Fanon, Frantz

Apresentação da vida e obra de Frantz Fanon, filósofo, psiquiatra e militante, nascido na Martinica francesa em 1925…

Biografia de Frantz Fanon

Frantz Fanon foi filósofo, psiquiatra e militante, nascido na Martinica francesa em 1925 e morreu, vítima de leucemia, na Argélia, em 1961, com apenas 36 anos. É um dos mais influentes e lidos activistas do 3º Mundo. Fanon teve como professor o poeta e intelectual Aimé Césaire, parte do movimento emergente da Negritude. Em 1944, junta-se ao Exército Livre francês na luta contra o Nazismo. Antes tinha já estado envolvido com a resistência contra o regime de Vichy nas Caraíbas. Durante a Guerra, embora lutando pela França, vivência o racismo do homem branco contra o homem negro, que ia marcar a toda a sua vida e obra. É condecorado duas vezes com a Croix de Guerre por bravura. Volta à França em 1947, após um breve período na Martinica, para estudar Medicina e Psiquiatria na Universidade de Lyon, defendendo a sua tese em 1951.

Publica o primeiro livro Pele Negra, Máscaras Brancas em 1952, onde relata a experiência vivida do racismo a partir da subjetividade negra e de uma perspectiva sociogénica, que procura confrontar as estruturas sociais responsáveis pela opressão e sofrimento. O livro relata o processo de internalização do complexo de inferioridade do Negro em relação ao Branco, que emerge de uma longa história de humilhação e alienação. Pode-se dizer que é o primeiro livro a analisar a psicologia do racismo e do colonialismo.

Com vontade de partir para África, escreve uma carta a Léopold Senghor, um dos expoentes da Negritude, inquirindo sobre a possibilidade trabalhar no Senegal. Não obtém resposta e em 1953, parte para Argel para trabalhar no hospital de Blida-Joinville, onde é influenciado por François Tosquelles, um psiquiatra espanhol com métodos inovadores. Aí lida com polícias franceses que sofriam de ansiedade por torturarem prisioneiros argelinos, como com aqueles que lutavam pela independência e experiência novamente o racismo, desta vez dos colonizadores franceses contra os Árabes argelinos.

A revolta argelina intensifica-se a partir de 1954, o que serve para radicalizar politicamente Fanon. Em 1956, com o intensificar da repressão francês na Argélia, abdica da sua posição e passa a trabalhar com a Frente de Libertação Nacional (FLN) da Argélia. Em 1957, após receber uma ordem de expulsão do Governo Francês, parte para Tunis, sede da FLN. Na capital da Tunísia trabalha como editor do jornal da revolução argelina El Moudjahid (“Combatente da Liberdade”), leciona na Universidade de Tunis e escreve um estudo sociológico da luta de independência argelina, intitulado Sociologia de uma revolução, onde descreve como o povo argelino se tornou uma força revolucionária capaz de repelir o governo colonizador. Neste período, viaja igualmente por toda a África para espalhar os ideias anti-coloniais e é embaixador no Gana.

Fanon adoece e tem de ser tratado em vários locais, como na União Soviética e nos EUA, para onde viaja contrariado, por ir para uma “nação de linchadores”. Antes, viaja por toda a África, procurando disseminar as suas ideias anticoloniais. No leito da morte escreve a sua obra mais famosa e discutida, um testamento deixado aos Condenados da Terra, título retirado do primeiro verso da Internacional e com o prefácio de Jean-Paul Sartre. No livro, além de analisar as condições sociais e económicas das populações oprimidas pelo colonialismo, oferece uma explicação das conexões entre colonialismo e a mente humana. Defende igualmente que “a descolonização é sempre um fenómeno violento” e que só uma quebra radical física e, sobretudo, intelectual podia terminar com o sistema colonial. Por esta crença, Fanon foi percebido como um profeta da violência, entre outros pela filósofa Hannah Arendt, uma visão que ignora a violência da própria ordem colonial, ou como disse Fanon, que o “Colonialismo é […] violência no seu estado natural”. Para o demonstrar, o capítulo final relata as complicações mentais da guerra colonial de alguns dos seus pacientes. O livro é um exemplo das ligações entre a mente humana e a política internacional e, por isso, é um manual para muitos estudantes e activistas.

Após a sua morte foi ainda editado Pela Revolução Africana, colectânea de textos escritos durante a luta pela independência argelina. Fanon, como autor, foi influenciado pela Fenomenologia, Freudianismo, Marxismo e Negritude, mas a sua obra não se limita a uma conjugação destas

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