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Definição de comédia enquanto género cinematográfico
A comédia em cinema surge como um género que tem como principal função fazer rir. No entanto, a sua vertente vai além do riso, fazendo questionar, contrariar ou imitar as características/convenções 
de uma sociedade e/ou as características, emoções e sentimentos de uma pessoa. Analisando as estruturas dos filmes cómicos, geralmente as personagens têm duas vertentes: a física e a intelectual: física quando utiliza o corpo para criar cómico e uma vertente intelectual porque os diálogos surgem como uma batalha do intelecto.
Acredita-se que o primeiro filme cómico date de 1896 com o filme francês «L´Arroseus Arrosé», dos Irmãos Lumière. Nesta altura, sem recorrer ao som, as comédias mudas concentravam-se apenas no físico, aliando perseguições, quedas e partidas entre as personagens para provocar o riso de quem via.
Com o passar dos anos, a comédia ganhou mais dimensão e procurou a vertente intelectual. Já dizia Aristóteles que “a comédia é criativa, serve o intelecto”. A partir da «Tragédia» de Aristóteles, formaram-se teorias sobre o cómico. Nessas teorias encontramos a ideia de que a comédia utiliza uma linguagem comum e popular e que o pensamento cómico consiste em opiniões e provas e tem um efeito catártico através do prazer e do riso. Considera-se assim, que é possível “limpar” a sociedade através da identificação. Deste modo, começa a ser frequente recorrer aos estereótipos para conseguir fazer uma espécie de sermão e educação dos espectadores.
Subgénero: Comédia romântica
Como subgénero cómico, a comédia romântica ganha terreno ao conciliar o romance com o cómico. Neste género, o enredo obedece a determinadas características específicas: frequentemente retratam histórias de amor que no final terminam bem – o Happy End. Neste tipo de enredos, a comédia surge através de obstáculos e peripécias que afastam o casal amoroso porém são resolvidas no final, com o triunfo do amor. O diálogo entre as personagens assume um papel de extrema importância. Podem ser comédias românticas que apostam em jogos de palavras irónicos para apelar à inteligência, ou por outro lado, podem ser comédias que apelam ao simples tom humorístico apostando mais em erros, lapsos e desequilíbrios entre os personagens.
O clássico filme “Some Like It Hot” de Billy Wilder, é um bom exemplo do género comédia romântica ao reunir várias das características mencionadas. Existe um par amoroso, ao mesmo tempo que engloba elementos típicos do cómico: o uso do corpo, sendo os travestis um recurso de cómico físico, com o par apalhaçado – Daphne e Osgood, (inserindo-se na critica individualizada). Recorre também à sátira popular na medida em que ridiculariza os filmes de gangsters. Sabendo que a comédia ridiculariza pessoas e/ou sociedades, a critica feita neste filme vai para a discriminação entre sexos e a construção da diferença social recorrendo aos estereótipos das senhoras da sociedade e de músicos.
Em termos de enredo cómico o motor principal é a fuga e o consequente paralelismo entre dois casais num verdadeiro jogo de masculino e feminino. O principal mecanismo cómico é a perseguição e classifica-se como comédia romântica ao mostrar o desejo e o amor entre os sexos.
