Educação na modernidade

A Educação na modernidade se realizou em um período histórico marcado pela emergência das Ciências Naturais, Revolução Francesa no século XVIII e Revolução Industrial no século XIX. A modernidade também pode ser caracterizada como o período em que o Homem se tornou o centro do universo, tendo como pressuposto: verdade e racionalidade. Poderíamos afirmar que ainda se está na modernidade. Por sua vez, a relação existente entre Educação e Filosofia pode ser considerada eminentemente moderna quando se concebe os saberes disciplinares como um instrumento de controle que se efetiva através da constituição de um território do saber. Esse mecanismo disciplinar conforma uma organização espaço-temporal e de delimitação de saberes, tendo como elemento unificador a hierarquia. Para entender o conceito de disciplina enquanto eixo de saber é necessário compreender a oposição entre o generalista e o especialista. De maneira simplificada, esta oposição é uma cruel dicotomia que se coloca contemporaneamente. O generalista poder-se-ia dizer que é possuidor de um saber transversal, panorâmico, polímata. Por sua vez, o especialista é aquele que possui um saber aprofundado sobre um determinado assunto. O generalista sabe de tudo um pouco. O especialista sabe de tudo sobre uma única coisa.

Quando a universidade foi criada no século XIII, ela transmitia o que se chamava de artes liberais, procurando dar conta dos estudos humanísticos da cultura grega. No entanto, quando se atinge seu apogeu nos séculos XVIII e XIX e o método científico está em voga, símbolo do conhecimento burguês, que acaba por substituir o modelo de ciência grega caminhando lado a lado com a idéia de progresso. Neste momento são criadas as Universidades de Berlim, iniciando-se o processo de fragmentação e compartimentação em especialidades fechadas, nascendo o especialista moderno, que terá em suas mãos uma única ferramenta de estudo, que passa a ser denominada disciplina. Esta possui como função ser bastante definida e estabelecida, formando círculos de comunicação entre os especialistas. Repartem o infinito, ou melhor, o território do saber, criando propriedades privadas, minifúndios, minipoderes. Se por um lado, aprofunda o conhecimento, por outro se abdica a tarefa árdua de síntese, e de visão do todo, que é deixada definitivamente de lado.

A disciplina tem como função reduzir tudo ao cálculo matemático e probabilístico e ao que pode ser medido, se constituindo como o método científico por excelência, que busca ter o conhecimento verdadeiro, claro, distinto e evidente sobre o real. A modernidade busca respostas e fórmulas para uma melhor organização de seus problemas através da disciplinaridade. Na verdade, todo o ensino moderno está calcado numa organização disciplinar, que implica uma hierarquização do conhecimento e dos sujeitos, uma destinação de espaços, uma distribuição do tempo escolar, entre outros elementos. Isto ocorre porque as disciplinas delimitam um campo de saber a ser ensinado, e se valem das mais diversas formas e estratégias para sua eficácia. Foi nesse contexto que as escolas do início do século passado se organizaram, e foram ofertadas a todos os sujeitos sociais. Inúmeras instituições de ensino acabaram incorporando em sua forma de desenvolvimento tais práticas, e criaram seus currículos baseando-se nos pressupostos tradicionais de ensino, onde os saberes – ou os modos de compreender e ter acesso ao mundo – eram separados e organizados de tal modo para que se pudesse quantificar a aprendizagem de cada aluno, separadamente, em cada disciplina.

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