Lopes, Carlos

Carlos Lopes foi o primeiro campeão olímpico português. Semanas antes sofreu um acidente, mas na prova da maratona de Los Angeles de 84 foi o atleta mais rápido.

Biografia de Carlos Lopes

Medalha de Ouro nos Jogos Olimpicos. A primeira vez que Portugal subiu ao pódio como vencedor de uma prova foi com Carlos Lopes. Um fenómeno nas corridas de fundo em Portugal e do Mundo e que marcou toda uma nação numa altura em que partilhava com Fernando Mamede e Rosa Mota as ambições de um país. Nasceu numa freguesia de Viseu, a 18 de Fevereiro de 1947 e foi, justamente, nas terras de Viriato que se começou a destacar com a conquista do Campeonato distrital de crosse e um terceiro lugar nos nacionais de corta-mato na categoria de juniores.

Moniz Pereira, treinador no Sporting, contrata o atleta com 20 anos, prometendo-o melhores condições de treino como de trabalho, isto porque os rendimentos tirados das corridas eram exíguos e tinha que compartilhar com um trabalho a tempo inteiro como serralheiro. Esteve presente nos Jogos Olimpicos de Munique em 1972 mas sem conseguir mostrar os resultados que o seu talento demonstrava, ficando aquém nas provas de 5000 e 10000 metros para as quais estava seleccionado. Depois do 25 de Abril, abria-se uma nova era no treino desportivo e nas condições dadas aos atletas e Lopes beneficiou disso mesmo. Treinos bi-diários resultaram num aumento de capacidade por parte de Lopes e ganha pela primeira vez, o Campeonato mundial de corta-mato, em 1976. Nesse ano, realizaram-se os Jogos Olímpicos em Montreal. Lopes foi o porta-estandarte dos portugueses e estava seleccionado para correr a prova dos 10000 metros. Fez uma prova com um andamento sempre muito vivo, não dando hipóteses à concorrência, sendo apenas superado pelo finlandês Lasse Viren. Pioneiro no atletismo. Nunca tinha sido conquistado uma medalha no atletismo em Olímpicos e há vários anos que não se conseguia ganhar qualquer medalha. Vencido mas não convencido, Carlos Lopes voltaria mais tarde a um pódio mas com um sabor mais desejável para as cores nacionais.

Depois de um período largo de lesões que o impossibilitou de estar presente nas Olimpíadas de Moscovo, Lopes regressava em grande no ano de 1982. Nos Bislett Games, realizados em Oslo, Carlos Lopes bate a concorrência na prova dos 10000 metros e estabelece um novo recorde europeu, batendo na altura, o recorde de Fernando Mamede. Estreia-se na disciplina da maratona em Nova Iorque e na parte final quando o terceiro lugar parecia certo, tem um percalço com um espectador que o faz desistir. Mais tarde, é vice-campeão nos mundiais de corta-mato e da maratona de Roterdão em 1983. Bateu o recorde europeu da maratona nesta cidade holandesa e chegado ao ano de 1984, voltaria a vencer os mundiais de corta-mato. Antes dos Olímpicos, Lopes ainda correu no Meeting de Estocolmo, com o objectivo de bater o recorde do mundo nos 10000 metros, objectivo esse que foi conseguido por Fernando Mamede. Carlos Lopes tirou da frente do pelotão na parte final para conseguir chegar ao triunfo e ao recorde mas uma ponta final fantástica de Mamede retirou-lhe essa possibilidade terminando em segundo. A relação entre Mamede e Lopes não era pacífica devido aos interesses mútuos nas provas e a um possível favorecimento da estrutura técnica do Sporting a Fernando Mamede em detrimento de si próprio. Mas sofreu um revés na sua preparação para a prova. Duas semanas antes de correr a maratona dos Jogos Olímpicos em 1984, Carlos Lopes é atropelado por um veículo de Lobato de Faria, na altura, candidato à presidência do Sporting. Colocou-se a sua presença em causa, mas Lopes com a sua tenacidade partiu combalido em busca de um sonho que parecia mais difícil de alcançar. Mas não. Não só conseguiu a medalha de ouro como estabeleceu um novo recorde da Maratona em Jogos Olímpicos até aos Jogos de Pequim, no ano de 2008. Em 1985, vence a maratona de Roterdão, estabelecendo a sua melhor marca pessoal e um novo recorde absoluto da maratona, com 2 horas, 7 minutos e 12 segundos. Neste ano, venceu o seu terceiro mundial de corta-mato, segundo consecutivo, ele que na pista levou as duas medalhas olímpicas e não conseguiu alcançar mais nenhuma seja em campeonatos do Mundo ou da Europa.

Carlos Lopes foi várias vezes condecorado. Em 1977, como Cavaleiro da Ordem do Infante D. Henrique. Antes dos Olímpicos de 1984 foi elevado a Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e depois da conquista da medalha de ouro, foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e em 1985, Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Actualmente, exerce cargo responsável dentro da estrutura das modalidades desportivas no Sporting Clube de Portugal.

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