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O Calvinismo também conhecida como Fé Reformada ou Teologia Reformada, teve a sua génese na cidade de Genebra no decorrer do século XVI com os ensinamentos de Jehan Cauvin. A base das interpretações calvinistas são as obras de Cauvin, como a Instituição da Religião Cristã publicada em 1536 e os seus comentários à Bíblia.
O Calvinismo surge no seguimento da Reforma iniciada por Lutero. A reforma de Lutero estava associada ao mundo germânico. Cauvin desenvolveu o pensamento de Lutero adaptando-o ao mundo francófono.
Um Calvinista tem que ser um profundo conhecedor da Bíblia, uma das características fulcrais da Reforma Protestante. Os católicos muitas vezes não tinham qualquer conhecimento da Bíblia, sem ser aquele transmitido pelo clero. Ao deter um conhecimento da Bíblia, um crente para Cauvin detinha todos os mecanismos para reger a sua vida segundo a moral cristã.
O Calvinismo surge numa segunda vaga da Reforma Protestante, aperfeiçoando e adaptando os escritos de Lutero, Cauvin era um cristão convertido ao Luteranismo, mas o fervilhar de novas ideias e filosofias cristãs, que afastaram-se cada vez mais do catolicismo, potenciava o surgimento de uma segunda vaga reformista do cristianismo, na qual são enquadrados os calvinistas.
Embora centrado na obra de Cauvin, o Calvinismo contempla nos seus textos, escritos de outros teólogos como Martin Bucer, Heinrich Bullinger, Pietro Martire Vermigli e Ulrico Zuínglio. A expansão desta ideologia iniciou-se na Suíça, mas rapidamente atingiu os diversos reinos europeus, e com a colonização difundiu-se um pouco por todo o mundo. Um bom calvinista é aquela que segue os cinco pilares centrais desta facção cristã:
- Depravação total;
- Eleição incondicional;
- Expiação limitada;
- Vocação eficaz;
- Perseverança dos santos.
Segundo os calvinistas, Deus executa a sua acção em todos os momentos e planos, na mente, no intelecto, no espiritual, no físico, neste mundo ou no próximo. Nada escapa a Deus, está em todo o lado simultaneamente, todas as acções são comandadas por ele, o que quer que aconteça, seja positivo ou negativo é resultado do plano divino para a humanidade.
Este movimento cristão acredita que pelas acções pecaminosas da humanidade, o ser humano perdeu o contacto com o divino. Apenas alguns podem reatar os laços quebrados com Deus. No Calvinismo está presente o ideal judaico da predestinação, em que alguns homens haviam sido escolhidos por Deus ainda antes da criação do Universo para salvar a humanidade do pecado. Contrariando o dogma católico de boas acções, um comportamento correcto para com o próximo não dava garantias de comunhão com Deus, caso esta pessoa não fosse escolhida de Deus.
Um calvinista devoto deve levar uma vida despojada de luxos e bens materiais, centrando-se na palavra de Deus e no trabalho, a partir do qual a sociedade podia desenvolver-se. Os católicos acusavam os calvinistas de avareza por não gastarem o dinheiro que acumulavam. Cauvin defendia que a riqueza só era digna, se o trabalho que a provocou tivesse sido em benefício do outro. Pelos seus dogmas o Calvinismo foi ferozmente perseguido pela Contra-reforma Católica.
O Calvinismo ficou assim associado, ao sucesso, ao trabalho e à riqueza, para muitos com ligação directa ao Capitalismo. Os calvinistas implementaram-se em países como a Inglaterra, França ou a Holanda, que através da expansão ultramarina e territorial a partir dos séculos XVI e XVII constituíram nações bem-sucedidas, que os calvinistas aproveitaram para ligar com a predestinação deste movimento religioso. A prosperidade era sinal de escolha divina, valorização do trabalho e lucro e a justificação para a fixação de uma classe burguesa nestes países.
Este ideal de predestinação acabaria por moldar a mentalidade do norte e centro da Europa, em contrapondo com o Sul que manteve a teologia católica e pode muito bem, estar na origem das diferenças identitários e culturais entre o norte e sul da Europa que perduraram nos nossos dias, em termos económicos e quotidianos.