É comum pensar que o Brasil nunca esteve enredado em uma guerra civil. No entanto, entre os anos de 1893 a 1895 no Brasil eclodiu um conflito armado violentíssimo e sangrento, que marcou de forma definitiva a História do Sul brasileiro. Estes eventos ocorreram durante o governo do então presidente Marechal de Ferro, Floriano Peixoto, se estendendo até administração de Prudente de Morais. Este conflito armado se deu entre os liberais monarquistas, liberados por Gaspar Silveira Martins, e os positivistas que tinha como protagonista Júlio de Castilhos. O primeiro defendia o parlamentarismo, ou melhor, uma monarquia constitucional. O segundo, após sua formação em São Paulo como Bacharel em Direito, se deixou influenciar pelo positivismo de Augusto Comte, sendo adepto de um republicanismo com elementos conservadores e liberais.
O Estado do Rio Grande do Sul se dividiu entre aqueles que seguiam Gaspar Silveira Martins denominados de Maragatos, e os Ximangos, àqueles que eram liderados por Júlio de Castilhos, que se colocavam em completa e total oposição ao governo de Gaspar Silveira Martins (considerado centralizador e ditatorial). Esta revolução se estendeu pelos três Estados do Sul do Brasil chegando até o oeste de Santa Catarina e Paraná. Muitos destes combatentes irão se envolver, posteriormente, em outro conflito: a guerra do Contestado.
Este eventos foram um dos mais sangrentos no Sul brasileiro, conhecido como a revolução das degolas. Aproximadamente foram mortos mais de 10 mil pessoas e incontáveis feridos. Entre as várias histórias e lendas populares, atribui-se ao Maragato Adão Latorre a degola de 300 homens, considerados Ximangos, em único dia. Como vingança, o Ximango Xerengue degolou 250 Maragatos. Entre eles estavam o Coronel Moreira César, considerado pelo Exército Brasileiro, herói, famoso pelo seus atos de extrema violência no campo de batalha. Este Coronel, posteriormente, será responsável por outro genocídio: a guerra de Canudos. Tudo isto ocorria através de diversas humilhações e torturas, incluindo a castração. Esta revolução produziu um poço de ressentimentos de ambos os lados, que levou um tempo considerável para que o Estado do Rio Grande do Sul recuperasse a solidariedade entre seus compatriotas.
