Bullying Laboral

Bullying laboral é um fenómeno cada vez mais presente dentro das organizações, mas do qual ainda pouco se fala.

Conceito de Bullying laboral

Bullying laboral é um fenómeno cada vez mais presente dentro das organizações, mas do qual ainda pouco se fala. Verifica-se que, na maioria das empresas, ainda existe alguma dificuldade em separar comportamentos adequados e inadequados, razão pela qual, muitas vezes, a situação precária de um ou mais colaboradores, fica comprometida. Por esse motivo, é necessário compreender que tipo de conduta está ligada a este tipo de agressão.

De acordo com Sousa (2011), diz a literatura que o bullying laboral ou assédio moral no trabalho se define por comportamentos abusivos e humilhatórios como palavras, actos, gestos escritos ou outros meios de perturbar a personalidade, a dignidade, a integridade física ou psíquica em alguém, ao ponto de colocar a sua situação profissional em risco ou afectar o ambiente de trabalho.

Segundo Silva (2007) e Heloani (2004) o trabalhador está repetidamente sujeito a humilhações, sacrifícios, ameaças e outros tipos de agressões que comprometem a sua saúde física, mental, e, em situações extremas, o seu posto de trabalho.

Heloani (2004) considera ainda que o bullying laboral consiste em desqualificar a vítima de forma repetida, com vista a fragiliza-la, retirando-lhe poder, por considera-la uma ameaça.

A situação acontece maioritariamente de forma vertical do chefe para o subordinado, através de atitudes agressivas repetidas e de longa duração, em organizações que não estejam devidamente estruturadas, isto é, onde não existem regras claras e específicas (Sousa, 2011).

Contudo, Silva (2007) afirma que pode acontecer na horizontal, isto é, entre colegas que disputam o mesmo lugar, de forma mista, na vertical e na horizontal e de forma ascendente, ou seja, os subordinados assediam o superior.

Considera-se bullying laboral quando se trata de um comportamento abusivo de forma constante e dirigido sempre à mesma pessoa (Sousa, 2011).

A par disto, Silva (2007) faz ainda referência ao facto de o agressor ser alguém normalmente com problemas de álcool, drogas etc, que interferem com o seu relacionamento profissional.

Heloani (2004) refere personalidades narcisistas e destrutivas, inseguras sobre as suas competências e com dificuldades em aceitar as suas limitações, projectando-as nas suas vítimas.

Pode acontecer directamente, através dos exemplos acima mencionados, ou então indirectamente, quando o agressor lança rumores negativos acerca da vítima, provocando o seu isolamento (Sousa, 2011).

Normalmente acontece de forma gradual, com ataques subtis e quase imperceptíveis, subindo de escalada com atitudes mais agressivas como isolamento, humilhação pública e até no facto de exercer influência sobre os outros colaboradores, no sentido de os envolver nos actos de bullying (Sousa, 2011).

A situação leva o colaborador a um estado de sofrimento tão grave que se sente menos competente e a sua performance começa a ser afectada (Sousa, 2011).

Para Silva (2007) a vítima sente-se ainda ofendida, inferiorizada, constrangida e com a sua auto-estima afectada.

Sousa (2011) refere ainda que, uma das formas mais eficazes de evitar este fenómeno, é a elaboração de programas de formação para o estabelecimento de regras na gestão de equipas.

O bullying laboral pode acontecer ainda aos níveis individual (p.e. excesso de trabalho) ou em grupo, e em ambos temos presentes a intimidação e os maus tratos que provocam depressão, medo, ansiedade, traumas, baixa concentração, etc (Heloani, 2004; Sousa, 2011).

Existem ainda indivíduos mais propensos a serem vítimas de bullying laboral do que outros porque são mais fracos, mais inseguros e tendem a exercer as suas funções de forma incorrecta, embora possa acontecer com indivíduos que tenham uma boa performance (Silva, 2007).

Heloani (2004) corrobora esta ideia, referindo que estas vítimas costumam ser pessoas doentes ou frágeis, sinceras e que, devido à sua personalidade franca e transparente, não se deixam dominar pelos agressores, razão pela qual se tornam nos alvos preferidos.

De referir ainda que a maioria dos estudos aponta para as mulheres como principais alvos, quando comparadas com os homens (Silva, 2007), muito embora, as mulheres procurem também, mais frequentemente ajuda (Heloani, 2004), uma vez que os homens sentem a sua identidade masculina ferida.

Conclusão

Consideramos bullying laboral qualquer situação em que um indivíduo agride repetidamente outro dentro do ambiente de trabalho, seja através de humilhação, isolamento, comportamentos verbais e não verbais inadequados, etc. Habitualmente trata-se de agressores eles mesmos com problemas relacionados com personalidades narcísicas ou ainda com histórico de abuso de álcool, drogas, etc. quanto às vítimas, caracterizam-se por serem indivíduos mais frágeis, habitualmente sinceros e que não se deixam intimidar com facilidade, pelo que tendem a procurar defender-se. As mulheres são mais propensas a sofrer com bullying laboral, embora os homens, devido à sua masculinidade, sofram mais frequentemente em silêncio. Empresas cuja estrutura não está devidamente organizada, e em que não há regras devidamente claras, propiciam mais facilmente a situação de bullying aos seus colaboradores.

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References:

  • Heloani, R. (2004). ASSÉDIO MORAL UM ENSAIO SOBRE A EXPROPRIAÇÃO DA DIGNIDADE NO TRABALHO. RAE eletrônica. V.3, nº1, art 10. Acedido a 5 de Fevereiro de 2016 em http://www.scielo.br/pdf/raeel/v3n1/v3n1a12
  • Silva, P.C.C. (2007). ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO. Trabalho realizado no âmbito da cadeira Fontes de Informação Sociológica, 1º ano do 1º ciclo do curso de Sociologia. UNIVERSIDADE DE COIMBRA, Faculdade de Economia, Portugal. Acedido a 5 de Fevereiro de 2016 em http://www4.fe.uc.pt/fontes/trabalhos/2007003.pdf
  • Sousa, C.S.P. (2011). ASSÉDIO MORAL NO LOCAL DE TRABALHO. [em linha]. O PORTAL DOS PSICÓLOGOS. psicologia.pt. Acedido a 5 de Fevereiro de 2016 em http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0585.pdf
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