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As invasões francesas
Navegadores franceses já haviam abordado o Brasil bem antes da primeira tentativa de estabelecimento da França Antártica, em 1555. Havia por parte dos normandos um interesse especial pelo comércio do pau-brasil assim como pelo comércio de outras riquezas do litoral brasileiro– que incluía desde o comércio do urucum até mesmo o comércio de papagaios e de outras espécies.
O atual Rio de Janeiro e sua baía atraíam os franceses de modo quase que obsessivo, não apenas pelo imenso litoral, mas também, pela enorme quantidade de portos naturais existentes. O rei francês, Francisco I já havia afirmado que não reconhecia a validade legal do Tratado de Tordesilhas que dividiria o mundo entre portugueses e espanhóis. Em suas palavras:’ – o sol nasceu para todos. Gostaria de ver a cláusula do Testamento de Adão que me exclui da partilha do mundo.’
A visão política do rei francês fomentou as expedições de reconhecimento enviadas por ele à América do Sul, dando início a expansão colonial francesa na América. Registros de 1504, poucos anos após a chegada dos portugueses ao litoral brasileiro, confirmam a investida francesa em Santa Catarina- quando o normando Paulmier de Goneville permaneceu por seis meses entre os Carijós.
Nos primeiros anos da ocupação portuguesa no litoral brasileiro, o governo- geral português demonstrava-se incapaz de evitar as investidas estrangeiras em seu território, que estava desprotegido. Mesmo os acordos assinados entre Dom João III e Francisco I em 1526 foram incapazes de conter as investidas dos corsários franceses no Brasil. Contudo, foi no governo do rei Henrique II (1557-1559) que os franceses buscaram efetivamente tirar proveito das descobertas feitas no Atlântico Sul.
Em 1555, a esquadra francesa do comandante Nicolas Durand de Villegaignon invadiu a baía da Guanabara e estabeleceu uma colônia de povoamento- a França Antártica.A França Antártica serviria de refúgio para os franceses huguenotes, perseguidos pelos católicos na França.No mesmo ano, fundaram o Forte Coligny.
O conflito entre portugueses e franceses durou 12 anos. Os franceses receberam apoio da Confederação dos Tamoios, que aliaram-se aos franceses por serem hostis aos portugueses.O confronto permaneceu até as forças francesas serem definitivamente expulsas pelas tropas do Governador- geral Estácio de Sá e de seu sobrinho Mem de Sá em 1567.
Outras investidas francesas em regiões brasileiras também foram contidas pelos portugueses. À exemplo tem-se a invasão à Paraíba (1584), Sergipe ( 1590), o Rio Grande do Norte em 1599 e o Ceará em 1603- de onde foram igualmente expulsos pelas tropas lusas. Em 1612, os franceses novamente invadiram o Brasil, desta vez, no Maranhão onde só foram expulsos três anos depois pelos portugueses. No Maranhão fundaram a França equinocial.
Ao longo do século XVI, dado o grande número de invasões estrangeiras no Brasil, não era possível afirmar com segurança que os portugueses detinham o domínio do litoral brasileiro.
As invasões Holandesas
Como consequência da União Ibérica ( 1580-1640), a América Portuguesa sofreu com muitas invasões estrangeiras, sobretudo as holandesas. A invasão holandesa em Salvador, até então a sede do governo-geral ocorreu em 1624. Os holandeses foram expulsos pelos portugueses no ano seguinte, em 1625.
As invasões holandesas foram consequência da declaração de guerra dos holandeses à Espanha, sua antiga metrópole. Com a União Ibérica, os espanhóis pretendiam excluir os holandeses do comércio do açúcar no Brasil.
Em 1630, os holandeses invadiram Pernambuco, a principal região produtora de açúcar do Brasil.Com as invasões, os holandeses procuraram restabelecer a participação no lucrativo comércio do açúcar. Com o objetivo de garantir um fluxo constante de mão de obra escrava negra africana para a lavoura açucareira pernambucana, os holandeses também investiram contra possessões portuguesas na África
Em Pernambuco, os holandeses estabeleceram seus domínios a partir do governo do príncipe Maurício de Nassau na região. Os holandeses estabeleceram a Companhia das Índias Ocidentais, principal instrumento da colonização holandesa na América.
Nem com o final da União Ibérica os holandeses abandonaram o controle açucareiro na América Portuguesa. Os portugueses então se aliaram aos ingleses e à elite pernambucana expulsando os holandeses definitivamente do território brasileiro, em 1654.
References:
DAHER, Andrea. O Brasil francês: As singularidades da França Equinocial. RJ: Civilização Brasileira, 2007.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de O trato dos viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul-Séculos XVI-XVII.São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
MARIZ Vasco & PROVENÇAL Lucien. Os franceses na Guanabara: Villegagnon e a França Antártica. RJ:Nova Fronteira, 2015.
LERY, Jean de .História de uma viagem feita à terra do Brasil (1578).- América- VolIII 0 Coleção Franceses no Brasil. RJ.Batel Editora 2009.
MEIRELES, Mário Martins. Holandeses no Maranhão: 1641 – 1644. São Luís: PPPG, Ed. Universidade Federal do Maranhão, 1991.