Provedor do Leitor

O cargo de Provedor do Leitor foi criado pelas empresas jornalísticas para atenuar as divergências entre os seus profissionais e o público.

Provedor do Leitor

Conceito de Provedor do Leitor

Provedor do Leitor ou news ombudsman é o termo utilizado para designar uma personalidade de reconhecido mérito social, intelectual, ou outro, que desempenha o papel de intermediário entre quem produz a informação e quem a recebe.

De origem escandinava, o termo ombudsman designa o indivíduo que assume a função de mediador a fim de proporcionar soluções para os litígios entre duas partes opostas. A primeira experiência neste âmbito ocorreu em 1809, na Suécia, com a instituição do cargo de ombudsman no seio governamental para gerir as reclamações dos cidadãos.

À semelhança de outras instituições, as empresas jornalísticas também aderiram à tendência, sendo os jornais norte-americanos «The Courier-Journal» e o «The Washington Post» os pioneiros nesta matéria. Sendo os órgãos de comunicação social a principal fonte onde a sociedade procura informação acerca de si própria, a criação do cargo de Provedor do Leitor nas empresas jornalísticas corresponde à tentativa de assumir a responsabilidade e assegurar a atividade de crítica regular no espaço público.

“Os resultados preocupantes dos estudos de credibilidade dos media levaram, sobretudo a partir dos anos 80, as associações de jornalistas e de editores de jornais a insistir na necessidade de assumir os erros, corrigi-los e, se possível, explicá-los, o que se traduziu na criação em muitos jornais de secções permanentes com vista à retificação de lapsos cometidos” (Mesquita, 1998, p.22).

Desta forma, o Provedor do Leitor assume a responsabilidade de acolher, processar e encaminhar as queixas dos leitores em relação à precisão, equilíbrio e bom gosto na cobertura de notícias de um jornal ou à atuação dos seus profissionais para, de seguida, formular recomendações e sugestões.

Em Portugal, a introdução do Provedor do Leitor nas empresas jornalísticas data do início da década de 90. David Borges, em 1992, e Mário Mesquita, em 1997, foram os primeiros profissionais a desempenhar as funções no «Record» e no «Diário de Notícias», respetivamente.

As funções do Provedor do Leitor

A experiência de Mário Mesquita enquanto Provedor do Leitor no «Diário de Notícias», entre janeiro de 1997 e fevereiro de 1998, resultou na publicação do livro «O jornalismo em análise: a coluna do provedor dos leitores», no qual adianta sete níveis de atuação do profissional no cargo:

  • Função crítica e simbólica: criticar o jornal nas suas próprias páginas, promovendo o debate sobre as opções editoriais no espaço público.
  • Função mediadora: ouvir as reclamações e dar resposta às críticas dos leitores.
  • Função corretiva: retificar a informação apresentada de forma incongruente, inexata ou incompleta.
  • Função persuasiva: velar pelo respeito pelos direitos dos leitores junto das hierarquias do jornal.
  • Função pedagógica: explicar aos leitores o processo de produção de informação jornalística.
  • Função dissuasiva: influenciar os comportamentos dos editores ou dos jornalistas recorrendo à atitude de crítica permanente.
  • Função cívica: promover o debate de temas de interesse para a sociedade em geral.
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References:

Mesquita, M. (1998). O jornalismo em análise: a coluna do provedor dos leitores. Coimbra: Minerva.

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