Vimara Peres emerge enquanto senhor da guerra no decurso do século IX. Após a conquista do Reino Visigótico por parte dos muçulmanos nas primeiras décadas do século VIII, os cristãos refugiam-se num pequeno enclave no norte da Península, aí foi criado o primeiro reino cristão após a conquista mourisca – Reino das Astúrias.
Foi a partir deste reino, que desenvolveram-se os restantes reinos peninsulares e que lentamente iniciou-se o processo de Reconquista. Embora militarmente superiores, os árabes não tinham grande interesse em ocupar as regiões mais montanhosas a norte da Península, não serviam os seus propósitos urbanísticos, preferindo as regiões mais planas, que suportavam o estilo de vida de urbe muçulmano. Quando era necessário enviavam forças militares ao norte para restituir a ordem e intimidar e desencorajar incursões cristãs nos territórios mais a sul.
Vimara Peres nasceu em 820 na Galiza, era filho de Pedro Theon, não são encontrados grandes registos sobre a sua infância, era vassalo de Afonso III Rei das Astúrias, foi enviado por este monarca para reclamar a região de Entre-Douro-e-Minho na década de sessenta do século IX.
A região Entre-Os-Rios Douro e Minho era relativamente despovoada, servindo como zona tampão entre os domínios cristãs a norte, e muçulmanos a sul. Os muçulmanos ocupavam essencialmente a cidade e região de Portucale, actualmente Porto, que servia como posto avançado mourisco. Em 868 Vimara Peres consegue conquistar definitivamente esta praça aos mouros, e nesse mesmo ano é criado o Condado Portucalense, com Vimara Peres como primeiro Conde. É dado início a uma dinastia condal que perduraria até 1071.
Estátua Vimara Peres no Porto
Após a conquista deste espaço é dado inicio á repovoação do Vale do Douro e Minho. Neste enquadramento populacional, Vimara Peres funda o burgo fortificado de Vimaranis, que ao longo dos séculos através da evolução da fonética e escrita, adquiriu a denominação actual de Guimarães e justifica o facto dos habitantes desta cidade chamarem-se vimaranenses. Vimara Peres viria a falecer no burgo fundado por si em 873.
References:
MARQUES, A. H. de Oliveira e outros; Nova História de Portugal, vol II, Portugal. Das Invasões Germânicas à Reconquista, Editorial Presença, 1993
