O Haemophilus influenzae é um microrganismo em forma de bastonete, Gram-negativo, que é patogênico para o ser humano. Este organismo é aeróbio facultativo. O restritivo genérico desta bactéria, Haemophilus, significa que tem afinidade com o sangue, pois o Haemophilus influenzae requer um meio com sangue para poder crescer. A hematina encontrada no sangue é necessária para o sistema de citocromos da bactéria. O sangue também contém NAD+, necessário à atividade metabólica do Haemophilus influenzae.
A porta de entrada desta bactéria no organismo humano é o sistema respiratório. Esta bactéria ataca sobretudo os pulmões, geralmente em pessoas já debilitadas por uma gripe de origem viral. Desta forma, este microrganismo é um parasita humano obrigatório transmitido pela via respiratória. O fator de virulência desta bactéria está associado a duas características:
– Possuírem na sua estrutura uma cápsula que as envolve e protege. Existem seis tipos de cápsulas, designadas como A, B, C, D; E e F. A cápsula do tipo B é a mais associada à doença invasiva por Haemophilus influenzae em crianças, tais como a meningite ou a epiglotite. Contudo, existem estirpes desta espécie que não possuem cápsula, podendo, da mesma forma, colonizar o sistema respiratório de crianças e adultos, provocando apenas infeções locais, como a otite média em crianças e doenças respiratórias em adultos debilitados por doenças pulmonares já existentes, tal como a bronquite crônica devido a hábitos tabagistas ou uma recente gripe vital;
– Nos bébes e crianças entre os seis meses e os três anos de idade não existem anticorpos contra a cápsula desta bactéria. Embora o organismo materno possua anticorpos contra cápsula tipo B, adquiridos durante a vida, esta passa os mesmo ao feto através da placenta e da amamentação. Estes anticorpos adquiridos pelos recém-nascidos apenas ficam ativos durante seis meses. São necessários entre três a cinco anos de colonização e infeção pelo Haemophilus influenzae para que as crianças desenvolvam os seus próprios anticorpos. Desta forma, existe uma janela de tempo durante a qual as crianças são indefesas perante infeções desta bactéria.
A mais grave e agressiva infeção causada pelo Haemophilus influenzae do tipo B é a meningite. Após a inalação, este microrganismo invade os nódulos linfáticos e penetra na corrente sanguínea, atinge as meninges. Como os bébes não apresentam a rigidez da nuca, sinais não específicos como a febre, vômitos e alterações do estado mental são indícios de uma infeção por Haemophilus influenzae, que pode ser fatal. Embora o uso de antibióticos tenha reduzido as taxas de mortalidade, grande parte das crianças atacadas por esta bactéria podem vir a sofrer de danos neurológicos, como retardamento mental, surdez e deficiências mentais permanentes. Quando a meningite bacteriana é tratada com antibióticos, ocorre a lise das bactérias mortas, o que liberta antigénios celulares tais como o lípido A do LPS, que é uma endotoxina.A libertação adicional desta toxina no sangue tem como resultado uma violenta resposta do sistema imunitário que irá destruir não só as bactérias como as células nervosas do próprio organismo.
O Haemophilus influenzae pode ser o agente causador da epiglotite aguda, que é uma infeção rápida da epiglote, obstruindo as vias respiratórias e o esôfago. Após uma dor de garganta forte a criança é incapaz de engolir, havendo perda de sangue pela boca. A artrite séptica também pode ser causada por esta bactéria.
Estas infeções são rapidamente fatais sem uma terapia com antibióticos. A chave para o controlo destes organismos passa pela estimulação prematura de anticorpos protetores em crianças mais novas.
Este microrganismo pertence ao Filo Proteobacteria, Classe Gammaproteobacteria, Ordem Pasteurellales, Família Pasteurellaceae e Género Haemophilus. Esta bactéria foi identificada e descrita pela primeira vez em 1892 por Richard Pfeiffer.
