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A Guerra da Sucessão Espanhola iniciou-se após a morte do monarca Carlos II sem descendentes em 1700. Carlos II deixara em testamento o trono a Filipe V de Espanha, neto de Luís IV de França. O risco de futuramente existir uma união dinástica entre dois dos mais fortes reinos na Europa, levou a uma reacção das restantes potências europeias para evitar esse cenário. Por seu lado e fase às reivindicações da Casa de Habsburgo ao trono, da qual Carlos II pertencia, a França legitimava a pretensão ao trono de Filipe V, pelo testamento e tentava evitar a continuidade do trono espanhol na Casa de Habsburgo. É neste contexto que eclode o conflito que entender-se-ia até 1714.
A aliança contra a Casas de Bourbon, monarquia franca na época, foi estabelecida entre a Casa de Habsburgo, Províncias Unidas, Reino de Inglaterra e Portugal. Inicialmente Portugal aliou-se com Luís XIV, através da assinatura de um acordo a 18 de Junho de 1701, neste acordo Portugal comprometia-se a auxiliar a coroa francesa e Filipe V de Espanha em caso de ameaça.
Graça ao historial de alianças entre Portugal e Inglaterra e às diligências de John Methuen, embaixador inglês em Portugal, Pedro II monarca português na época, voltou a aliar-se com a Inglaterra com a assinatura do Tratado de Methuen a 16 de Maio de 1703.
O conflito propriamente dito teve início a 9 de Julho de 1701, foi travado em diversos espaços geográficos, França. Províncias Unidas, Alemanha, Península Ibérica e Itálica. Numa fase inicial a França aliada com grande parte da nobreza espanhola conseguiu algumas vitórias importantes, considerando uma segunda fase do conflito as forças inglesas, austro-alemães e das Províncias Unidas, foram capazes de conquistar importantes praças e parcelas territoriais na França e Península Itálica.
Por razões de politica interna os ingleses viram-se na obrigação de retirar as suas forças do conflito. A França aproveitou este momento para recuperar os territórios perdidos e ganhar preponderância no conflito.
Com o fim do conflito não é visível um claro vencedor militarmente, diplomaticamente os dois lados tiveram vitórias. Luís XIV conseguiu manter o seu neto Filipe V como monarca espanhol dando inicio à dinastia de Bourbon em Espanha. A Casa de Habsburgo da Áustria ficou com as concessões espanholas nas Províncias Unidas, Filipe V cedeu também a ilha de Menorca no arquipélago das Baleares e o rochedo de Gibraltar à Grã-Bretanha, que ainda hoje é alvo de disputada entre Espanha e Reino Unido.
A concessão mais importante cedida aos ingleses foram os direitos comerciais das colónias espanholas. Os ingleses exerceram uma influência que estendia-se para lá da actividade comercial, o que em última instância levou á desfragmentação do Império Espanhol nas Américas, favorecendo movimentos independentistas.
Este conflito viu a Grã-Bretanha emergir como potência dominante dos mares e rotas comerciais, o que seria fundamental para o estabelecimento do império inglês como força dominante a nível global. A França estabeleceu-se como a força predominante em termos terrestres na Europa. A Espanha em certa medida pode ser considerada a grande derrotada neste conflito, perdeu vários territórios, rotas comerciais essenciais para a economia castelhana e viu gradualmente a partir de 1714 data de término da Guerra de Sucessão Espanhola, a sua influência global diluir-se.
Portugal através dos acordos celebrados em Utrecht (1713. 1715) garantiu que a França deixava de reclamar concessões territoriais no Brasil. Mediante a importância geográfica de Portugal neste conflito, a coroa lusitana por ventura poderia ter conseguido maiores ganhos com os acordos celebrados no início do conflito, e término da Guerra de Sucessão Espanhola.
References:
BOIS, Jean-Pierre; L’Europe à l’époque moderne XVIe-XVIIIe siècle, Armand Colin, 2003