O Mordomo do Palácio foi um dos mais importantes cargos administrativos da Época Medieval. A designação oficial em latim era “quasi magister palatii seu major domus regiae” mestre do palácio ou maior da casa real. A própria definição da época elucida sobre os deveres e funções deste cargo.
A posição de Mordomo do Palácio existia em diversos reinos medievais, mas foi no reino Franco e Dinastia Merovíngia, que teve especial ênfase. No século VII o Mordomo foi ganhando cada vez mais poder relativamente ao monarca, tornando-o uma mera figura representativa do Reino e da velha ordem governativa.
Mas foi no século VIII com Carlos Martel e posteriormente com o seu filho Pepino, o Breve que o cargo se sobrepõe definitivamente ao rei. Carlos Martel que havia herdado o posto do pai conseguiu adquirir o controlo total do exército franco, esvaziando completamente o poder do monarca merovíngio.
O Mordomo do Palácio passou a controlar o exército e todos os aspectos governativos, impostos, política externa, administração interna do reino e elaboração de leis e decretos, o rei era uma figura simbólica e acessória para eventos e aparições públicas.
O poder sobre todos os aspectos do reino, a passagem hereditária de pais para filhos, o cargo apresentava as características de uma verdadeira monarquia na Franquia. Face a este enquadramento, Pepino, o Breve questionou o Papa sobre quem verdadeiramente deveria sustentar o título de rei dos francos, quem verdadeiramente exercia o poder – Mordomo do Palácio, ou quem detinha o título, o Rei. O Papa por necessitar do apoio Franco apoiou quem verdadeiramente detinha o poder, Pepino, o Mordomo que foi coroado Rei em 751.
Embora existisse noutros reinos, foi no reino Franco que este cargo teve especial relevo, evoluindo para uma Dinastia Real – a Carolíngia, O filho de Pepino, o Breve, Carlos Magno seria inclusivamente coroado imperador no ano de 800.
References:
PACAUT, M.; Les Structures Politiques de l’Occident Médiéval, Armand Colin, 1969
CLARAMUNT, Salvador (et alii); Historia de la Edad Media, Ariel, 1992