O que é o Sistema Muscular
O Sistema Muscular é o conjunto de todos os músculos do corpo dos animais, permitindo-lhes a realização de movimentos, a produção de calor, a postura e sustentação do corpo e o funcionamento de diversos órgãos, sendo constituído por três tipos de músculos, classificados de acordo com as suas características morfológicas e fisiológicas, nomeadamente: estriado, liso e cardíaco.
Figura 1– Organização do geral do músculo esquelético. (Randall, D., W. Burggren, K. French & R. Eckert, Animal Physiology: Mechanisms and Adaptations, 5th edition, 2001, Freeman, New York)
Músculos estriados esquléticos
Os músculos estriados esqueléticos são músculos de contração voluntária, cujos movimentos são controlados pela vontade do animal. São conectados com os ossos e cartilagens e, através das contrações, permitem os movimentos, as posições corporais, além de estabilizarem as articulações do organismo.
Nos músculos estriados podem ser observadas duas zonas distintas e alternadas entre si, uma zona clara e outra escura, resultando numa aparência estriada, daí a sua denominação. Os músculos estriados esqueléticos revestem os ossos das pernas, braços e coluna vertebral, são constituídos por feixes de células longas e multinucleadas, e estão relacionados com a contracção voluntária vigorosa e rápida (figura 1).
Músculo Estriado Cardíaco
O músculo estriado cardíaco ou músculo cardíaco é constituído por células alongadas e ramificadas, que se unem através de discos intercalares, formando uma rede. Este tipo de músculo está envolvido na contracção involuntária, responsável pelo bombeamento de sangue no coração.
Músculos Lisos (ou Não Estriados)
Os músculos lisos são constituídos por aglomerados de células fusiformes que envolvem os órgãos internos, e desempenham importantes funções nos movimentos digestivos e na regulação do diâmetro dos vasos sanguíneos. A sua contracção é involuntária, e lenta.
A contracção voluntária do músculo esquelético é possível divido à organização estrutural das células, estas formam um feixe de células esqueléticas denominadas miofibras ou fibras musculares. Cada fibra muscular encontra-se delimitada por uma membrana plasmática (sarcolema), estas fibras por sua vez são constituídas por fibrilhas musculares ou miofibrilhas, ordenadas paralelamente no interior da miofibra e com cerca de 1µm de diâmetro. Como foi referenciada acima, no músculo estriado encontramos duas zonas distintas; zona escura designada por banda A, e zona clara banda I, esta é dividida transversalmente por uma linha, denominada linha Z. Duas linhas Z consecutivas delimitam o sarcómero (figura 1), a unidade fundamental da contracção muscular. No interior da banda A encontra-se uma zona ainda mais clara designada por zona H, responsável pela secreção de enzimas como a creatinacinase importante para o metabolismo. A diferença de cor entre as bandas deve-se ao facto de ser constituída por proteínas distintas: a miosina, que forma os filamentos grossos das bandas A e H, os filamentos finos da banda I, e é constituída pela proteína actina.
Estes filamentos são responsáveis pela contracção muscular e encontram-se distribuídos uniformemente ao longo dos sarcómeros. A interpenetração de filamentos resulta da acção das pontes transversais constituídas pelas cabeças globulares da miosina. Essas pontes ligam os filamentos de actina, promovendo o deslizar desses filamentos para o interior do sarcómero, desligam-se e voltam a ligar-se, mas desta vez a um ponto do filamento de actina mais próximo da linha Z (figura 1).
É este encurtamento dos sarcómeros, gerado pela interpenetração de filamentos, que vai gerar tensão, mas nota-se que este passo não ocorre simultaneamente para todas as pontes transversais. Durante a contracção existe sempre uma fracção de pontes ligadas, de modo a manter permanentemente a tensão. Do ponto de vista energético, para o movimento das pontes transversais ocorrer dá-se a hidrólise de ATP. Visto que a contracção muscular consiste na interpenetração de filamentos de actina e miosina, esta tende a ser regulada por mecanismos fisiológicos que estimulem a despolarização da membrana plasmática, ou por acção hormonal. Neste caso é mediada pela concentração de Ca²+ citoplasmático, que apresenta concentrações baixas durante o repouso (cerca de 10-7M) e aumenta a sua concentração durante a contracção muscular.
References:
- Azevedo, Carlos (1994) Biologia Celular. LIDEL, Porto.
- Junqueira, L. C.; Carneiro, J. (2008) Histologia Básica texto e atlas. Guanabana Koogan, 11ª Edição, Rio de Janeiro, ISBN: 978-85-277-1402-0.
- Randall, David; Burggren, Warren; French, Kethleen. (2001) Eckert, Animal Physiology: Mechanisms and Adaptations, 5th edition, Freeman, New York.