Primavera dos Povos

A Primavera dos Povos diz respeito a um conjunto de movimentos revolucionários ocorridos no ano de 1848 na Europa Central e Ocidental.

Contextualização da Primavera dos Povos:

A Primavera dos Povos surge como consequência directa da Revolução Francesa e do desenvolvimento económico europeu. O exponencial crescimento económico no século XIX levou a novos desafios sociais com a emergência da Classe Média.

A nova classe social potenciava a sociedade de consumo e desenvolvimento económico. Mas este novo paradigma social não tinha reflexo nas estruturas políticas da época. As diversas reformas promovidas pelas monarquias europeias após a Revolução Francesa não foram suficientes ou adequadas para a nova sociedade. Paralelamente no centro da Europa desenvolviam-se movimentos de autodeterminação dos povos subjugados.

Estas revoluções assentavam as suas bases ideológicas em filosofias políticas inovadoras para a época como o Socialismo, o Liberalismo, o Nacionalismo e a Democracia. Embora coincidentes temporalmente estas revoluções não faziam parte de um movimento associativo e tinham reivindicações próprias. Em comum tinham a intenção de romper com o absolutismo aristocrático.

A total falha de adaptação das monarquias aos paradigmas da Época Contemporânea em conjugação com a grave crise alimentar e económica originária na França em 1842 prolongando-se até 1848, potenciou um conjunto de revoluções com especial incidência em Itália, Império Austro-húngaro Alemanha e França.

Na França o Rei Luís Filipe é deposto e é instaurado um novo regime Republicano. As dificuldades económicas do país e da Europa provocaram a queda da Republica e proclamação do Segundo Império Francês liderado por Carlos Luís Napoleão Bonaparte em 1851.

Em Itália o propósito da revolução de 1848 era reunificação do país. Este objectivo perante a intervenção de potências estrangeiros como a França e Áustria, que controlavam partes da península itálica, viria a ser alcançado apenas em 1861.

Na Alemanha o movimento revolucionário misturava a necessidade de reunificação do país com o movimento de contestação operária e camponesa. Estes exigiam melhores condições laborais e maior representação junto ao poder decisório. Embora os diversos governantes da Alemanha fragmentada tivessem feito algumas concessões, o resultado final acabou por ser inócuo perante as pretensões dos revoltosos.

Na Hungria a revolução de 1848 visava a independência do país relativamente á Áustria. Embora com sucesso nos primeiros meses do ano esta revolução acabaria por ser violentamente reprimida pela Áustria. Os movimentos de reforma também fizeram-se sentir na Áustria provocando a queda do regime aristocrático absolutista. Assim como as restantes revoluções o movimento reformador austríaco acabaria por fracassar em 1852 com a reposição do anterior regime.

A melhoria das condições de vida potenciada pela recuperação económica e Segunda Revolução Industrial reduziu a expressão dos movimentos revolucionários da Primavera dos Povos. Seria apenas com o fim da Primeira Guerra Mundial e derrota das potências aristocráticas conservadores, que as pretensões expressas na Primavera dos Povos seriam respeitadas.

A Primavera dos Povos, embora com pouco impacto na época foi um dos instrumentos basilares para a emergência e consolidação do sistema democrático actual, bem como do actual mapa político da Europa.

2436 Visualizações 1 Total

References:

BAYCROFT, Timothy, O Nacionalismo na Europa 1789/1945, Lisboa, Temas e Debates, 2000.

BURLEIGH, Michael, Poder Terrenal – Religión y política en Europa. De la Revolución Francesa a la Primera Guerra Mundial, Madrid, Taurus, 2005.

2436 Visualizações

A Knoow é uma enciclopédia colaborativa e em permamente adaptação e melhoria. Se detetou alguma falha em algum dos nossos verbetes, pedimos que nos informe para o mail geral@knoow.net para que possamos verificar. Ajude-nos a melhorar.