O que é o Câmbrico?
O Câmbrico (ou Cambriano) é um período da Era Paleozóica, uma unidade de tempo da escala geológica e marca o início do Éon Fanerozóico. Este período teve início há 545 milhões de anos e terminou há cerca de 490 milhões de anos. É o tempo geológico em que apareceram os primeiros animais com conchas e durante o qual as trilobites foram dominantes na Terra. O período Câmbrico foi precedido pelo Éon Proterozóico (que pertence ao período Pré Câmbrico) e sucedido pelo Período Ordovícico, e é geralmente dividido em três Eras: a Era Paleozóica, ou Primária; a Era Mesozóica, ou Secundária; e a Era Cenozóica.
Ao contrário das grandes dúvidas e imprecisões relativamente aos tempos Pré Câmbricos, resultantes da enorme escassez de elementos, no Fanerozóico são inúmeros os elementos paleontológicos que permitem contar a história da evolução da Terra desde o início deste período há 545 milhões de anos. Para além de grande número de fosséis, as rochas fanerozóicas são mais jovens e, em regra geral, estão ainda muito preservadas, ao contrário das rochas do Éon Proterozóico que foram muito metamorfizadas e erodidas, apagando-se os vestígios da sua história.
Neste período, os continentes estavam muito fragmentados e separados por grandes massas oceânicas e distribuiam-se sobretudo na faixa inter-tropical. Este continentes tiveram origem na fragmentação de um super-continente nos finais do pré-câmbrico. O maior desses continentes era o Gondwana que incluía os territórios que são hoje a África, a América do Sul, Austrália, Antártida, Índia e a própria Ibéria) e encontrava-se orientado de forma que aquilo que é hoje a Península Ibérica estava voltado para Sul. A distribuição de depósitos de carbonatos e recifes (indicadores de águas quentes) e de evaporitos (indicadores de climas quentes e áridos) em latitudes elevadas, deixam antever que o clima era, de uma forma geral, muito quente e mais seco do que o atual.
A vida no Câmbrico
No início do Câmbrico ocorreram três grandes mudanças que se encontram registadas por fósseis:
- os animais desenvolveram conchas e esqueleto compartes mineralizadas que são facilmente fossilizados;
- o número de indivíduos e o número de espécies aumentou de forma extraordinária;
- o tamanho dos indivíduos evoluiu de microscópico para macroscópico.
A explosão de vida no Período Câmbrico é ainda atualmente um grande mistério. Vários estudos e teorias têm tentado explicar porque é que os organismos pluricelulares apareceram tão tarde no tempo de evolução da Terra e porque razão evoluíram e proliferaram tão rapidamente. Segundo uma teoria, os seres pluricelulares podem não ter evoluído mais cedo devido ao fato de a concentração de oxigénio ser demasiado baixa para poderem sobreviver. O que é certo é que de uma forma muito repentina o número de espécies e de indivíduos aumentou de forma extraordinária, pelo que as fases iniciais do Câmbrico ficaram conhecidas como ‘Explosão Câmbrica’.
No início do Período Câmbrico os animais desenvolveram conchas e exosqueletos com partes mineralizadas (carnonatadas, fosfatadas e siliciosas) que os protegiam das ondas e das correntes e são do início deste período alguns fósseis de animais cordados. Ao longo do Câmbrico desenvolveram-se grande parte dos principais grupos de animais, tais como os celentrados (coraliários), braquiópodes (inarticulados), cefalópodes (nautilídeos), artrópodes (trilobites), equinodermes, bivalves, gastrópodes, e ainda os primeiros vertebrados (agnatas). De todos estes, as trilobites são sem dúvida o grupo de maior importância e terão dominado os mares durante todo o Câmbrico, mas ter-se-ão praticamente extinguido no final deste período. Algumas espécies câmbricas ainda existem atualmente, como as medusas e as holotúrias, mas a maior parte dessas espécies já se extinguiram. Quanto às plantas, era sobretudo algas que conviviam nos mares com os animais.