Cada dia possuía 24 horas (podia variar uma hora face à estação agrícola). Produziam ainda mapas astronómicos, pois já conheciam determinados planetas e constelações.

Religião

A sociedade do Antigo Egipto era muito religiosa, sendo cheia de crenças e mitos interessantes. Era uma civilização politeísta (crença em mais do que um Deus), que representava a maioria das suas divindades, metade do corpo em forma humana e a outra metade em forma animal. Em cada cidade existia um Deus e animal padroeiro, assim como templos religiosos. Sempre que uma cidade era considerada a capital do reino, todo o povo deveria obrigatoriamente adorar a divindade rígida pela mesma. As festas e as oferendas em honra das divindades eram comuns e visavam agradar os deuses. Colheitas, guerras, momentos de crises eram alguns dos motivos.

Os administradores dos templos eram os sacerdotes. Entre as suas funções destacava-se o hábito diário de lavar, perfumar, maquilhar e alimentar a estátua do Deus posicionada no centro do templo. Curiosamente estes locais não eram públicos, à exceção de dias festivos. Por outro lado, o povo podia ter estátuas em suas moradias, bem como amuletos de proteção.

Outro facto curioso era acreditarem na vida após a morte. Para assegurarem a imortalidade possuíam vários costumes de sepultamento, destacando-se a mumificação e o enterro junto com o corpo de vários objetos pessoais, a pensar no momento da ressuscitação.

A técnica de mumificação baseava-se em extrair as vísceras e mergulhar o corpo numa mistura de água e carbonato de sódio. Posteriormente eram adicionadas substâncias aromáticas para evitar a deterioração, como canela e mirra. Por fim, o corpo era revestido por faixas de pano e por uma cola especial para impedir o contato com o meio ambiente para ser colocado no sarcófago.

Inicialmente era um processo só das classes abastadas, porém no final do Império tornou-se comum a toda a população. Inclusive também existia a mumificação animal, em especial animais de estimação.

A classe pobre era enterrada em covas rasas no deserto, já os ricos mandavam construir para si desde pirâmides a túmulos subterrâneos, sendo estes decorados a preceito com pinturas da vida quotidiana dos mortos. Eram locais visitados pelos familiares que levavam comida e aproveitavam para rezar.

Arquitetura

Ainda hoje é no Egipto que se encontram algumas das construções mais admiradas a nível mundial, como as Grandes Pirâmides de Gizé e os templos de Tebas. Financiadas pelo Estado com fins comemorativos e religiosos, sem esquecer o reforço da figura do faraó, estas construções foram erguidas graças à mão-de-obra escrava que manuseava enormes blocos de pedra. Outro ponto importante do desenvolvimento artístico dos egípcios deve-se à exploração mineral. Das suas terras extraiam granito, ouro, calcário, quartzo, entre outros.

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