Nelson Mandela

Queríamos ser um movimento de massa, e então um dia um líder de massa entrou no meu escritório.”

Nelson Mandela

Walter Sisulu.

Conhecer Sisulu foi importante na vida de Mandela. Foi Sisulu que arranjou-lhe emprego de assistente de advogado na empresa judia Witkin, Sidelsky & Eidelman, os únicos que contratariam uma pessoa negra para este lugar. Graduou-se posteriormente na Universidade de Witwatersrand. Mais tarde inagurou junto com Oliver Tambo o primeiro escritório de advogados negro do país. No entanto, as leis eram parcamente aplicadas e a justiça pendia sempre para os brancos. Foi assim que percebeu a necessidade de lutar pelos direitos dos negros e entrou para o Congresso Nacional Africano.

Casou-se entretanto, em 1944 com Evelyn Mase, uma parente de Sisulu de quem teve quatro filhos. Esta união duraria apenas 12 anos e terminaria de modo muito traumático. Uma das filhas nascidas morreu aos 9 meses de idade.

Em 1946, junto com Sisulu e Tambo criam a Liga Juvenil do CNA com o objetivo de mudar a postura subserviente do partido face aos brancos. Assim, eles esperam que um homem tenha direito a um voto e não o que ocorria na época, em que 2 milhões de brancos dominavam a 8 milhões de negros. A popularidade de Mandela é crescente e em 1949 passou a integrar o Conselho Executivo do CNA. Contudo, a vitória do partido de direita nas eleições de 1948 tornaram a sua luta mais dura do que antes.

Em 1949, o governo aprovou o apartheid. A 26 de Junho de 1952  tem início a Campanha do Desafio, com o Dia do Protesto e Mandela torna-se seu porta-voz e chefe nacional; por todo o país os negros são convidados a usarem os espaços reservados aos brancos – em banheiros, escritórios públicos, correios, etc. – resultando na prisão de Mandela por dois dias, junto a outros companheiros de luta. Nelson Mandela foi preso várias vezes e passou vários dias encarcerado até que foi condenado junto com 19 companheiros com base na Lei de Repressão ao Comunismo, a uma pena de nove meses de trabalhos forçados, que foi suspensa por dois anos; recebeu também neste ano a primeira de várias ordens de interdição, que o proibiam de participar de atividades políticas. Foi neste ano também que Mandela fundou o escritório de advogados Mandela & Tambo, uma sociedade que durou até 1958. Foram atendidos centenas de casos em defesa dos interesses dos negros.

Em 1953, em Sophiatown, Mandela proferiu um discurso onde pela primeira vez disse que os tempos da resistência passiva haviam passado. Isso endureceu a resistência negra.

Este empenho pela luta enfraqueceu o seu casamento, e o mesmo dissolveu-se, isto no ano 1955. Ela queixava-se da falta de tempo do marido além de ser avessa à política. Ela entretanto tornara-se Testemunha de Jeová.

Em 1957, quando tem início a tramitação do Julgamento por Traição, Mandela é um advogado bem sucedido e divorciado, tornou-se um bon vivant: frequentava restaurantes, andava num carro americano importado. Foi neste automóvel que viu Winifred Zanyiwe Madikizela parada num ponto de autocarro fardada de enfermeira e ficou com sua imagem gravada na memória. Alguns dias depois, por acaso, ela apareceu no escritório, para tratar de uma causa. Começaram a sair e um dia ele mandou que fosse à costureira, para experimentar o vestido de noiva que mandara fazer: não houve um pedido de casamento. Ela tinha 22 anos e ele dezesseis anos a mais do que ela.

Em 1961 foi formado o Umkhonto we Sizwe, “Lança de uma Nação“, conhecido pela sigla “MK”, e funcionava como 0 braço armado do CNA, e Mandela foi o como primeiro comandante em chefe. Foi a resposta do movimento ao Massacre de Sharpeville. 

Segundo o próprio Mandela a instituição não poderia ser o começo de um militarismo; a organização deveria ser uma força militar totalmente subordinada a um órgão político central. O treino militar seria paralelo ao político, de forma a ficar bem definido que a revolução servia para tomar o poder, e não para habilitar atiradores.

O líder passa a ostentar uma barba, ao estilo do guerrilheiro Che Guevara, a vestir uniforme camuflado e dá início à campanha armada. Mandela torna-se um guerrilheiro, e aprende sobre a guerra no seu périplo por vários locais do mundo, enquanto é perseguido. Quando retorna para relatar aos líderes do CNA e do MK sobre o seu aprendizado é detido, em 5 de Agosto de 1962. Os próximos anos são passados na prisão. Foi solto apenas em 1990, já como um herói.

Em Julho de 1992 foi eleito presidente da África do Sul e no ano seguinte agraciado como prémio Nobel da Paz. Como presidente eliminou o apartheid, e mudou a face da África do Sul. Criou uma nova bandeira e um novo hino. Entretanto divorciou-se em 1996. O seu mandato acabou em 1999.

Em 2001 foi diagnosticado com cancro e começou os tratamentos. A sua saúde era então débil e assim permaneceu até à sua morte. Teve a oportunidade de assistir ao Mundial de 2010 na África do Sul, onde a sua bisneta faleceu vítima de um acidente de automóvel.

Viria a falecer em 5 de Dezembro de 2013. Na sua página de Facebook, foi colocada uma frase sua de 1996 em vários idiomas incluíndo o Português.

A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei pela eternidade.

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