A arte conceptual, também denominada por “arte da ideia”, saída de um ensaio de de Henry Flynt, justamente intitulado “Concept Art” em 1961, culmina todo um percurso de transformações da arte contemporânea que começou no Dadaísmo, no Abstraccionismo e no Informalismo.
A arte conceptual pode ser definida como uma forma de expressão que tenta evitar o estímulo óptico, a favor, dos processos intelectuais que o espectador é convidado a compartilhar com o artista. O artista Sol Lewitt, em 1967, definiu que a ideia ou conceito era o aspecto mais importante da obra.
A Arte conceptual (ou arte conceitual), define-se como o movimento artístico moderno ou contemporâneo que defende a superioridade das ideias veiculadas pela obra de arte, deixando os meios usados para a criar em segundo plano. Na Arte Conceptual, o mais importante é o conceito subjacente à obra, pelo que o valorizado é o processo mental e a reflexão sobre o trabalho.
“Na Arte conceptual o ‘conceito’ identificou-se com os processos e jogos, os projectos, as associações mentais – muitas vezes denominadas project art. Embora se reconhecesse a falta de uma forma estética, no sentido tradicional, na obra conceptual, verifica-se o enfatizar da importância do projecto, da ideia, da mensagem que se pretendia transmitir ao receptor, bem como do canal escolhido para a sua transmissão”. (NOGUEIRA, 2014. pg.88)
Valorizava-se o processo mental e a reflexão sobre o trabalho, a teoria ocupava o lugar da prática concreta. O trabalho coincidiu com a “reflexão sobre o trabalho” onde “a poética substituiu a poesia”. Por isso, muitas vezes, recorreu a referências e bases teóricas questionando: os fundamentos da arte; a colocação da obra de arte na sociedade; e o reconhecimento público do artista no seio da sociedade. Pôs em causa, a razão de existir e a função da arte, bem como a sua sobrevivência no século XX.
A ideia ou conceito da arte conceptual acaba por ser mais importante do que a própria obra em si, manifestando-se fisicamente, a partir de desenhos ou montagens fotográficas que descrevem o que a obra deveria ser se fosse realizada.
O conceptualismo aparece associado com a investigação discursiva adoptada a linguagem como suporte de transmissão, porque na arte conceptual, nem todas as ideias têm de se materializar. Porque por cada obra de arte que se materializa há muitas variações que não se materializam e se perdem. E o potencial expressivo das obras nunca executadas para o artista conceptual revela uma ausência e a precariedade do mundo.
A arte conceptual recorre frequentemente, além da fotografia e de textos, a mapas, esboços, e em alguns casos, reduz-se a um conjunto de instruções escritas que descrevem a obra. Desta forma, a arte conceptual procura articular os limites da arte formalista com a sua própria crítica, proclamando o fim do objecto e a preferência pelo meio, para captar a atenção do espectador.
Os artistas tentam, desta forma, mostrar a sua recusa em produzir objectos de luxo para serem vistos em museus e questionar as instituições que sustentam esse ideal de luxo e exclusividade da arte, que eles tanto recusam.
A obra de Joseph Kosuth «One and three chairs» de 1965 é um magnifico exemplo, desta forma de expressão artística, consistindo numa instalação formada por uma cadeira, a foto da mesma e um texto explicativo.
Este movimento artístico controverso, teve inicio e inspirou-se no trabalho e obra de Marcel Duchamp, considerado o precursor da arte conceptual, e teve como antecedentes remotos o Construtivismo e o Abstraccionismo e, mais recentemente, a Action Painting e o Informalismo.
Entre os autores que praticaram esta forma artística destacamos: Joseph Kosuth, Hans Haacke, Joseph Beuys, Keith Arnatt, John Cage, Nam June Paik, Wolf Vostell, Yoko Ono, Charlotte Moorman, Sol LeWitt, Genco Gulan, Yves Klein, Robert Barry e Denis Oppenheim, que se ligaria, sobretudo, à Land Art e à Instalação. Alguns deles enveredaram por outras formas de arte como: a Instalação, a Minimal Art, a Arte Pobre e a Land Art, expressando o protesto, a transgressão e o direito a uma criatividade individual.
References:
CHILVERS, Ian. Diccionario del arte del siglo XX. Editorial Complutense. Madrid, 2001.
NOGUEIRA, Isabel. Teoria da arte no século XX, 2ª Edição. Imprensa da Universidade de Coimbra / Coimbra University Press, 2014.
NOGUEIRA, Isabel. Artes plásticas e crítica de arte em Portugal. 2.ª edição. Imprensa da Universidade de Coimbra / Coimbra University Press, 2015.
OSBORNE, Peter. Conceptual Art: Themes and movements. Phaidon, London, 2002.
PRECKLER, Ana María. Historia del arte universal de los siglos XIX y XX, Volume 2. Editorial Complutense. 2003.
WOOD, Paul. Arte Conceptual – Movimentos de Arte Contemporânea. Editorial Presença, 2002.