Guerra do Contestado

Este conflito armado, a guerra do Contestado, aconteceu no Brasil entre os idos de outubro de 1912 a agosto de 1916. Teve seu início na recente republica brasileira sob a liderança de um monge, provavelmente de origem síria, que se autodenominava João Maria. O mesmo acreditava ser a reencarnação de outro monge, este de origem italiana, que viveu na Região e morreu por volta de 1870, chamado de João Maria de Agostini. A primeira aparição de João Maria se deu durante a Revolução Federalista. Sua postura se assemelhava ao de Antonio Conselheiro, líder espiritual, de um fanatismo e messianismo apocalíptico, acabou por gerar a Guerra de Canudos, ocorrida anteriormente no sertão do Estado da Bahia e documentado pelo Euclides da Cunha na obra: Os Sertões. João Maria era considerado um homem santo, curandeiro, que teria ressuscitado uma jovem e curado a esposa de um Coronel da região.

O que torna este conflito singular é a resistência da sociedade brasileira ao desenvolvimento, que se revela em geral sob a liderança espiritual de personagens carismáticos e místicos, fenômeno este que se realiza plenamente em algumas regiões do interior do país, que no final do século XIX e início do século XX, eram marcados pela profunda desigualdade social e composta por uma maioria analfabeta. O litígio se iniciou devido à construção da ferrovia que ligaria o Estado de São Paulo a cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Se nos EUA a ferrovia representava avanço e desenvolvimento para a sociedade civil, no Brasil foi sinônimo de arbitrariedade do governo brasileiro, que firmou um contrato com Percival Farquhar, empresário americano dono da Brasil Railway Company, para a construção da ferrovia, cedendo 15 km de cada lado da construção ao empresário americano. A região rica em madeira de Araucária e colonizada por caboclos, colonos, ex-combatentes da Revolução Federalista, se tornou um barril de pólvora pronto a explodir.

A partir deste cenário, fazendeiros e a população local, liderados pelo messianismo de João Maria proclamou um governo independente e monárquico. O conflito se estende em uma guerra de guerrilha até que em 22 de outubro de 1912 João Maria é morto em combate, mas o conflito se estende até 1916, devido à crença dos seus seguidores de que o mesmo iria ressuscitar, como havia profetizado. A situação se torna crítica em 1914 quando ocorre o confronto do Exercito brasileiro com os revoltosos. Foi um banho de sangue. Foram utilizados contra os colonos e camponeses, o que se tinha de mais avançado no Brasil em matéria de artilharia e metralhadoras automáticas, bem como o uso da aviação militar. Após a morte de João Maria outros líderes o substituíram, entre eles Maria Rosa, considerada a Joana D’arc dos rebeldes liderando uma guerra santa contra o governo do Brasil. O conflito se estendeu ainda por muito tempo envolvendo os Estados do Paraná e Santa Catarina. Por fim, sob a liderança de Adeodato Manuel Ramos, ultimo líder dos contestadores, acabaram cercados e o próprio Adeodato foi capturado e condenado a 30 anos de prisão sendo morto 7 anos depois após uma tentativa de fuga.

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